Só não te amo mais...
Ela estava sentada na praia com um livro aberto no colo, sem tocá-lo com os olhos espaçados no mar. Um mar de águas muito verdes, afinal o mar de santa Catarina era belo como os primeiros meses de qualquer amor, antes do enfado chegar. Ele, ao lado dela, mas ao mesmo tempo tão distante, quase nem se falavam mais, pouco tinham a dizer, o silêncio se tornava o porto seguro deles. Às vezes, ele dizia que ela era o amor da vida dele, que envelheceriam juntos, mas ela sabia que era uma mentira para enfeitar o dia vazio deles. Ele, talvez, não notasse a insatisfação continua dela, os olhos dançando por outros corpos, o tédio constante nos olhos negros já sem o brilho costumeiro. Não, ele não enxergava nada era um doido dentro do seu narcisismo doentio. Foram sete anos juntos, fora seu primeiro amor, mas ela não queria mais, se perdera dentro do seu submundo particular, ele nunca enxergara nada, egocêntrico como ele era. Dar a adeus a ele era o seu duelo final. Sabia que sem ele viria uma imensa solidão, ainda assim, ela queria ser sozinha, sair vagando pela cidade sem compromisso ou horário. Queria ser livre, queria acordar na sua cama grande sem braços e pernas que mais pareciam pesadas correntes sobre ela.
Talvez lhe dissesse aquela grande mentira dos covardes:- Preciso de um tempo para pensar!