O melhor que você pode ter
[Continuação de "Se isto continua..."]
Cindy lembrou-se da recomendação de Marsha ao ver Ted à sua espera no estacionamento do supermercado. Desde que o rapaz fora atrás da bibliotecária e tentara intimidá-la, Cindy passara a evitá-lo no local de trabalho - ou fora dele, a propósito. Mas ali estava ele, braços cruzados, encostado no Jeep Wrangler vermelho em que ela pegara carona tantas vezes antes. "Nunca mais", pensou, imaginando se deveria fingir que não o havia visto ou dar um alô e sair de fininho. Antes que tomasse qualquer das opções, Ted a chamou:
- Ei, Cindy!
Ela parou. O ponto de ônibus ficava do outro lado da rua, e como a tarde ia pelo meio, havia pessoas lá aguardando pela condução. Sentindo-se com um pouco mais de coragem, ela retribuiu a saudação, mas sem se aproximar muito do automóvel.
- Oi Ted.
- Queria falar com você... - replicou ele, caminhando em direção à ela. Parou a cerca de três passos de distância.
- Olha, eu tenho coisas para fazer... - desculpou-se Cindy, erguendo as mãos numa atitude defensiva.
- O que está havendo, CIndy? - Questionou ele. - A gente se dava tão bem... agora você me evita, como se eu estivesse com alguma doença contagiosa!
- Ted, escute... - Cindy virou o corpo e recomeçou a caminhar na direção da saída do estacionamento. - Eu só não quero confusão na minha vida, certo?
- Confusão... sim, entendo o que quer dizer - Ted agora caminhava ao lado dela, mãos nos bolsos. - Aquela situação da Vanessa... eu fiquei sabendo. Fui tirar satisfações com ela, não vai acontecer de novo.
Cindy parou de andar e encarou o rapaz.
- Você foi... tirar satisfações com a mãe do seu filho? O que quer dizer com isso?
- Vanessa agiu mal - justificou-se ele. - Jamais deveria ter ido incomodar você no nosso local de trabalho... eu entendo que deve estar com ódio de mim por isso, mas eu prometo: não vai acontecer novamente!
- Eu não quero ser constrangida pela mãe do seu filho, mas tampouco quero que você me envolva nos seus relacionamentos complicados, Ted - redarguiu Cindy com firmeza. - Se acerte com a Vanessa, vocês têm um filho pra criar!
Ted agora estava parado na frente dela, no meio do caminho, ar de súplica.
- Cindy, me escute, por favor! Eu sei que cometi erros, e o maior deles foi ter me envolvido com a Vanessa... mas eu creio que posso mudar isso, e você é a garota certa para dar um rumo novo à minha vida!
- Desculpe, Ted, mas você tem um filho pra criar - insistiu Cindy. - Vá se resolver com a Vanessa!
- Vanessa não é uma boa mãe para o Nicholas - murmurou o rapaz. - Você... você, sim, seria a mãe perfeita para ele!
Cindy o encarou com incredulidade.
- Ted... não pretendo ter filhos agora... muito menos cuidar do seu! Você tem consciência do que está dizendo?
- Tenho consciência de que você é a mulher que pode mudar o rumo da minha vida - declarou Ted com fervor. - Não deixe que uma única experiência ruim faça você mudar de opinião a meu respeito! A nossa afinidade é muito especial.
Cindy tomou fôlego.
- Uma única experiência ruim, você diz? E porque foi tentar intimidar minha amiga, Marsha?
Os olhos de Ted se estreitaram.
- Ah! Marsha! Eu estava pensando quando esse nome entraria na nossa conversa... escute, Cindy: Marsha é má influência para você. Vai voltar a pensar claramente quando se afastar dela!
- Quem você pensa que é para me dizer de quem devo me afastar? - Retrucou Cindy, virando-se para a saída do estacionamento.
Ao perceber que seu ônibus havia dobrado a esquina, atravessou a rua correndo, buscando colocar a maior distância possível do seu assediador. Não percebeu o carro que vinha em sentido contrário, e quando ouviu o barulho dos freios, era tarde demais.
[Continua em "Amor e ossos quebrados"]
- [02-02-2019]