O PRIMEIRO BEIJO...NÃO SE ESQUECE

O primeiro beijo...não se esquece

Sherry, sentiu o sabor do seu primeiro beijo, aos 11 anos de idade, numa linda tarde junina, na escola do bairro em que morava, se apaixonou, seu primeiro e inocente AMOR, mas eram ambos muitos jovens e logo se separaram e ela chorou por noites a fio, prometendo a si mesma não mais se apaixonar.

Aos 14 anos de idade, ouviu seu coração bater forte outra vez, por um jovem estudante de mecânica, durante longas semanas foi um amor platônico. Um certo dia, numa das poucas vezes que ia ao centro da cidade, ela o viu sentado num dos bancos da praça, próximo ao côreto, engole seu orgulho em seco, esquece sua timidez por uns segundos, e se aproxima, o cumprimenta com um simples e cordial, boa noite! Senta-se ao seu lado, e fica em silêncio, como se anestesiada, pensa no que dizer, nada vem com coerência a sua mente, balbucia algumas poucas palavras, baixinho, como a falar pra si mesma, como a ensaiar um texto teatral, um monólogo foi fluindo, em seguida uma conversa, surte naturalmente, a partir daí, os encontros passaram-se a ser frequentes, sempre aos fins de semana, em que ele voltava para casa, depois de uma semana de estudos na capital, Num desses encontros, ele decide finalmente falar que tem uma namorada, um surto emocional a abate, Sherry, decide se afastar, para tentar esquecê-lo...

Passados alguns longos e pesarosos meses, numa dessas casualidades da vida, em meio a festejos da padroeira da cidade, encontram-se casualmente, e seu coração a trai, volta à tona toda a situação, embaraçada , coração palpitando anormal, cruzam olhares e se cumprimentam, ela friamente segue, mas ele a segura pela mão e a puxa para si, abraça-a e acontece aquele tão querido e esperado beijo, ela o afasta assustada, suas faces cor de rubis se faz, ela toda derretida se entrega àquele doce abraço, nesse momento confessa que o ama, que sente sua falta, mas que se manterá afastada, ele questiona, mesmo querendo ficar é firme e decidida e se vai.

O vai e vem de pessoas a deixa encabulada, suas pernas tremem da emoção daquele momento que não era esperado, ela se despede e segue para o seu destino, vira-se disfarçadamente, e ele continua lá, parado, a lhe olhar, ela quer voltar, mas sabe que não deve, e continua a caminhar, agora com passos lentos e firmes, pensando e murmurando para dentro de si: - Ele tem uma garota, não posso voltar atrás.

Passados várias semanas, de noites mal dormidas, lágrimas sentidas e de coração sangrando, ela toma a decisão de ir atrás do seu amado, monta em sua bicicleta e sai pedalando até o centro da cidade, à procura do seu amado, perguntando aos amigos que encontra pelo caminho, quem o viu. Sem obter sucesso, cansada, olhos lacrimejantes, coração partido, desenganada, volta a pedalar, e de repente... ao longe o vê sentado na calçada lateral da igreja matriz, encosta sua bicicleta, vai levemente em sua direção, tentando não ser vista, o coração descompassado, quase a denunciar sua chegada, silenciosamente senta-se ao seu lado, é só quando ele se apercebe de sua presença e sorri, nada dizem, seus olhares dizem tudo o que precisam, o que muitas palavras não diriam, beijam-se sofregamente, seu coração agora sossega e está feliz, aos poucos se acalmando, os batimentos cardíacos voltando ao normal, deleita-se desfrutando do lindo e maravilhoso momento, único de um amor que estava contido, que buscou em suas fraquezas, a coragem necessária para aquela tarde acontecer, foi a mais linda de todas as tardes, é chegado o momento da despedida, ela tem um longo caminho de volta pra casa, não pode se atrasar, eles se despedem, com promessas de outros encontros, em fins de semanas, e que passaram-se a ser costumeiros.

Um certo e amargo dia, inesperadamente, ela o encontra aos beijos com outra garota, e seu coração se parte, sonhos desfeitos, a decepção invade o seu ser, o dia se torna negro aos seus olhos, sem que ele a perceba, ela se vai dali, o orgulho talvez, tenha sido culpado de não voltar a procurá-lo, ela se decide e parte pra cidade grande, em busca de novos horizontes e motivos pra seguir em frente. Se fecha, tentando não amar outra vez. surgem propostas e todas rejeitadas, ela pune-se covardemente.

Passaram-se anos... ele casa-se, ela também, ambos com pessoas estranhas, mudam-se de cidades. Passados mais de 30 anos deste acontecimento, ela agora divorciada, o reencontra em um shopping na capital, fica surpresa, mas disfarça bem, só então toma conhecimento de que aquele amor nunca deixou de existir, que continua e ainda vive dentro de si, fala com seus botões para o coração se aquietar. Ele é casado, viver esse amor, é impossível. Um tormento reviver tudo isso outra vez, ele a convida para um encontro, ela se nega a viver esse amor proibido.

Reencontraram-se muitas vezes em festas dos amigos em comum, é desconfortável, desconcertante e incômodo, mas, também inevitáveis, ambos tem conseguido dominar suas emoções, porém arrancar do coração, travam essa batalha sempre.

...E assim os anos se passam...

Entretanto, houveram outros romances, companhias que amenizaram a sua solidão e dor, mas esquece-lo, deixar de ama-lo, nunca foi possível.

Neide Rodrigues, poetisa potiguar em 06/08/2018

Reeditada em 13/04/2020 às 23:41h

NeideRodriguesPoetisaPotiguar
Enviado por NeideRodriguesPoetisaPotiguar em 06/08/2018
Reeditado em 14/04/2020
Código do texto: T6411412
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