Sem ti pelas paredes rabiscadas de Porto Alegre...
"Sem tua presença, sou só saudades pelas paredes rabiscadas de Porto Alegre”. Luciana se lembrava daquela frase-slogan em luz neon, continuamente, pois lerá numa manhã cinzenta e fria de julho. Especificamente, no dia vinte de julho de 2016, em que andava ao lado do Pedro pelo centro histórico da cidade de Porto Alegre. O único lugar em que se viam quando podiam, quando possuíam tempo livre ou quando a agenda atarefada de ambos abria uma brecha. Encontravam-se no burburinho daquele lugar cheio de pessoas mais parecendo um amontoado de gafanhotos ou formigas numa luta diária pela sobrevivência. Havia sempre muitos vendedores ambulantes, índios e mendigos miseráveis pedinchando pelas ruas, mas eles não viam nada, mesmo que sentissem a agonia daquelas pessoas. Desde ficaram juntos nada havia ao redor quando se olhavam, somente a sensação da presença física de cada um deles. Pedro sempre a abraçava intensamente como fosse última vez e ela se infiltrava neste abraço, sem nada pronunciar ou refletir.Como se fossem dois esfomeados iam direto para o apartamento que ele mantinha em Porto Alegre,nunca havia indagações, respostas ou se haveria outra vez. Nunca importaram muito com as palavras: hoje, ontem ou depois somente queriam saciar a necessidade que cada um tinha do corpo do outro.