O ano do meu suicídio

Tenho 62 anos e você ainda existe em meu pensamento.

Sorte minha a frase não ser totalmente verídica.

A vida passou para mim, escoou pelos meus dedos e todos os dias eu pensava em sua volta. Não exatamente; Mas havia esperanças. Você não as me deu, eu as dei.

Não morri com a sua ausência, pois acreditava na vida que me restava com você.

Cheguei aos trinta, estava formada em minhas duas faculdades, não me sentia suficiente de nada mas sabia ver responsabilidade nas coisas que me faziam permanecer viva. Nos meus quarenta eu pensei estar apaixonada e me casei.

Ele era uma pessoa que veio para quebrar muitos dos planos de jovem que eu tinha mas eu quis me dedicar a alguém. O fogo da paixão tem um pavio mais curto do que eu imaginava. Eu o trai. Ele descobriu. E hoje temos um sentimento pelo outro que eu não desejo a ninguém.

Nos separamos com meus cinquenta e seis anos.

Eu não te culpo. Me culpo com o pensamento em você. Fiquei distraída a minha vida toda por alguém que nem se quer mais existia.

Fui em seu velório. E não espero que alguém leia essas minhas últimas palavras mas eu te amei tarde demais.