Livre
Aterrorizada, Madó decidiu ficar no banzelo.
O amor era grande, mas continuar atrás do Joaquim não adiantaria mesmo nada, sabia ela.
Ir atrás daquele bolo fofo, mais do que gastar as fitas das havaianas, seria perda de tempo e ausência de desejo próprio.
Interesse ainda reinava, se soubesse não casava, se pudesse até o matava, mil coisas processava.
Foi trocada pelas prostitutas do bairro, devido ao pouco tempo que tinha de fazer amor. Chegava à casa exausta e com a cabeça a milhas, desdenhando distracções como os planos de fazer filhos.
Madofolo, alguns gozavam, trabalhava muito. Havia empregada em casa, seu tempo era curto. Era quando roubava um tempo para si que o marido ali não se encontrava.
Quando a vontade batia e não tinha onde se sentar, chamava umas amigas e acertavam bebedeira em qualquer bar.
Ora, o medo de deixar de sentir falta e perceber que nada mais sente foi o que a motivara a tentar reatar os laços com o Quim.
A traição doeu demais. E embora quisesse muito esquecer e voltar para trás, Madalena, como diz o seu Bilhete de Identidade, percebeu que finalmente poderia viver em paz.