The love between us: 19- Tchau, tchau Mouris
Zumbi.
Eu me senti um zumbi por toda a semana. Pedi uma folga no trabalho e não tiveram como negar, apesar que perdi um pouco de dinheiro, mas isso não importa agora. Minha vida estava ruindo mais uma vez. Pessoas me acusando de ter feito um ménage à trois com o Tom e o Joe. Vários diziam que a ideia tinha sido minha e o Tom não queria, mas o manipulei. Aparecia uma versão mais bizarra que a outra.
Eu continuava trancada no meu quarto com o Mouris ronronando deitado na minha barriga, nesse momento minha colega de casa começou a fazer um escândalo.
-Cai fora desse quarto agora! – Ela gritava batendo na porta.
Levantei até um pouco assustada.
-O que está acontecendo?
-Você não sai desse quarto faz dias e por esse mesmo período os seus amigos estão me deixando louca. Eles estão na sala e não vou enrolá-los de novo.
-Qual é Ray?!
-Não adianta. Vem comigo.
Na sala de jantar estavam todos os amigos que já fiz nessa cidade até hoje. Bom, na verdade, faltava o Joe, mas não sei bem se ele conta.
Eles compraram pizza e bebidas. Viola contou sobre ter deixado as filhas com o marido, Matt reclamou por algumas horas sobre o encontro que cancelou e Lisa comentou sobre esse homem sexy com quem estava saindo.
Ninguém me perguntou sobre o Tom, o Joe, o que realmente aconteceu ou mesmo se eu estava bem. Apenas passamos a noite conversando bobagens, comendo e bebendo. Era quase meia-noite quando todos decidiram ir pra suas casas. Viola disse vir me buscar para irmos ao trabalho juntas no dia seguinte.
Esse foi o melhor presente dos meus mais novos amigos, afinal era tudo que eu precisava. Apenas uma noite longe de tudo. Uma noite comum me divertindo muito. Fui me deitar me sentindo tão bem que só acordei com a Viola batendo na minha porta.
-Nós vamos nos atrasar desse jeito. Levanta logo. Acabei de ser promovida, eu não posso dá motivos para mudarem de ideia.
-Ok. Já acordei e estou indo.
Um banho rápido, uma roupa simples, uma maquiagem básica, uma maçã e um beijinho no Mouris. Fiquei pronta em vinte minutos. Quase um recorde pra mim.
-Obrigada por ontem. – Falei quando entramos no carro.
-A ideia foi da Ray. Gostei dos seus amigos e na quinta que vem vou sair com vocês.
-Está marcado.
No trabalho, eu tive uma surpresa, um rapaz chamado Colin Morgan estava sentado no antigo lugar da Viola. Nós nos apresentamos rapidamente. Ele se mostrava talentoso e bem fechado. Porém, consegui arrancar dele algumas coisas como o fato de ser o vocalista e guitarrista de uma banda de rock.
-Oh, eu adoro rock. Vou querer ver a sua banda qualquer dia.
-Nós vamos tocar nesse fim de semana, gatinha. Depois te passo o endereço para se programar com seu namorado.
-Eu não tenho namorado.
-Ainda melhor.
-Você não perde tempo.
-Dormir na base não é do meu feitio.
-Ok. Dom Juan do rock, - acabei lhe tirando um sorriso com esse apelido – isso pode até funcionar com as suas fãs, mas não comigo. Além do mais, sair com colega de trabalho não dá certo.
Ele apenas me lançou um olhar enigmático que quase me fez gargalhar. O restante do dia foi bem engraçado com esse meu novo colega. Era como se já fôssemos amigos de tempos, pois nunca papeei e brinquei tanto com alguém que acebei de conhecer. E ele me disse o mesmo. Ainda mais pelo fato dele não ser nada ligado em mídias sociais e fofocas de famosos, o que me deixou ainda mais confortável ao seu lado.
A semana acabou passando muito rápido e sendo bem agradável. Viola me acompanhou ao show do Colin que por sinal é um ótimo músico e tão diferente de quando está no trabalho. No palco, ele é simpático, sorridente e muito sexy. Após o show, ele fez algum esforço para se livrar da onda de garotas se jogando nele e veio conversar conosco.
-Então, gatinha, você gostou?
-Colin, você parece outra pessoa no palco. Foi incrível.
-Apesar de rock não ser a minha, eu também achei ótimo. – Comentou Viola.
Ele demonstrou toda sua satisfação com os elogios através de um lindo sorriso.
-A Ray está me ligando. Eu volto logo.
Saí daquela barulheira para atender o celular, mas logo voltei para pegar minha bolsa e dá o fora dali.
-Hey, você está bem? Está pálida.
-É, gatinha, o que houve?
-Parece que o Mouris foi envenenado. Eu tenho de ir.
-Eu vou com você!
-Me esperem ali na porta, eu dou uma carona pra vocês.
Eu estava no automático naquele momento. Um zumbido no meu ouvido me fazia não entender nada do que era dito ao meu redor, só conseguia perceber a Viola me direcionando a saída e depois nós entrando em um carro com o Colin dirigindo. Somente depois de chegarmos ao hospital veterinário que voltei ao normal, Ray estava ali nos esperando. Ela explicou que chegou em casa e o meu Mouris fazia uma barulho estranho.
-Ele estava miando esquisito e babando. O trouxe imediatamente, mas não me deram mais nenhuma informação. Eu sinto muito Megan. Ah, eles me ajudaram a chegar aqui.
Carl, Matt, Grace, John e Lisa estavam ali. Eu os agradeci imediatamente pela ajuda.
-Oh, minha querida, todos nós sabemos o que esse gatinho significa pra você. – Disse Grace.
Algumas horas se passaram.
-Vou ter de ir. Megan, qualquer coisa você me liga. Tenho plantão agora.
-Ok, Ray. Obrigada. Gente, já é tarde. Se vocês precisarem ir... Eu vou ficar bem. – Apesar de não quererem me deixar sozinha, eles pareciam muito cansados. Insisti bastante até aceitarem ir pra casa. – Colin, eu nem pensei direito. Você deve ter combinado algo com os seus amigos. E você, Viola, suas filhas devem estar preocupadas.
-Gatinha, eu só vou porque me ligaram falando sobre ter acontecido algum acidente com meu equipamento. Depois de resolver isso, eu te ligo.
Ele me deu um beijo na cabeça e saiu apressado.
-As meninas estão bem, Megan.
Nesse momento Matt a chamou de lado, pareciam fazer uma pequena reunião e minutos depois se voltaram pra mim.
-Nós estamos indo.
-Torcemos para que fique tudo bem com o Mouris.
Ali sozinha naquele hospital pude me deixar relaxar e algumas lágrimas começaram a rolar. Não passou muito tempo para a médica vir me dá a péssima notícia de que o meu Mouris não tinha sobrevivido. Parecia que meu mundo estava desabando. O ar não entrava nos meus pulmões. Pouco antes de cair no chão, dois braços me envolveram. Mesmo com a visão embaçada por causa das lágrimas, eu o reconheci e me agarrei a ele como se fosse um bote salva-vidas no meio do oceano. Entre lágrimas, gemidos e soluços, Tom passava a mão pelo me cabelo enquanto me levava para senta em um dos bancos da recepção.
-Como alguém pode ser capaz de fazer isso? Como? O meu Mouris... O meu bebê... O que vou fazer agora?
-Apenas coloque tudo pra fora.
-Por que tive de ir aquele show? Por que o deixei sozinho?
-Hey, não. Não siga esse caminho. Não é sua culpa. Olhe pra mim, eu vou resolver o que tiver de pendências e iremos pra casa.
Eu acenei com a cabeça concordando. Mandei mensagem para os meus amigos contando sobre o Mouris ter morrido. Eles só veriam no dia seguinte, mas não sabia se teria forças para fazer isso depois.
Sentada com as mãos na cabeça, um copo com café aparece flutuando na minha frente. Colin havia retornado.
-Desculpe pela demora. - Sem dizer uma palavra, dei um pulo da cadeira e o abracei. – Sinto muito gatinha. Mesmo nos conhecendo só há uma semana, eu sei o quanto ele era importante na sua vida.
-Desculpe, eu estou interrompendo alguma coisa?