The love between us: 22- Surpresas Inquietante
Algum tempo se passou e meu relacionamento com o Tom só cresceu, mas preferimos ir mais devagar dessa vez. Nada de já invadir a vida um do outro.
Eu continuo morando na casa da Ray, tendo os encontros da quinta insana que mudou para sexta, pois não queríamos mais perder os shows da banda do Colin em um pub no centro da cidade. E encontrando o Tom sempre que posso.
Com o retorno da nossa relação, ele me devolveu a câmera que havia comprado pra mim no natal. E com ela em mãos decidi matar a saudade da fotografia.
No sábado à tarde fui para um parque perto de casa aproveitar cada segundo com minha câmera. Foi nesse dia que encontrei o meu novo bebê.
Andando pelo parque tirando fotos de quase tudo que tinha no caminho eu vi uma cena revoltante: um homem espancava um jovem cachorro da raça pit bull. Quando dei por mim, eu estava correndo na direção dos dois.
-HEY, Pare com isso agora! O que diabos pensa que está fazendo?
-O que VOCÊ pensa que está fazendo?
-Por que está maltratando esse cachorro?
-Não é da sua conta. Ele é meu cachorro e faço o que eu quiser.
-Só na merda de uma mente tão distorcida e nojenta pra surgir um pensamento desse tipo.
Ele ia embora, então eu tentei pegar a guia do cachorro, pois estava com medo dele maltratá-lo ainda mais quando chegarem a sua casa, só que o cara me empurrou. Ele era tão forte que acabei caindo como saco de batatas.
Nessa hora vejo um punho acertar o rosto do homem que também vai ao chão. O pobre cachorrinho ficou todo assustado, eu tive de esticar toda para segurar a guia para impedi-lo de fugir.
Meu amigo Matt me ajudou a levantar enquanto eu tentava acalmar o pobre cachorrinho que não devia passar dos seis meses. Ele tinha alguns cortes pelo corpo e mancava da patinha direita. O homem se levantou e vinha na minha direção, mas o Matt se colocou entre a gente.
-Você não pode me tomar meu cachorro.
-Eu deveria chamar a polícia e te denunciar, mas só estou preocupada com o cachorro, em leva-lo para um veterinário.
-Então fica com essa porcaria. Boa sorte, pois ele é um animal horrível. Não obedece ninguém.
-Porcaria? Você é a porcaria aqui.
-Princesa, você já tem o animal. Já chega. Vamos.
-Ainda não. Sabe senhor, eu posso dizer o futuro que esse pobre cachorrinho teria ficando com um ser asqueroso igual a você. Ele ficaria cada vez mais amedrontado e começaria a tentar se defender ao se perceber mais forte com a idade. Aí chegaria o dia que ninguém faria nada pra ele, mas por algum trauma, por ter crescido conhecendo apenas o ódio, ele iria atacar alguém. Uma criança talvez. E sabe o que aconteceria? Colocariam a culpa na raça violenta do cachorro. E o levariam para ser sacrificado, aliás, essa não é a palavrava certa. Ele seria levado para ser assassinado. – Meus olhos se enchiam de água. – Ele morreria tendo conhecido só o lado ruim da vida. E o senhor apenas compraria outro e o ciclo se repetiria. Mas se eu o vir novamente com algum bichinho... Pode esperar a polícia na sua porta todos os dias se for necessário. Sua vida será um inferno. Eu prometo isso.
-Você é louca!
-Sim, eu sou. Nunca se esqueça disso.
-Princesa, - Matt pegou no meu braço -, melhor irmos andando.
Deixei-me ser levada pelo meu amigo para um veterinário próximo. Ele ficou comigo esperando notícias.
-Não entendo como alguém pode ser tão cruel.
-Você o ensinou uma lição, princesa.
-Não, Matt, aquele dali não vai aprender nunca. Pelo menos, ele levou um soco na cara.
Nós dois rimos.
-Princesa, eu devo avisar que tinha paparazzis por ali. Eles viram tudo.
-Oh, droga. Nem pensei nisso. Foi essa a razão de estar no parque?
-Não, eu estava em um encontro... Oh, eu me esqueci dela. –Ele levou as mãos à cabeça.
-Você pode voltar se quiser.
-Nah, o encontro estava sendo horrível mesmo. Fiquei feliz em ver você com problemas. Foi uma ótima desculpa pra sumir.
-Maldade, Matt. Pelo menos manda mensagem ou liga.
-Ligarei a noite.
Não demorou muito para a médica aparecer. Ela disse que o cachorro estava desidratado e com muitas feridas, por isso preferia mantê-lo em observação por um ou dois dias.
Como não tínhamos mais nada pra fazer fomos pra minha casa tomar umas cervejas. Ao anoitecer Matt disse ter de ir, pois teria um encontro com outra garota.
-Um lindo moreno arrasador de corações é o que você é Matt. Só quero vê o dia em que uma delas te deixar de quatro.
-Já me apaixonei por você, princesa, mas prefere aquele ator.
Joguei uma pantufa nele que saiu gargalhando pela porta.
Ray chegou não muito depois, nós tivemos uma conversa sobre o cachorro. Afirmei que poderia procurar outro lugar para morar caso ela não o quisesse aqui.
-Sempre detestei gatos, mas me apaixonei pelo Mouris. Sempre quis um cachorro, mas vou deixar pra decidir depois de vê a carinha dele.
-Isso foi um sim. Não tem como não amá-lo. Ele é lindo.
-Qual o nome?
Pensei por um segundo.
-Slash. O nome dele vai ser Slash de agora em diante.
***
Meus amigos decidiram me fazer uma surpresa no dia em que o Slash pôde vir pra casa. Acabou demorando mais que o esperado, pois seu antigo tutor lhe dava tanta porcaria e lhe fazia tão mal que o pobrezinho precisou de uma cirurgia.
Colin se prontificou a me dá uma carona. Todos os meus amigos me esperavam na sala com comidinhas e bebidas, além de presentes para o meu Slash. Coloquei-o para dormir no meu quarto, pois ainda precisava de descanso.
-Onde está o Tom? – Perguntou Grace. – Ele nunca sai com a gente.
-Tom está viajando a trabalho. Ele é a pessoa mais ocupada que conheço.
-Princesa, eu soube que tem passado mal.
-Passado mal é um eufemismo. – Colin se intrometeu. – Ela vai a cada minuto no banheiro toda manhã no trabalho. Deve ser de tanto comer.
-Você não me contou isso. – Disse Viola. – Precisa de uns dias pra descansar?
-Não. O Colin é um exagerado. E não como tanto assim.
-Sempre me perguntei como poderia ser tão magrinha comendo tanto. – Lisa comentou.
-Qual é! Ninguém come direito nesse país. O almoço é um sanduíche sem quase nada e a janta é uma salada. Como posso engordar? Só nesses momentos com vocês que como algo realmente bom. A Ray é psicótica com saúde. - Sussurrei a última frase como se fosse um segredo mortal.
-Apesar de que você engordou um pouco.
-Oh, muito obrigada Carl. Chamar-me de gorda realmente ajuda muito.
-Seus peitos estão mesmo maiores.
-Matt! Eu vou bater em você.
-Desculpa princesa.
-O que mais tem sentido? – Perguntou Ray.
-Às vezes parece que tem um monte de saliva na minha boca, passo mal pela manhã, minha sinusite tem estado pior...
-Ela me obrigou a parar de usar perfume. – Colin reclamou.
-Seu perfume era horrível. Só de pensar... Oh meu Deus, esse cheiro de comida com essa bebida... Com licença!
Vomitei tanto que pensei que meu estômago fosse acabar caindo no vaso sanitário. Ao retornar meus amigos me encaravam de forma estranha.
-Querida, nós temos uma ideia sobre o seu problema.
-O que? Grace? – Ela não conseguia dizer mais nada. –É grave?
-Achamos que está grávida. – Disse Viola.
-O QUE? Não, não, não, não, não, não pode ser. O Tom e eu sempre usamos camisinha. - Levei a mão ao meu peito. - Oh meu Deus, eu estou com falta de ar.
-Calma, respira!
-Eu tenho um teste de farmácia se quiser usar.
-Lisa, por que você anda por aí com um teste?
-Eu faço um todo mês pra ter certeza.
Fui trêmula até o banheiro, fiz xixi no trequinho e voltei para a sala. Ficamos lá esperando em silencio até aparecer os tracinhos.
Eu estava grávida!
Todos me fitaram sem saber se me parabenizavam ou diziam sinto muito.
-Porra! E agora?
-Você deve vir comigo amanhã no hospital fazer um exame de sangue. – Disse Ray.
-E tem de contar para o pai. –Grace falou.
-E se ele não gostar? Pode me acusar de te-lo traído e afirmar não ser o pai... Terminar comigo... Eu nunca soube lidar com crianças, como vou criar uma sozinha?
-Gatinha, se ele fizer isso será o maior babaca do mundo. Entretanto, já vi os dois juntos, sei que o cara te ama, ele não fará isso. – Colin pegou na minha mão. – Mas, qualquer coisa, eu dou uma surra nele e te ajudo com a criança.
-Nós todos ajudaremos. Se você decidir ter mesmo o bebê. – Viola disse sorrindo. Todos concordaram.
-Nunca tive amigos tão bons quanto vocês.
-De qualquer forma, - Lisa começou -, é melhor parar de beber.
Viola me trouxe um suco. Passamos o restante da noite conversando sobre outros assuntos, porém não conseguia me concentrar em nada, apenas desejava que o teste de sangue fosse negativo.