Aigües tortes
Uma onda vem, e mais outra logo atrás. Se desfaz, se refaz. Banha meus pés. Ao mesmo vento, ao mesmo sol, ao mesmo brilho, daquele mesmo dia, que escreví nossos nomes na areia dessa praia. As pedras e os céus também foram testemunhas, meu amor, do nosso puro amor.
Essas ondas que me distrái, e me faz te querer aqui, agora, pra te mostrar tudo isso outra vez, ao mesmo vento, ao mesmo sol... Veja, olhe nessa direção. Foi aqui nesse local, meu amor. Sim, a gente já sabia, a água e o tempo levaria. Mas também nos prometeu, que eternizaria. Que estranho, de repente se agitou... mas calma meu amor, te dou o meu amor! Tua imensidão e teus mistérios, me fazem querer o teu envolver, o teu calor.
Essa onda que quebrou sobre mim, agora, ah! Essa mesma espuma que lavou os teus sonhos, teus cabelos, e outrora, me renova.
Espera... lembrei agora da poesia que me falara tempos atrás, sobre o mar, sobre jangadas agitadas... ah meu Deus, que ironia! Pois olhe meu amor, agora eu posso vê-las! Mas, você não pode ver também, não pode, não pode...Deixa eu olhar praquele navio na última linha do horizonte, vai, me leva pra bem longe. Que cidade barulhenta... só o sagrado ronco do mar me acalma e me alimenta.
A noite chega... o sol vai embora, e seu brilho também, sem demora. Somente infindosas águas banhadas pelo eterno e sublime brilho dourado. Mas permaneço aqui, na mesma praia dos nossos nomes. Ao mesmo mar que estronda cintilante e majestoso... ao mesmo vento que me faz te sentir, de novo, de novo, e de novo...