A Arte da Frustração Amorosa

Entrei empolgado naquela sala de aula, com uma pasta debaixo do braço direito onde levava algumas folhas brancas, um lápis, um apontador, e uma borracha. Era meu primeiro dia na aula de desenho. Notei que comigo eram apenas dois alunos na sala.

A professora colocou uma maçã sobre a mesa e pediu para que nós a desenhássemos. Comecei observando-a para ver bem as medidas e então notei uma garota que entrou na sala e sentou do outro lado. Era mais uma aluna. Alguma coisa nela me chamou a atenção. Tentei olhar para ela disfarçado para que ninguém notasse. Ela era linda.

No fim da aula sai logo após aquela linda garota, que devia ter seus dezoito anos, notando as curvas de seu corpo sob a blusinha rosa apertada e a calça jeans. Seus cabelos longos pretos. Senti-me atraído.

Na aula da semana seguinte lá estava eu esperando a chegada daquela garota na sala. Estava mais ansioso por vê-la do que com a própria aula. E então ela chegou com seu charme atrasada novamente, fazendo meu coração bater mais acelerado.

A professora explicava coisas sobre perspectiva, luzes e sombras e eu só conseguia pensar naquela garota, sentada do outro lado da sala. Como faria eu, um rapaz tão tímido para me aproximar dela? Não fazia a menor idéia. Talvez seria mais um amor platônico que viveria apenas em minha cabeça.

Ao fim da aula sai como de costume, mas para minha supresa a garota se aproximou:

- Olá, qual seu nome?

- Arthur. E o seu?- retruquei com o coração batendo descompassado.

-Elisa- disse ela com um sorriso tímido no rosto- Você está gostando das aulas?

-Sim. E você?

E começamos a caminhar pela rua conversando. Eu mal podia acreditar que estava conversando com ela. Não foi preciso esforço, foi ela quem tomou iniciativa. Talvez estava também interessada em mim.

Ela me acompanhou até o ponto onde eu pegaria o ônibus para minha casa, e lá ficamos conversando sobre vários assuntos, como arte e séries. Era incrível como não faltava papo para nós, poderíamos ficar o dia inteiro ali conversando que ainda sobraria assunto. Infelizmente meu ônibus chegou e tive que me despedir.

Naquela semana não consegui pensar em outra coisa, queria que chegasse logo a próxima aula para que nós pudéssemos conversar novamente. Mas a semana parecia passar em câmera lenta. Eu tinha que tomar alguma iniciativa o mais rápido possível, queria beijar sua boca logo.

No fim da próxima aula lá estava eu e Elisa novamente, no ponto de ônibus conversando. Eu estava encantado com ela, queria me aproximar mais, tinha medo de nunca mais vê-la, então quando ela se despediu, pedi o número de seu celular. Ela me passou. Na minha cabeça eu pensava :“preciso tomar uma atitude “, e então quando fomos nos despedir , beijei sua boca. E como diz a música: “beijei seus lábios e parti seu coração”.

- Você está tremendo- disse ela se despedindo e indo embora.

Entrei no ônibus e fiquei pensando: ela não gostou de minha atitude.

Recebi um telefonema da escola naquela semana dizendo que a professora de artes iria se mudar de cidade e nossas aulas de desenho teriam que dar uma pausa até que a escola encontrasse outro professor disponível, o que seria difícil em nossa pequena cidade.

E agora? Onde eu iria ver Elisa? Resolvi ligar para ela, que nunca me atendeu. Então mandei uma mensagem perguntando se ela ficara desapontada com meu beijo, e se queria me ver novamente. Ela demorou, mas um dia me respondeu:

“ Não posso mais te ver , estou muito ocupa com os estudos, e sobre o beijo, você foi muito precipitado.”

FIM

Higor Santos
Enviado por Higor Santos em 18/03/2019
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