Amor Proibido (Baseado em uma história real) Penúltimo capítulo.

Era uma manhã chuvosa de uma quarta-feira. Alice acorda com o sol invadindo as frestas da janela de seu quarto e atingindo seu rosto. São nove horas da manhã. Ela se levanta, vestida com um pijama vermelho, os cabelos despenteados e os olhos de quem acabara de despertar para mais um dia.

Já vestida e maquiada, Alice vai para a cozinha onde prepara o próprio café. Com uma xícara em mãos ela bebe um pequeno gole, deposita a xícara sobre a mesa, senta-se, corta um pão ao meio, passa requeijão, admira o pão por um segundo e dá uma mordida.

Alice pensa na vida. Pensa no noivo e pensa também em Esteban: será que ele ainda está no Brasil? Ou já se mandou pra outro canto no mundo? Alice está sozinha em casa. Desempregada ela fica responsável pelos afazeres domésticos enquanto a mãe trabalha como enfermeira em um hospital e a irmã está na escola, no oitavo período do ensino fundamental.

Toc toc. Alice levanta a sobrancelha, surpresa. Quem poderia ser à uma hora dessas? Não tinha marcado com ninguém, e não costumava receber visitas à uma hora como aquela. Caminhou lentamente segurando a xícara de café na mão direita.

- Já vai! - Ela gritou, após golpes insistentes na porta.

A maçaneta gira, a porta se abre, do outro lado está Esteban, a mochila rasgada pendurada nas costas, um cigarro preso atrás da orelha esquerda, um sorriso de cão sem dono no rosto e os longos cabelos negros soltos no vento.

- Olá! - Ele diz.

Ela não sabe o que fazer, mas ele sabe muito bem o que veio fazer ali. De pronto Esteban agarra Alice e a beija. Ela tenta se afastar, porém, não resiste, o desejo é mais forte do que ela.

Alice o empurra com tudo, Esteban cai sentado no sofá. Ela o olha com raiva, os braços cruzados, a cara de quem está nem um pouco satisfeita.

- Que audácia é essa, hein? - Indaga Alice.

- No entiendo...

- Você viu a merda que fez? Quer acabar com a minha vida, meu casamento?

- Quiero casarme contigo- Diz ele com seu olhar de cão sem dono.

- Estou noiva. Falei-te no Uruguai.

- Pero yo te amo. Y nuestras noches?

Alice respira fundo, parece que falta o ar.

- Eu não devia ter feito aquilo. Se arrependimento matasse eu já estaria enterrada há sete palmos debaixo da terra.

- No digas eso. Me gustó, también te gustó.

Esteban se levanta e vai em direção de Alice que se afasta.

- Eu amo o Daniel. É com ele quem eu vou me casar.

- Usted não lo ama! - Grita Esteban tentando se aproximar mais uma vez.

- Se você soubesse a mulher que eu era antes de conhecer o Daniel e a mulher que me tornei depois desses quatro anos ao lado, não diria uma besteira dessas.

Esteban caminha em direção à porta da sala que está aberta. Lá fora o sol está forte. É possível ouvir o barulho da rua, de pessoas indo e vindo, de carros entrando e saindo do prédio, de gente conversando, e o silêncio de quem precisa muito falar, mas que não tem nada a dizer.

- Entonces, porque se entrego a mí? Yo te amé cada segundo. Pero por lo visto no me amaste de la manera que te amé.

- Eu te amei sim, e por isso eu fiquei dividida. Mas eu decidi me casar com o Daniel porque ele é o homem da minha vida. Um cara que foi para o outro lado do mundo só pra me dar uma vida melhor que essa que eu tenho. Você não deve saber o que é amar alguém de verdade. Você é o típico carinha que vive levando essas garotas bobinhas pra cama...

- Mentira. No soy de esse tipo de hombre. – Diz ele aos berros.

- É sim. E eu fui uma idiota de ter transado com você.

- Pero te gustó, tanto que gritaba sin parar.

Um tapa no rosto e a marca dos dedos de Alice estampadas na cara de Esteban que fica sem reação.

- Some daqui Esteban. - Diz Alice aos berros enquanto empurra o segundo homem da sua vida para fora de sua casa. A porta se fecha. Tremendo, Alice pega um cigarro, vai até a varanda, dá uma tragada. Fumaça é jogada para ar, enquanto lágrimas escorrem teimosamente de seus olhos.

Fernando F Camargo
Enviado por Fernando F Camargo em 08/04/2019
Código do texto: T6618308
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