O AMOR PERDIDO
Após quase dois anos de separação, Diana já não pensava tanto em seu ex-marido. Falava com ele ao telefone frequentemente. Nas conversas ao telefone ele demonstrava que ainda a amava, fazia-lhe mil declarações de amor e a pedia em casamento. Diana as ouvia lisonjeada, e em seu coração desejava corresponder aquele sentimento, aquele amor, mas sabia que seu coração não a obedecia e por isso simplesmente ouvia, sem descartar a possibilidade de uma reconciliação. Ela não queria magoá-lo, assim deixava para o tempo decidir.
Seis meses depois seu ex-marido foi visitá-la em sua cidade. Ele foi buscar o filho que iria morar com ele. Eles conversaram bastante, saíram juntos algumas vezes, mas nada ultrapassou ao diálogo. Diana, não conseguia sentir pelo seu ex-marido além de admiração, respeito e carinho. Entretanto, houve uma ocasião em que sentiu ciúmes, mas deixou passar, visto que não tinham mais nada um com o outro. Ele partiu de volta para a sua casa e deixou Diana com o seu coração partido e desesperado, pois, acabava de se separar de seu bem mais precioso, o filho.
O tempo passou e a saudade do filho apertou, então Diana decidiu visitar seu filho e seu ex-marido. Além disso, queria averiguar pessoalmente se realmente ainda a amava. Após essa constatação decidiria o que fazer. Todavia, não queria fazer planos, mas decidiu levar bagagem o bastante para o caso de decidir ficar mais tempo ou até mesmo voltar a morar com seu ex-marido.
Entretanto, no fundo de seu coração não acreditava muito nos sentimentos de seu ex-marido. Ela sabia que ele tinha namorada e apesar de jamais ter declarado amá-la, era notável que ele estava muito envolvido. Diana chegou a pensar que ele estava muito apaixonado pela namorada, mas ele negava e dizia que eles brigavam muito e que não se entendiam, mas ainda assim, estavam juntos.
Chegando sem avisar Diana fez uma grande surpresa a todos, encheu de felicidade o coração de seu filho. A reação imediata de seu ex-marido ao vê-la no aeroporto a surpreendeu, ele demonstrou uma mistura de emoções, alegria e choro. A emoção do reencontro foi muito grande de ambas as partes, choraram juntos abraçados, beijaram-se, enlevado por inúmeras declarações de amor. Diana sentiu que seu marido ainda a amava e que era possível recomeçar seu casamento.
No mesmo dia saíram juntos, beijaram-se e abraçaram-se muito, esquecendo que havia mais alguém mais alguém envolvido, a namorada dele. Diana sentiu-se culpada pela situação embaraçosa em que se encontrava e pediu a ele que esperassem um pouco até que tudo fosse resolvido. Ele a pediu que aguardasse um tempo até que ele conversasse com a namorada e entrassem em acordo, ela concordou.
Alguns dias se passaram e seu ex-marido terminou o relacionamento com a namorada. Em seu pensamento achou que iriam ficar juntos. Entretanto, ele pareceu confuso, atordoado e indiferente. Demonstrava distancia e uma certa indiferença, não mencionava em reatar o casamento, ficava calado, frio, distante, e isso a afligia muito.
No dia seguinte ele já havia voltado para a namorada e mudou totalmente o seu tratamento com Diana. Mediante a surpresa ela ficou arrasada e mil pensamentos passavam pela a sua mente. Como isso pôde acontecer? E o amor que ele demonstrava sentir por ela nesses dois anos de separação, aonde estava? Por quê aquele comportamento tão indiferente? E o choro, a emoção do encontro, as palavras ditas e repetidas várias vezes nesses dois anos e no aeroporto? O que significava, era tudo mentira, fingimento? Ela não podia acreditar no que estava acontecendo. Era demais para a sua cabeça e para o seu coração. Principalmente, porque percebeu que ainda sentia algo muito forte por ele.
No início Diana pensou, está confundindo os seus sentimentos, que talvez fosse apenas ciúmes, despeito por vê-lo com outra mulher ou por saber que foi trocada por outra. Ou talvez quem sabe fosse orgulho ferido. Mas logo percebeu que estava enganada, não era simplesmente despeito ou ciúmes, se assim fosse, não doeria tanto, não consumiria o seu coração daquele jeito. A decepção maior de Diana foi descobrir a verdade, seu esposo não a amava e não a queria de volta. Essa verdade doeu, chegou no profundo, no mais âmago do seu ser. E o pior de tudo foi descobrir que ainda o amava. O fato de saber que seu ex-marido amava outra mulher era no mínimo inaceitável, mas ela estava impotente, não podia fazer nada, tampouco se conformava com aquela situação. Sentiu-se traída, enganada, frustrada como nunca havia imaginado em toda a sua vida. Sofria muito a cada dia que passava com a indiferença do ex-marido.
Por diversas vezes tentou conversar com ele a respeito, mas ele mudava de assunto ou dava respostas evasivas. Foi difícil para Diana aceitar o que o havia perdido e que nada podia fazer para mudar aquela situação. E como se não bastasse ainda era obrigada a vê-lo circulando com a namorada como se nada tivesse acontecido. Ela desejava fugir, sair correndo, voando dali para casa. Todavia, isso não era possível, tinha seu filho que estava muito feliz com a sua presença, se pelo menos ela pudesse leva-lo embora, mas ele estava fazendo tratamento de saúde e tinha também a escola. Não tinha solução, precisava ficar ali, aguentar, suportar aquele sofrimento por mais algum tempo.
Compartilhar o mesmo espaço com seu ex-marido era terrível e trazia muito sofrimento, e noites inteiras acordada. Não sentia sono, fome, seu organismo parecia estar oco, sentia um grande vazio que não sabia explicar. Não conseguia pensar em nada, exceto que havia sido iludida, enganada durante dois anos e não conseguia se perdoar por não ter percebido. O que amenizava o seu sofrimento era o filho, seu príncipe amado.
Após algum tempo teve que se conformar ou acabaria morrendo de tristeza e fraqueza. Tomou uma decisão, dali em diante se comportaria de forma diferente, iria divertir-se e aproveitar o tempo com o filho, esquecer tudo que passou. Decidiu, não permitiria que nada atrapalhasse o seu momento de lazer com o filho. Arrancaria de seu peito qualquer tipo de sentimento que nutrisse por seu ex-marido. Todavia, nada tirava aquele vazio do seu coração. Nem mesmo quando saia para se divertir com as amigas conseguia esquecer. Tentou relacionar-se com outra pessoa para esquecê-lo, mas não passou de tentativas frustradas.
Não aguentava mais passar por tudo aquilo, decidiu ir embora, mas o filho delicadamente a pediu que ficasse até a festa junina de sua escola, ele iria se apresentar e fazia questão de sua presença. Concordou, não queria magoar o filho. Contudo, tremia ao pensar que teria que suportar a presença do seu ex-marido com a namorada dividindo o mesmo espaço, era terrível só em pensar, mas faria pelo filho. Foi o tempo mais longo de sua vida. Finalmente, chegou o dia de voltar para casa.
Em seu peito ardia uma chama forte, que doía profundamente, ficar longe do filho por mais algum tempo e deixar o seu ex-marido nos braços de outra. A Esperança estava como um fio de cabelo, mas ainda resistia. Apesar da dor que sentia, teve de aceitar, acabou, o tempo apagou o amor que ele dizia sentir por ela. Chega! Precisava esquecê-lo, ou seria consumida aos poucos por esse sentimento que ela jamais conseguiu entender. Por quê precisou perde-lo para descobrir que o amava? Por quê se separaram se ainda se amavam? Sentimento não se explica – pensou Diana.
Marsla Araújo