Crazy in Love: 1- Sofia

Quando a vi pela primeira vez, eu pensei: "Ela é perfeita".

Depois eu senti muita pena daquela pobre mulher.

Era uma manhã de domingo e eu estava lendo perto da janela do estúdio de pintura, eu sempre adorei esses momentos por causa da minha esposa. Ela gostava que eu lesse enquanto tomávamos chá. Uma tradição que eu mantinha mesmo após sua morte. Meu motorista gritou por mim e corri para saber o que estava acontecendo.

Uma mulher estava inconsciente perto dos sacos de lixo. Ainda lembro bem da sua roupa: um longo vestido vermelho, sem sapatos e uma tiara. Eu a peguei nos meus braços e a levei para o quarto de hóspedes, mas ainda me pergunto como consegui não tropeçar. Eu sentia o seu doce aroma e a suavidade de sua pele. Cheirei seus cabelos algumas vezes sem que meus empregados notassem.

Liguei para o meu médico que me aconselhou a levá-la para o hospital em que trabalha. Após vários exames fora constatado várias lesões pelo corpo, entre elas: luxação no ombro, tornozelo quebrado, além de algumas outras que nos faziam pensar que ela era vítima de violência doméstica. Após alguns dias, ela acordou sem lembrar coisa alguma de sua vida. O médico afirmava que deveria ser algum trauma psicológico, pois nada físico justificava essa perda de memória.

O que mais eu poderia fazer? Eu tive de convidá-la a ficar na minha casa enquanto descobríamos sobre o seu passado. Sobre sua família e, principalmente, sobre quem a machucou daquela forma.

Ela era uma mulher encantadora. Dei-lhe o nome de Sofia.

-Eu gosto desse nome. - Disse ela com um sorriso que derretia meu coração. - Mas, por que Sofia?

-É um nome especial pra mim. Era como minha filha se chamava. Minha esposa teve complicações no parto. Minha filha e minha esposa acabaram falecendo.

A instalei no quarto próximo ao meu. Eu adorava vê-la andar pelo jardim toda tarde, ás vezes, era como se minha esposa estivesse comigo novamente. Sofia adorava a hora do chá e ansiava por esse momento todos os dias. Eu sorria ao vê sua empolgação.

Enquanto eu lia alguns papéis, ela sentava lindamente em uma poltrona com um caderno e um lápis. Parecia tão concentrada que me perguntava se estava tentando lembrar de algo, mas eu estava errado.

-Você estava tão bonito que não resisti. - Ela disse me mostrando o caderno.

-Lindo desenho, Sofia. Não imaginava que fosse tão talentosa.

-Era como se minhas mãos tivessem memórias só delas.

-Isso é maravilhoso!

Eu era uma mentiroso. Não achava maravilhoso, se Sofia recuperasse sua memória, eu poderia perdê-la. Porém, se não a incentivasse, ela poderia passar a me odiar, então lhe mostrei o estúdio que era da minha esposa. Ela pareceu uma criança indo pela primeira vez em uma loja de brinquedo. Tão feliz que iluminava todo o recinto, assim como o meu coração.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 24/10/2018
Código do texto: T6485085
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