Obsessão de Milo II
Parte I: https://www.recantodasletras.com.br/contos-de-amor/6397293
Todos pediram o que desejavam comer e beber. Ulisses tentava evitar o olhar de Catharina, que parecia não se incomodar com a situação, e sabia perfeitamente como comportar-se em um grande evento.
- Estou curioso – outro médico à mesa, de aproximadamente cinqüenta anos manifestou-se – Por que exatamente você foi processado?
O doutor Ulisses parecia incomodado. Tomou um grande gole de vinho e demorou alguns segundos até responder:
- Eu realmente não gostaria de falar sobre isso agora.
- Bobagem! – o doutor Alberto manifestou-se - Foi uma injustiça, isso é o que foi! Médicos renomados como nós, somos perseguidos diariamente por pacientes loucos para sugarem nosso dinheiro.
- Ela foi amputada e lhe processou, doutor? – ele voltou a perguntar. Ulisses não queria entrar no assunto, mas devido a todos os olhares da mesa estarem sendo dirigidos à ele, sentiu que devia comentar sobre o assunto:
- Angelina foi minha paciente por alguns anos. Ela foi diagnosticada com osteossarcoma, um tipo raro de câncer nos ossos que piorava a cada dia. Ela tinha dores constantes no joelho, e como a radioterapia não estava surtindo o efeito, concordamos que seria o melhor a fazer, amputar-lhe as pernas do joelho para baixo. Continuamos com as sessões de rádio e de quimioterapia, e amputamos uma das pernas em uma semana. Duas semanas depois ela apareceu em meu consultório dizendo que a quimioterapia estava surtindo efeito, e que me processaria por ter amputado-lhe uma das pernas. Mas a verdade é que o estado dela já estava tão avançado que provavelmente qualquer médico teria feito a mesma coisa. Chegamos à conclusão de que a quimioterapia seria inútil naquele momento, mas estávamos errados. E agora estou respondendo a um processo por isso.
- Uau! – uma das acompanhantes manifestou-se – Essa é uma das razões pelas quais um médico deve sempre certificar-se do que está fazendo.
A mesa toda ficou em silêncio. Alguns minutos depois, Ulisses e Alberto encontravam-se no bar do salão. Suas acompanhantes estavam à mesa, conversando alegremente.
- Bela companhia, a sua! – o doutor Alberto dirigia-se à Ulisses, enquanto examinava sua acompanhante – A doutora Amélia é uma mulher e tanto, mas você deve saber, ela é um tanto quanto... – ele parecia procurar a palavra perfeita.
- Precipitada? – o doutor Ulisses respondeu.
- Exatamente. Mas eu não a julgo, de forma alguma. Uma mulher em seus quase quarenta anos procura algo sério, uma estabilidade emocional.
- Agradeço pelo conselho – Ulisses deu um gole em seu whisky – Mas não acredito que vá me ser útil. Somos apenas grandes amigos de longa data.
- Entendo. Você pode arrumar algo melhor. – ele continuava – Não que Amélia seja ruim, pelo contrário. Mas você sabe, alguém mais jovem, mais alegre, com mais disposição...
- Como Lorena? – ele aguardava ansioso pela resposta do colega, enquanto a admirava tomar seu vinho do outro lado do salão.
- É uma bela moça, não é? – ele dizia orgulhoso – Mas sim, como ela.
- Onde a conheceu?
- Aonde é que você acha? – ele deu uma risada sarcástica – É uma acompanhante de luxo.
Ulisses sentiu seu mundo desabar. Deu um grande gole em seu whisky e tentou recuperar o fôlego, tentando tirar todo tipo de imagem ruim de sua mente.
- Acompanhante de luxo? – ele perguntava, tentando disfarçar o nervosismo – E o que ela faz? Lhe acompanha para as festas?
- Basicamente. – ele respondeu, rindo – Mas você não acha mesmo que iria contratar uma garota dessas sem que pudesse aproveitar depois, não é? Lhe dê alguns trocados a mais e ela será não só a melhor acompanhante de luxo que já sai, como a melhor garota de programa também. Agora se você me der licença...
Ele se retirou e foi de encontro à Catharina. Ulisses ficou ali sentado, ainda muito abalado para conseguir andar ou falar alguma coisa. Não conseguiria imaginar aquela bela mulher nos braços de outro. Avistou Amélia aproximar-se do bar e rapidamente tentou recuperar-se.
- Você está bem? – ela perguntou-lhe, preocupada.
- Sim, estou.
Os dois retornaram à mesa e preparavam-se para ir embora. O doutor Alberto, um homem de aproximadamente 50 anos, cabelos pretos, barriga saliente e um bigode vantajoso acendia o charuto de sua belíssima acompanhante.
- Doutor, devo lhe dizer uma coisa – ele inclinou-se para Ulisses – Tenho bebidas muito melhores do que essas em minha residência. Mas não estou a fim de chamar todo mundo da mesa, porque todos aqui me parecem chatos e monótonos demais, com exceção de você.
- Eu agradeço o convite, – o doutor Ulisses respondeu – mas já estou cansado. Preciso deixar Amélia em casa cedo.
- Me deixar? – Amélia intrometeu-se na conversa – Nada disso, podemos ir para outro lugar se quiser!
- Então está combinado! – o doutor Alberto não aceitava um não como resposta – Vamos sair disfarçadamente, e vocês podem seguir meu carro até minha residência.
Contrariado mas sem vontade de argumentar, Ulisses fez o que lhe foi pedido. Chegaram à mansão do doutor Alberto e prontamente um mordomo lhe veio recolher o casaco.
Aproximadamente vinte pessoas encontravam-se na sala de estar, com roupas não tão formais, bebendo, conversando e rindo. Uma banda de música clássica tocava para alegrar o público.
- É uma pequena festa informal – o doutor Alberto lhe disse – mas como você sabe, não quis chamar a todos. Pode ficar à vontade.
O doutor Alberto afastou-se em direção à uma roda de amigos e Amélia lhe disse que precisava ir ao banheiro. Quando acomodou-se em uma das poltronas, avistou Catharina conversando alegremente com um dos convidados, quando seus olhos se encontraram. Ela rapidamente desviou o olhar e pediu licença, retirando-se da sala. Sem pensar duas vezes, Ulisses a seguiu.
- Catharina! – ele a chamava enquanto ela caminhava rapidamente pelo corredor, até que segurou-a pelo braço. Ela virou-se bruscamente e olhou para as mãos dele em seu braço, e logo depois pra ele, que entendeu o recado e retirou suas mãos dela.
- Não me chame assim! – ela respondeu.
- Me desculpa. – ele tentava encontrar palavras para abordá-la – Eu apenas... Por quê?
- Doutor, eu não lhe devo satisfação sobre a minha vida, muito menos sobre o que faço com ela.
- Eu sei, eu só me preocupei. O doutor Alberto não é exatamente o tipo de pessoa que trata uma mulher com o devido respeito.
- Bom, não é exatamente pelo respeito que estou saindo com ele, se você ainda não percebeu.
- Isso é pela sua mãe?
Ela hesitou por alguns segundos e respondeu:
- Sim. Olha, isso não é bem o que planejei para a minha vida, ok? Mas eu preciso. Agora se você me der licença...
Ela deu meia volta sem olhar para trás. Ele parecia abalado e transtornado. Dirigiu-se para o bar da casa e preparou uma dose de whisky. Acendeu um charuto e preparou outra dose. Algum tempo depois, Amélia apareceu ao seu lado:
- Vá com calma! Você precisa dirigir!
- Não se preocupe – ele respondeu, virando outra dose.
- Não, me dê isto aqui! – ela puxou o copo da mão dele, ao mesmo tempo em que ele virou-se irritado e respondeu:
- Me devolva este copo agora! Você não tem o direito de me impedir de nada!
Ela parou por alguns segundos e lhe devolveu o copo. Ele sentiu-se mal e lhe pediu desculpas.
- Eu sinto muito, não estou muito bem!
- Tudo bem – ela parecia não saber o que responder – Estarei conversando com os convidados, se precisar de algo. Com licença.
Ela retirou-se do bar e ele parecia mal, mas sem forças ou vontade de desculpar-se novamente. Levantou-se da cadeira e sem que ninguém percebesse, subiu as escadas para o segundo andar da casa. Ainda escorando-se pelo corredor, parou por alguns segundos para recuperar a sobriedade. Foi quando avistou uma luz em um dos cômodos da casa e resolveu averiguar do que se tratava.
A porta do quarto estava entreaberta e iluminada apenas pelas velas. Avistou uma cama e o doutor Alberto totalmente nu sobre ela. Do outro lado do quarto, Catharina caminhava em direção à ele, agora com seus longos cabelos ruivos soltos, trajando apenas uma lingerie de renda preta, salto alto, meia calça e suas longas luvas pretas de pelica.
Era possível ver apenas sua cabeça e torso, já que o resto do corpo se camuflava no fundo das cortinas pretas, dando a impressão de ser uma belíssima Venus de Milo. Ela continuava andando lentamente em direção à cama, tocando seus seios fartos e rosados em um gesto delicado e lento, quando seus olhos verdes à luz de velas encontraram-se com os de Ulisses através da porta.
Ele escondeu-se rapidamente por alguns segundos, e voltou a olhar. Ela encontrava-se em cima do médico, que estava de costas para a porta, beijando-lhe os seios e apalpando-lhe o corpo todo. Ela virava o pescoço para trás, em um gesto de tesão e muito prazer, e quando abria seus olhos escondidos entre seus longos cabelos ruivos, ela continuava olhando para Ulisses, parecendo excitar-se ainda mais com ele assistindo-a.
Ela já estava totalmente nua quando empurrou gentilmente o corpo de Alberto para a cama, ficando agora totalmente de frente para a porta, dando à Ulisses uma visão completa de seu corpo nu. Ela pegou firme e delicadamente o membro extremamente duro de Alberto e colocou-o entre suas pernas, encaixando-o devagar e suavemente. Cravou suas unhas no peito do médico e começou o movimento para cima e para baixo repetidamente, dando à Ulisses a visão perfeita do membro do médico entrando e saindo de dentro dela.
Ulisses sentiu que seu corpo formigava e que todo o sangue se acumulava em sua região íntima. Tocou-se em seu membro e sentiu que precisava aliviar-se rapidamente, pois seu membro já doía de tão duro.
Ela continuava a gemer de prazer e a sentar mais rápido, ainda olhando-o através da porta, seu quadril movimentando-se de maneira sensual, rebolando sem parar e deixando ambos os médicos loucos de prazer.
Ela rapidamente saiu de cima do médico, quando o mesmo ejaculou sobre os fartos seios da bela dama, tão forte e intenso que seu gemido de alivio poderia ser ouvido pelos convidados no andar de baixo facilmente. Ulisses retirou-se de lá rapidamente e entrou em um dos banheiros da casa. Lá, sentiu que seu membro provavelmente explodiria de tesão. Abriu o zíper e começou a tocar-se loucamente, imaginando Catharina rebolando sobre ele.
De repente, a porta do banheiro abriu-se com força. Era Amélia, que ficou encarando-o enquanto ele olhava para ela, ainda com o membro duro em sua mão.
- Eu vim verificar se você está bem – ela disse, ainda olhando para o membro dele duro.
- Eu... Eu só...
- Não precisa se explicar – ela entrou no banheiro e fechou a porta – Deixe-me te ajudar com isso.
Ela lentamente começou a tirar seu vestido, até ficar totalmente nua. Era uma mulher muito bonita, apesar de não ter mais o corpo tão perfeito quanto à uns anos atrás. Afinal, já era mãe de um garoto. Ulisses encarava-a sem dizer uma só palavra, enquanto ela rapidamente atirava-se contra ele, deitando-o sobre uma banheira vazia.
- Amélia...
- Não precisa dizer nada – ela colocava o membro dele extremamente duro entre as suas pernas – Eu só quero te ajudar.
Ela sentava devagar em seu membro duro, olhando-o nos olhos. Era tão quente e tão bom, ele não agüentaria muito tempo, estava excitado demais pra isso.
- Oh, Amélia, eu não vou agüentar – ele gemia alto, sabia que a qualquer momento ejacularia dentro dela.
- Faça comigo o que quiser.
Alguns segundos depois, ele sentiu um formigamento pelo corpo todo e um calor subindo pelo seu membro. Em uma explosão de prazer, sentiu que seu membro agora já não doía como antes. Um alívio percorreu seu corpo ao mesmo tempo em que a sensação de culpa o pegava.
- Não se preocupe! – Amélia dizia ainda em cima dele – Eu estou aqui!
******
Ele estava em sua casa, tomando uma dose do seu whisky quando o telefone tocou.
- Alô.
- Ulísses. Precisamos conversar.
- Amélia? – ela parecia tensa.
- Sobre aquela noite. Nós precisamos conversar.
- Não acho uma boa idéia – ele virou o resto de seu whisky.
- Passo aí às 9.
- Não, Amélia... – tarde demais, ela já desligara o telefone.
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Ele estava no hospital cuidando de Josephina, quando Catharina entrou na sala de internação.
- Doutor Ulisses – ela estendeu o braço e ele a cumprimentou – Como está indo tudo?
- Bem – ele respondeu, tentando parecer tranqüilo – Muito bem, na verdade. Sua mãe está reagindo perfeitamente ao medicamento.
- Sério? – Ela abrira um grande sorriso, parecia muito feliz.
- Veja por você mesma!
A gangrena estava diminuindo aos poucos, e sua mãe parecia estar muito melhor de saúde. Após um tempo a sós com sua mãe na sala, Catharina retirou-se. Encontrou ao doutor Ulisses no corredor e o cumprimentou cordialmente.
- Catharina, espere! – ele ia atrás dela, quando a mesma parou e encarou-o.
- Algum problema, doutor? Com a minha mãe?
- Não – ele respondeu – Com ela tudo ótimo. Eu precisava mesmo era conversar com você.
- Me desculpe, mas se não tem mais nada sobre a minha mãe pra falar, eu preciso ir embora, estou atrasada...
- Espere, é importante! Será que podemos sair para conversar? Por favor?
- Talvez. – ela respondeu, contrariada – Mas não agora. Estarei livre às 9 e meia.
- Mandarei um taxi para te buscar.
Ela nada respondeu e retirou-se do hospital.
[Continua]
Parte 3: https://www.recantodasletras.com.br/contos-de-amor/6397535