UMA ESTORIA DE AMOR
ENSAIOS LITERÁRIOS DE ROBERTO CARLOS CARDOZO
“CONTOS”
UMA ESTORIA DE AMOR
Uma Estória de Amor.
Mario Escudiero era um homem fora do comum. Dizer que ele era feio seria um exagero, mas dizer-se que ele era um homem bonito, também seria um contra-senso. Em fim, era um homem comum, fisionomia sem qualquer traço fino. Mas ele era excepcionalmente, cativante, simpático e comunicativo. Aos seus 40 anos, ainda solteiro. Quando lhe perguntavam, quando iria casa, dizia que quando encontrasse a mulher que estava procurando a mais de 20 anos.
Escudiero as 13:00 horas, dirigia lá pelas bandas da PUC, indo para banco, onde trabalhava como gerente de serviços. Quando para em um semáforo, logo no inicio da Av. Ipiranga. O sinal passara para o vermelho, obrigando-o a parar. Ao seu lado outro carro também para. Ele olha de rabo de olho, e vê uma impressionante mulher, alguém que no primeiro momento, lhe pareceu conhecida de algum lugar. Ela olhou para ele frontalmente, estimulando-o a encará-la, um belo sorriso ela esboçou, ele por sua vez abriu um grande sorriso. Acenou com um leve movimento de cabeça, ao qual ela correspondeu com um aceno de mão. No momento o que lhe veio à mente, foi exibir o telefone celular. Mas o tempo inexorável passou e o sinal abriu, os carros tornaram a se movimentar. Escudiero tenta segui-la, ela por sua vez tenta entrar para a direita para estacionar, mas o transito na Ipiranga na hora do ruche é um verdadeiro caos. Nem ele conseguiu segui-la, nem ela conseguiu ir para direita e estacionar. Quando ambos foram obrigados a parar duas sinaleiras à frente. Um não conseguia ver o outro.
Luana Manfredo, Uma jovem advogada que naquele momento se dirigia para a Justiça do Trabalho. Aos seus 35 anos, dos quais exercia a profissão de advogada a mais de 10 anos. Até então não tinha encontrado alguém que realmente lhe interessasse. E, quando finalmente encontrou, a situação lhes fora desfavorável, um transito caótico não permitiu que eles sequer se falassem.
Na audiência, Luana parecia estar distante, coisa que nunca acontecera antes, levando o Magistrado a chamar-lhe a atenção, em dado momento em que deveria argüir em defesa de seu cliente. Aquele homem sorridente e simpático, nem feio nem bonito, um homem com um porte atlético, cabelos tendendo a grisalho. Um bigode bem traçado, lábio grossos e um par de olhos castanhos escuros. Pena que não tive a idéia de pegar o número da placa do carro! Poderia localizá-lo através do DETRAN. Pensou ela.
Escudiero chega ao banco, seu humor como sempre estava bom, porém estava um tanto meditabundo, por isso pensava: Que raio de transito, perdi a única mulher que me balançou até hoje. Bolas como vou encontrá-la? As únicas coisas que tenho na lembrança, é o Corsa cinza, deve haver mais de umas centenas em Porto Alegre. E, aquele sorriso.
- Hei! Senhor Pode me atender? Disse o cliente que estava a mais de 10 minutos a sua frente, sem ser visto.
- Desculpe senhor é, que eu hoje encontrei a mulher mais linda que conheci em todos a minha vida, ela sorriu para mim, eu sorri para ela, o sinal abriu e eu a perdi, sem tela sequer conhecido. Por isso estou pensativo e não o vi sentar-se a minha frente. Desculpe?
- Não se preocupe, eu entendo perfeitamente como está se sentindo! Tirou a placa do carro?
- Não, não consegui, um carro me fechou e eu não tive tempo de nada.
- Eu não lembro direito, mas me parece que foi numa propaganda, que em um caso semelhante, o homem jogou o celular no conversível da dama.
- Eu cheguei a mostrar o celular para ela, até nem sei por que fiz isso.
O dia correu de forma normal, porem, Mário procurara se concentrar nos afazeres, mas foi na hora do cafezinho, que ele encontrou com uma das colegas que era formada em matemática:
- Oi Guilhermina tudo bem?
- Escudiero! Como é que você está?
- Mal!
- Não diga! Que bicho te mordeu?
Mário Escudiero lhe contou toda a estória nos mínimos detalhes.
- Agora tu como matemático que és, vais ter de me ajudar a solucionar este problema!
- Bom Mário, matemático não é adivinho, eu posso calcular a probabilidade de tu voltares a encontrá-la novamente. Deixa-me ver! Porto Alegre tem cerca de 1.000.000 de habitantes, dos quais 20% possuem carro. São 200.000 carros. É isso ai é melhor tu jogares na sena que terás 5% mais chances do que encontrá-la novamente em idênticas condições.
- Grande ajuda, por isso que dizem que os matemáticos só complicam! Deu uma batidinha no ombro de Guilhermina e foi para o seu posto de trabalho.
Cerca de 2 horas mais tarde, o telefone interno toca, era Guilhermina.
- Oi é Gui pode falar? Mário! Eu estive pensando, esse é um bom desafio para um matemático, não achas?
- Sim, sim, eu acho que tu como matemático podes me ajudar a resolver esse problema.
- Bom, eu só quero ti dizer que estou pensando no problema, até agora não tenho nenhuma idéia, mas estou pensando. OK.
Enquanto isso Luana, acabara de deixar uma audiência pesada, daquelas com grande tensão para as partes conflitantes. Como estava um tanto fadigada, resolveu ir até o shop Praia de Belas, para descansar um pouco. Lá chegando encontra um colega de banca, que também fora tomar um refrigerante.
- Oi Lu! Vem sentar comigo.
- Que dia extenuante!
Luana ajeita o abundante cabelo castanho claro, tirando-o de sobre os ombros, toma um gole de refrigerante. Martinho que a olhava com admiração lhe disse:
- Lu o que há com você, me parece um tanto preocupada.
- E, estou, Conheci um homem que me interessou demais, sabe como é balançou na primeira vista, coisa que jamais aconteceu até então. Mas não dei sorte, estávamos no transito e nos perdemos, somente restaram recordações.
- Mas Luana, vocês esta me dizendo que apenas viu o tal rapaz no transito. E, ele lhe causou tal influência no seu bem estar? Isso é coisa rara de acontecer.
- É isso ai, Martinho! Até hoje não encontrei ninguém que realmente me interessasse de verdade, quando encontro, o perco no mesmo momento. Nossa relação foi ocular e durou apenas o tempo de uma troca de sinal de transito. Veja só que absurdo! Mas para o que não há remédio remediado está, e só tocar a vida para frente, que, sabe de repente ele surge novamente a minha frente.
- É Luana, como você sabe, eu sou apaixonado por você, mas, nunca me deste uma oportunidade.....
Terminado os refrigerantes, ambos seguiram o seu destino. Martinho ao se despedir disse:
- Luana! Sabes que podes contar comigo, sempre em qualquer situação.
- Sei disso obrigada, você é um grande amigo.
Alguns dias mais tarde, Escudiero chegou ao seu posto de trabalho, olha sobre a mesa e vê um bilhete que dizia: Vá falar comigo, Gui.
Nem chega a sentar, vai logo ter com a matemática. Lá chegando.
- E dai? Achaste uma resposta para o meu problema?
- Não uma resposta, mas trabalhei para diminuir a probabilidade.
- Sim, sim, me diz como é?
- Como eu disse a probabilidade, é relativa, devemos considerar os eventos em separados. No seu caso, a probabilidade dela passar pela rua Ipiranga novamente é bastante grande.
- Então devo permanecer parado na rua abanando para todos os carros?
- Nada disso, quem dirige está atento ao transito, ainda mais na Ipiranga. Mas todos estão atentos aos semáforos! Ou não?
Sim, continue, disse ansioso, continue.
- Se você colocar um cartaz, no sentido transversal da rua, na frente dos semáforos, se ela passar pela Avenida, certamente irá ler o cartaz, isto é se parar nesse sinal. Caso contrário não terá tempo de lê-lo.
Mas eu fui mais longe, disse Guilhermina.
- Nesse cartaz você pode colocar uma mensagem que somente ele entenderá:
“Gol Branco para Corsa cinza meu telefone é .........”
- Grande Gui! Por isso que ser matemático não para qualquer um. Tu és uma gênia. Deu-lhe um beijo na testa e saiu.
Pegou o telefone e ligou para o setor de transito da prefeitura de Porto Alegre.
- Alo, por favor!O setor de transito!
- Romero as suas ordens:
- Boa tarde Sr. Romero, eu desejo uma informação.
- Diga Sr.
- O que é necessário para que eu possa colocar um cartaz, mais ou menos com um metros de largura e uns dez de comprimento, na Av. Ipiranga, na frente de um dos semáforos e no sentido transversal a rua?.
- Sr. Está brincando não?
- Não senhor! Estou falando sério!
- Como é o seu nome?
- Mário, Mario Escudiero.
- Sr. Mário! Imagine que todos os que quisessem fazer uma anuncio utilizasse esse meio de comunicação, a cidade seria coberta de cartazes, não acha? Definitivamente não é possível.
- Muito obrigado Sr.!
Desliga o telefone, liga logo em seguida para Gui e diz:
- Oi Gui, nada feito não é possível colocar um cartaz na Av. Ipiranga. É proibido.
- Não esquenta Mário, eu tenho um amigo que é vereador, ele dá um jeito nisso. Deixa Comigo!
O amigo vereador de Guilhermina, relutante em aceitar o caso. Pois tinha de entrar com um projeto na câmara, e, alem disso teria de convencer a maioria a votar na moção.
Mas o único argumento disponível foi a própria estória de Escudiero, que poderia ver sua vida passar sem haver encontrado a sua alma gêmea, apenas por ser o transito de Porto Alegre um verdadeiro caos.
Com grande polêmica e discursos acalorados, tanto contra como a favor, foi posta em votação, obtendo aprovação por diferença de apenas um voto. Agora passaria pela sansão do prefeito, que se após uma grande discussão com o vereador titular da proposição, sensibilizou pela estória e aprovou. O cartaz poderia ser colocado em uma das sinaleiras da Av. Ipiranga, e, apenas em uma sinaleira, nada mais. O reporte da TV. Guaíba que dá plantão na câmara de vereadores, interessou-se pela matéria e levou-a até o programa Câmara 2, onde o professor Clovis assim colocou o fato:
- Vejam os senhores e as senhoras, a câmara de vereadores, aprovou um proposta para que fosse permitido a colocação de um cartaz, no sentido transversal, em plena Av. Ipiranga. Sabem o que dirá esse cartaz? Não e brincadeira, está aqui no projeto aprovado, Gol branco, quer se comunicar com Corsa cinza, pelo telefone 99845678.
Deu um sorrisinho e repetiu 99845678.
O Cartaz foi colocado, no sentido transversal e na frente de uma das sinaleiras. O telefone celular de Mario Escudiero,não parava de chamar.
- Alo, Aqui é o corça cinza, quer dar uma voltinha comigo. Disse um engraçadinho.
Mario logo desliga o telefone, assim, de minuto a minuto o telefone toca, não o deixando fazer nada.
As 12:00 o Jornal do Almoço da RBS, comentário do Lasie Martins:
- Pasmem os senhores, a câmara de vereadores de Porto Alegre, pelo Srs.vereadores, que lá estão para fazer leis municipais, pois se trata do legislativo municipal, portanto para legislar, friso mais uma vez, fazer leis. Pela maioria simples, metade mais um, aprovaram um projeto que permite um determinado cidadão, colocar um cartaz em plena Av. Ipiranga, a procura do seu amor. Uma moça que eles viu por uma única vez, ao parar em um semáforo. Sabem qual a argumentação principal, que o transito da capital é um caos e, dessa forma não permitiu que ambos se encontrassem. O homem alega não haver podido segui-la. O cartaz, que lá está colocado diz simplesmente: Gol branco, quer se comunicar com Corsa cinza, pelo telefone 99845678. E, viva o amor fone 99845678. Uma boa tarde.
E, o telefone celular 99845678 não para de tocar. Uma voz masculina diz: Alo querido, eu tenho um corça cinza e muito amor para te dar. Ele desliga o telefone. Outra diz : Meu amor, te encontrei de novo, o meu corça esta com saudades do teu gol. Desliga. Já devia ser o centésimo nono telefonema, ele atende:
- Genial a tua idéia, agora podemos nos encontrar, sem sinaleiras e muito longe da Av. Ipiranga.
Finalmente era ela!
- Quero encontrar-me contigo agora mesmo, onde podemos nos encontrar?
- Para ser mais romântico, sugiro um encontro hoje à noite no restaurante Saci, às 20 horas, esta bem para ti?
- Não, agora são apenas 14 horas, como vou esperar até as 20 horas, não é possível.
- Dentro de 5 minutos vou entrar em audiência. Você não sabe mas sou uma advogada militante.
- Eu me chamo Mário Escudiero, sou Gerente do Banco do .............. , Posso sair neste momento para encontrá-la. Mas acho melhor não atrapalhá-la.
- Eu me chamo Luana Manfredo, estarei esperando-o as 20 hora. Até lá.
Encontrar-se-iam no restaurante somente às 20 horas, essas seriam as horas mais longa de sua vida.
- Da licença Sr. Mário.
- Sim!
- Estão ai fora, um jornalista e um cinegrafista, querem falar com o senhor.
- Sobre o que é ?
- Fiz-lhes a pergunta disseram que era sobre o cartaz.
- Atenderei na sala de reuniões.
- Boa tarde Sr. Somos da RBS, e queremos uma matéria sobre o cartaz. O senhor é o cidadão que colocou o cartaz?
- Sim, me chamo Mario Escudiero, sou gerente deste banco. O Sr. Quer que eu exponha a minha história a todo o publico. É isso?
- Certamente, porem haverá compensações, pela repercussão que está tendo o caso, vocês podem ir parar no Programa do Faustão.
- Eu não posso resolver nada sozinho, sob pena de tornar tudo nulo. Um momento que vou telefonar para ela. Ó! Esta desligado! Provavelmente ela esteja ainda em audiência.
- Nos podemos esperar o tempo que for necessário.
- Acontece que eu estou em pleno expediente, estejam à vontade que eu continuarei a trabalhar. Assim que ela ligar, atendendo o meu chamado, eu voltarei a ter com os senhores.
Uma hora mais tarde Escudiero adentra na sala de reunião onde estavam os dois agentes da RBS. Falei com Luana, ela concorda em darmos uma entrevista, para a RBS. Somente em consideração ao comentário do Lasie Martins, sem o qual, talvez não tivesse me encontrado com tanta rapidez.
As 19:50, Escudiero, já estava sentado em uma das mesas do restaurante Saci, a decoração em vermelho, cor do time do Internacional, toalhas vermelhas, garçons todos com trajes vermelhos, guardanapos vermelhos. O pessoal da RBS, já estava a postos, com iluminação adequada a gravação em vídeo do evento que iria ocorrer.
As 20:00 precisamente, adentra pelo acesso principal, Luana Manfredo, um traje longo e negro, cabelos esvoaçantes, um broche pendente por uma corrente, alojado na junção entre os dois fartos seios.
Ao vela entrar, Mario Escudiero se levanta e vai ao seu encontro. As câmaras da RBS não perdem um só momento. Quando estavam próximos, Luana estende a mão direita, Mário a pega e coloca-lhe um osculo no dorso da mão em sinal de respeito. Logo após, abraça-a. Ambos permanecem por alguns instantes abraçados, corações batendo contra coração, logo após se afastam e, olhos fitando olhos, como hipnotizados, mais alguns segundos. Mário quebra o silêncio e diz:
- Finalmente a encontro minha querida.
Luana responde:
- Eu sempre tive esperança de voltar a vê-lo. Jamais alguém me causou tal fascínio. O jantar com entrevistas aos jornalistas, ocorreu sem muitas intimidades do casal, finalmente chegou a hora do término da entrevista e o casal pode ficar a sós.
- Luana! Como já lhe disse rapidamente, sou gerente de um banco, tenho 40 anos, solteiríssimo, moro com a minha mãe, que certamente ira gostar muito de você. Sou um homem pacato, gosto de cinema, teatro, leio muito e nas horas de lazer torço pelo Inter.
- Eu sou extrovertida, gosto de praia, curto a noite e sou advogadas, a ordem dos fatores está correta, primeiro em meu lema é viver a vida e depois o trabalho. Trabalho para poder viver e não vivo para o trabalho. Meus pais são do interior, eu moro em Porto Alegre, sozinha, dês dos tempo de faculdade.
Assim, Luana e Mário iniciaram o namoro, Luana caliente e Mario morno. Luana ligeira, Mário meio parado. Tinham poucas coisas em comum, o melhor, divergiam em quase tudo.
- Mário! Vamos ao meu apartamento?
Ele ficou embaraçado, e, disse:
- Bem eu acho, que está tarde, quem sabe um outro dia? Eu não avisei a minha mãe que iria chegar tão tarde.
- Quem sabe a manhã? Disse Luana. Como cada um estava em um carro, se despediram com um beijo, quando Luana disse:
- Me telefona amanhã!
- Alo! Luana!
- É Mário ! Qual é o programa para hoje?
- Após as 19 horas o que você quiser!
- Sugiro jantarmos com a minha mãe, ela cozinha bem pra caramba.
- Topo, mas antes você vai conhecer o meu apartamento. Depois vamos conhecer a tua mãe.
- Então estarei no teu apartamento às 19 horas. Beijos!
Às 19 horas pontualmente, Mário chega ao apartamento conforme combinado, trazendo um buquê de flores. Luana abre a porta, ele com o ramos de flores nas costas. Ela agarra-o pelo pescoço e lhe dá um beijo na boca, ao qual Mario responde a altura. Após o longo beijo, ele lhe oferece as flores, ela diz:
- Não precisava te incomodar, meu bem! Apanha o ramo de flores e o leva a cozinha para colocá-las em um vaso. Volta, pega Mário pela mão sai com ele pelo apartamento mostrando os cômodos. Com muita espontaneidade, Luana faz com que Mario se ponha a vontade, ajudando-o a retirar o paletó, e pergunta:
- Quer tomar um banho, aqui fica o banheiro.
- Não é necessário, tomo quando chegarmos em minha casa.
Luana não lhe dá ouvidos e começa a ajudá-lo a tirar a roupa. Mário fica acanhado, e Luana percebe o seu embaraço e o deixa sozinho no chuveiro. Terminado o banho, ele veste um roupão que Luana lhe havia emprestado. Sai do banheiro e lê um cartaz que diz:
“ siga as setas no assoalho”. Ele as segue e chega ao quarto, onde está Luana deitada na cama como tinha vindo ao mundo.
Ele fica embaraçado, não sabe se deve ou não tirar o chambre, resolve sentar-se ao lado da cama e acariciá-la. Luana nota o embaraço de Mário, que a beija com carinho, mas com muita parcimônia. Mário para e diz:
- Devo ligar para a mamãe, dizendo-lhe de vamos demorar um pouco.
Afasta-se. E,Luana pensa em uma cena quase semelhante.
LUANA:
Tinha chegado do interior para estudar em Porto Alegre. Na casa do estudante acabara de conhecer algumas colegas de faculdade, que lhes informaram sobre as despesas que teria com a faculdade, era apenas o triplo do que seu pai seria capaz de gastar com ela.
- E, como eu consigo um emprego? O que o meu pai pode me mandar não vai chegar! Uma das colegas lhe diz:
- Depois de que estiveres no meio do curso, podes conseguir alguns alunos que estiverem iniciando, poderás também dar aulas em curso de pré-vestibular. Mas agora que estais iniciando, tudo fica muito difícil!
Luana começou a fazer as contas: Alimentação, higiene, transportes, material escolar, condomínio da casa do estudante e vestuário, tudo perfazendo em torno de R$ 1.200,00 por mês. Seu pai lhe enviaria R$ 400,00. Conclui que terá de conseguir um emprego que lhe renda no mínimo R$ 800,00. Ela fica desesperada, com as contas que acabara de fazer. A faculdade lhe ocupava o dia todo, restando apenas o horário noturno e os finais de semana para trabalhar. Como fazer? Ela raciocina e chega à conclusão que o problema deveria ser comum a muitas que vieram como ela do interior sem recursos. Resolve procurar, para tanto coloca um anuncio no mural com os dizeres: “Calouro vinda do interior que comunicar-se com veterana que tenha vindo do interior sem recursos. Fone celular 99677891”
- Alo! É a estudante que veio do interior?
- Sim, meu nome é Luana, neste momento estou na sala de estudos.
- Irei encontrá-la, como você é?
- Sou morena clara, cabelos castanho claro, 1,68m, 56 kg. Estarei com uma blusa amarela e uma calça de brim.
- Em um minuto estarei com você!
Alguns minutos depois:
- Luana? Prazer, sou Márcia!
- Oi Márcia, muito prazer em conhecê-la. Márcia! Eu estou com um problema! Sou pobre vinda do interior, meu pai somente pode me mandar R$ 400,00 por mês, e eu cheguei à conclusão de que necessito de R$ 1200,00. Estudando de dia não posso trabalhar, o que devo fazer? O melhor como você administrou este problema?
- Luana! Quando eu vim para Porto Alegre, tive o mesmo problema que tu tens agora, no entanto, eu tinha uma conhecida que de inicio me deu uma ajuda, eu morei com ela, os dois primeiros anos, ela me dava casa e comida e roupa lavada, em troca eu a noite lavava e passava roupas, nos finais de semana cuidava dos filhos dela quando ela passeava com o marido ou iam a congressos. Depois consegui um monitoramento na faculdade, passei a dar aula em cursos pré-vestibular. Minha amiga, mudou-se para Caxias do Sul e eu vim para a casa dos estudantes. E, aqui estou. Pena que não lhe possa ajudar.
- Não há de ser nada, valeu muito obrigada, assim mesmo.
Dois dias depois:
- Alo! É Luana!
- Aqui é a Marilse, estou atendendo o seu anúncio de mural. Venha no meu quarto é o de número 423.
- Já estou indo!
Luana Bate a porta dos 423, uma voz grita lá de dentro:
- Entra a porta está aberta.
Ela entra e vê uma bagunça desorganizada, roupas por toda a parte, sapatos no lado da porta. Uma loura exuberante de cabelos longos e seios fartos, vestindo uma calça de brim azul e uma blusa vermelha, pés descalços, lhe estende a mão e diz:
- Como estais queridas? Senta por favor, não repara a bagunça, minha colega de quarto é uma bagunceira.
- Sou Luana, Lu, para os íntimos.
- Me chama de Marilse, Má, para os íntimos. Mas, qual é o teu problema, deixa eu adivinhar GRANA?
- É isso ai! Vim do interior para estudar em Porto Alegre, só que a grana que o meu pai me manda não da para as despesas.
- Eu tive o mesmo problema, trabalho nem pensar, pois temos de estudar todo o dia, nos restando apenas à noite e os finais de semana. Eu quase que desisti da faculdade, até que uma amiga me levou para falar com Helena, ai eu consegui dar a volta no problema de dinheiro.
- Mas deixa-me ver! Se entendi bem, tem uma solução, você pode me dizer qual é?
- Claro, falar com a Helena, você tem boa apresentação, pode ser uma ótima secretária avulsa.
- Pode me explicar melhor, o que é uma secretária avulsa?
- Isto quem vai te explicar é a Helena. Tá?
- Tá certo, e, quando vamos ver a Helena?
- Primeiro eu vou telefonar para ela, terás que me fornecer uma copia da tua carteira de identidade e o CPF. Para eu levar para a Helena, depois se fores aprovada eu te levo lá.
- Alo lindo! É a Helena Junqueira.
- Bom dia Helena! Como tu estás? Querida, Tudo bem, contigo?
- Toma nota : Luana Manfredo. Quero saber tudo sobre ela, de onde é o que faz, se tem entrada na policia, ou se é policial etc. CPF ................... RG....................
- Em uma semana tens a minha resposta ok?
- Ok. Tudo bem.
Uma semana depois.
- Luana, hoje às 20 horas vamos conhecer Helena, vai bem arrumada.
Helena uma mulher exuberante, para não dizer obesa, pesando mais de 120 kg. Mais de 40 anos de idade, com uma face de anjo, cabelos escondidos por um turbante negro. Lábios grossos e bem pintados.
- Então esta é a Luana? Prazer querida, sente-se e fique a vontade vocês estão em casa.
- Prazer dona Helena!
- Me chama de Helena querida, assim eu fico mais a vontade.
- Helena! Prazer conhecê-la. Como sabe eu preciso trabalhar. E, a minha colega Marilse, me indicou a ti. E, que maiores explicações tu me darias hoje.
- Sim, entendo! Tu não és a primeira nem serás a ultima garota que vem do interior, para estudar em Porto Alegre, sem ter recursos para tal. De inicio as garotas, acham que passando na Federal, tá tudo arranjado. Que na casa dos estudantes tudo é de graça. Mas quando chegam aqui, vêem que as despesas ainda assim são grandes. Muitas desistem, algumas me procuram.
- Sim, sim, mas o que é que terei de fazer?
- É simples, você é jovem bela, culta. Com certeza será uma ótima companhia. O trabalho poderá ser de varias modalidades. O mais simples é comparecer a festas de executivos. Este trabalho você é dona do seu nariz, comparece a festa, come e bebe a vontade, deverá ser amável, mas não tem nenhuma responsabilidade de namorar ou ficar com qualquer pessoa. Adianto que, este é o trabalho mais simples de todos, e consequentemente, o menos rentável. O outro é ser companhia para executivos, na maioria das vezes pessoa de bastante idade, que querem passar algumas horas em boa companhia. A mais rentável de todas é aquela em que um executivo quer uma companhia para viajar, ou passar o final de semana, nesse caso, a companhia é inclusive para relacionamentos íntimos.
- Bem, eu não sei o que dizer?
- Não diga nada, pense um pouco, isso lhe fará bem. Caso resolva aceitar volte aqui.
Luana ficou meditabunda, não sabia o que dizer, estava diante de uma séria decisão. Despediu de Helena e foi para a casa dos estudante. Nos próximos três dias, não parou de pensar no assunto, mediu conseqüência, estudou a probabilidade de arrumar outra forma de conseguir dinheiro, mas nada, a única solução seria aquela a que estava relutante em seguir. Falou com outras colegas, na tentativa de conseguir outra solução, nada! Finalmente resolveu procurar novamente Helena.
- Helena eu quero apenas a primeira opção, comparecer a festas como garota animadora.
- Sim! Compreendo! Você terá de fazer o Book. Mas, não se preocupe e tudo muito simples, basta 6 fotos suas. - Como devem ser as fotos?
- Como quiser, o interesse é seu, sua foto será exposta junto com outras, quem escolhe é o cliente.
- Helena! Não podes me dar umas dicas sobre as fotos, como é as das outras concorrentes?
- Normalmente são fotos insinuantes com pouca roupa, mas você é quem decide. Se você quer umas dicas, eu lhe posso dar esta! Normalmente as garotas como você, isto é que necessitam ganhar algum, para costear os estudos, quando chegam aqui, age como você está agindo, todas cheias de cuidados, não querem se prostituírem, no final chegam em algumas semanas ou até meses a conclusão de que o que realmente dá dinheiro é fazer programa envolvendo sexo.
- Não isso eu não farei nunca.
- Okey! Deixemos o tempo passar.
Passaram-se os dias e Helena não chama Luana, esta apreensiva lhe telefona para saber se não consegui nada. – Alo! Helena?
- Sim! Quem está falando?
- Luana!
- Ó querida como você tá?
- To bem! Eu só telefonei para saber se não pintou nenhum programa para mim?
- Queridinha! Eu lhe avisei que a sua opção era a mais difícil e menos rentável. Festas de executivos que exijam garotas acontecem mas normalmente eles querem garotas que estejam disponíveis para programas envolvendo sexo. O que não é o seu caso.
- Era isso!
- Telefona quando quiser, um beijo.
Luana desligou o telefone, vestiu um abrigo e sai a caminhar, pois teria muito que pensar.
- O tempo passa e eu não tenho solução, logo chegarão às contas para pagar. Não posso pedir mais dinheiro do que o pai manda, ele já está fazendo um grande sacrifício. Não tenho saída, vou ter de me prostituir se quiser completar a faculdade!
Ela corre mais do que costumava, parecia que queria se punir por ter tomado a resolução. Retorna para a casa dos estudantes, toma um banho, pega o telefone e liga.
- Alo é Helena!
- aqui é Luana, estou telefonando para dizer que aceito fazer programas envolvendo sexo.
- Tomou a resolução acertada, eu não lhe queria dizer mas, não há outra chance, que produza dinheiro imediato.
Naquele mesmo dia, Helena chamou Luana para um trabalho.
Tratava-se de um cliente que queria uma secretária para o final de semana, viajando para São Paulo, sairia na sexta às 22 horas do Aeroporto Salgado Filho e deveria retornar no domingo no vôo que sai de São Paulo às 23 horas. Luana deveria apenas ir com a roupa do corpo, ao aeroporto às 21 horas.
Luana passou os dois primeiros anos da faculdade, como estudante e garota de programa. No terceiro anos de direito, conseguiu uma vaga de monitora e alguns alunos de cursos pré vestibular. E pode deixar de ser garota de programa.
Mario Escudiero:
Órfão de Pai foi criado pela mãe, que lhe deu uma excelente educação, na meninice não brincou com amiguinhos, na puberdade passou com poucos amigos, todos da vizinhança e com a mãe sempre por perto. Aos 20 anos, levado por um amigo, foi num prostíbulo, para ter pela primeira vês, contato com uma mulher. Não deu sorte, pegou uma prostituta inexperiente, que simplesmente se despiu, deitou na cama e ficou a sua espera. Ele começou a tirar a roupa, enquanto ela o olhava da cama. Quando ele baixou a cueca e seu membro ficou exposto, a mulher riu e disse-lhe:
- Que pequenininho!
Mario ficou desapontado e vestiu novamente a cueca, deixou uma nota de 50 mangos e desapareceu. Nunca mais tentou qualquer relacionamento com prostitutas. As poucas namoradas que teve, nunca as levou a sério, isto é nunca chegou às vias de fato.
- Alo mãe! Tudo bem? Estou telefonando para te dizer que vou chegar mais tarde e que vou levar a Luana para conhecer você.
- Sim filho, não tenha pressa, vou preparar uma jantinha para nois.
Mario desligou o telefone e se aproximou de Luana que deitada continuava. Em sua cabeça vem a sena de 20 anos a traz, reluta em retirar o chambre.
Luana pensa - em uma sena sua primeira vês como garota de programa. O homem de aproximadamente 50 anos.ficou surpreso quando ela lhe contou que era virgem e que ele teria de ir de vagar. O homem embora um desconhecido, portou-se como um legitimo cavalheiro, naquele dia não fizeram nada.
Agora seria o momento de retribuir.
- Vem senta ao meu lado! Me diga! Você não está a vontade, parece nervoso, o que está havendo?
- Luana minha querida! Eu tenho algo a lhe falar.
Ele lhe conta que nunca tivera antes uma relação sexual, que tinha ficado traumatizado na primeira experiência e não tivera coragem de tentar novamente.
- Mario eu também tenho de lhe fazer algumas revelações, não podemos iniciar uma relação, tão forte como a nossa, sem antes sabermos tudo um do outro.
Luana conta-lhe as suas desventura do tempo de estudante. Ambos resolvem que se vestirão e irão jantar com a mãe de Mário, e que iriam de vagar, embora ambos fossem adultos.