Can’t fight the moonlight
Can’t fight the moonlight
Por Gabriella Gilmore
Depois de uma viagem de muito calor e gargalhadas, finalmente tomamos um banho revigorante, passei o meu melhor perfume, ele fez a barba. Caímos mortos na cama king size com o ar condicionado ligado no mínimo. “Eu poderia rolar, rolar, rolar e ainda sim folgar espaço neste colchão enorme”. Pensei.
“Que perfume é este”? Perguntou.
Hesitei em falar porque não era nenhum perfume importado. Fiquei acanhada da minha simplicidade.
“Não gostei muito”. Ele completou a pergunta.
Revirei os olhos conhecendo bem como ele era, afinal, tínhamos mais de 15 anos de convivência, de amizade, de carícias.
Cada um tirou um momento para si com seus smartphones nas mãos, ambos conversando sabe lá com quem através daquelas frias telas.
A luz do quarto ainda estava acesa.
Meu coração não encontrava mais espaço em meu peito para continuar pulando da forma que ele saltava.
Eu estava ansiosa. Meus órgãos se reviravam dentro de mim, e o calor de seu corpo semi nu estirado naquela cama, bem ao meu lado, me aquecia me seduzia, e eu sabia que nada poderia acontecer. Havíamos nos desligado há uma década. O que mais eu poderia querer?
Apagamos as luzes.
Ainda ficamos conversando por algumas horas na cama, olhando para a penumbra do quarto.
Seu perfume incendiava o ambiente e seu couro totalmente fervente, me acendia de forma covarde. Eu sabia que ele queria, todavia por alguma razão que eu não consegui ler, ele evitava fazer qualquer movimento que indicasse que gostaria de ter uns flashbacks.
Desejamos boa noite um para o outro por diversas vezes, feito crianças enamoradas.
Finalmente ele pegou no sono, diferente de mim que não encontrava posição certa naquela enorme cama. Eu temi encostar em sua pele, mesmo sabendo que o seu calor já era um convite indecente.
Dormi.
Nesse meio tempo, sonhei que ao tocar em sua pele, seu corpo se abriu para mim, me dando espaço para eu me achegar. Antes, ele teria tomado posse de mim, como um bom caçador que é, porém de alguma maneira, ele não tinha mais essa iniciativa. Contudo, no meu sonho, eu tocava em suas mãos enquanto ele estava com os olhos fechados. Suavemente eu ia passando a ponta dos meus dedos nos seus e ia subindo até chegar em seus ombros. Eu pude sentir seu arrepio.
Encaixei minha mão esquerda em seu pescoço, me virei para ele. Com a mão direita toquei em seu abdome apalpando levemente para cima até encontrar seus lábios. O meu desejo era localizar seus lábios no meio daquela escuridão para eu poder beijá-lo.
Finalmente consegui me conectar a ele.
Na verdade eu descobri que eu nunca me desconectei da sua “moonlight”, que a nossa história não começou direito para ter terminado, e que sua presença é o meu calcanhar de Aquiles.
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