O AMOR É CEGO

A lua cheia estava a vista no céu recheado de estrelas outra vez. E na face de Laura escorria outra lágrima. Mais uma noite a pobre moça se via atormentada pela constante falta de emprego. Estava cheia de dividas. Estava cheia de dúvidas. Estava cheia de tristeza. Havia arrumado um namoro com um rapaz que somente lhe fez um filho e fugiu para um local que até hoje ela não faz ideia de onde seja. Seus pais não aceitaram sua gravidez. Então Laura saiu de casa com apenas 21 anos de idade, para alugar outra, pagando com as economias que lhe restaram da sua adolescência. Não havia nem começado faculdade, pois quis apenas concluir o ensino médio. E concluiu. Pensava como seria sua vida e a da outra que estava se gerando em seu ventre. Bebeu um gole do café com adoçante em sua caneca ilustrada de flores vermelhas. Foi ao banheiro, escovou os dentes, pegou uma coberta, deitou-se, cobrindo-se e as poucos foi pegando no sono.

Quando Laura abriu os olhos, era cerca de 07:00 horas da manhã. Logo levantou-se, foi ao banheiro, se arrumou como o de costume. Estilo básico. Calça jeans, camiseta branca e tênis bege. Rabo de cavalo, batom nude, delineado gatinho e um toque da sua colônia de rosas. Foi ao café que era mais em conta na sua cidade, tomou um capuccino e aproveitando que já estava alí, perguntou se tinha vaga para algum trabalho. Por sorte, tinha sim, Laura ficou com a função de servir os clientes. Garçonete. E como ela ficou feliz por isso. Seu primeiro emprego. Seu primeiro salário. E quem sabe uma chance de aos pouquinhos mudar sua vida para melhor. Começaria no dia seguinte. E fez questão de fazer o seu último dia sem antes saber o que é suar para ganhar o pão de cada dia, amenamente.

E o sol amanheceu outra vez, a moça acordou cedo e partiu trabalho. Ao servir o cliente que havia pedido café com leite e pãozinhos de queijo. Sentiu seu coração acelerar e acabou tremendo as mãos um pouco. Ele percebeu. Mas era um advogado com tantas causas para resolver que a primeira coisa que lhe veio na mente foi perguntar se ela estava se sentindo bem. Ela disse que sim, estava se sentindo bem. Talvez, só impressão dele. Ele não acreditou, e quando ela já ia saindo, o jovem advogado levantou-se de sua cadeira e segurou levemente o pulso de Laura. Percebendo também suas bochechas coradas e pupilas dilatadas. Se era uma coisa que ela não conseguia disfarçar, era quando gostava de verdade de alguém. Por um momento, os assuntos de trabalho lhe fugiram e começou lhe aparecer os mesmos sintomas de Laura. E sem pensar duas vezes, ele a tomou nos braços e lhe deu um beijo. Não havia se preocupado da onde ela era, aonde vivia, qual era sua idade, qual era seu nome. O amor é cego. Porém ela, ao sair de seus braços, disse repetidas vezes que aquilo não deveria ter acontecido. Ela estava trabalhando. Já tinha sido enganada por um homem uma vez, não desejava outra. E ele disse que não iria engana-lá, estava apaixonado por ela com toda força de seu coração. Ela então pediu para que ele provasse. E ele provou. E no fundo, Laura estava perdidamente apaixonada. Mas não era só ela que sofreria consequências se ele também a enganasse, havia seu filho em jogo. Uma semana depois, Laura e "Henrique" como se chamava o advogado, se casaram no civil e quando a criança nasceu, ele assumiu a paternidade dando seu sobrenome ao filho de sua mulher e todo o carinho que poderia dar. Alguns meses depois, casaram na Igreja. E passaram o resto de suas vidas se amando como na primeira vez que se viram.

SENHORITARED
Enviado por SENHORITARED em 06/04/2019
Reeditado em 06/04/2019
Código do texto: T6617189
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