Página da saudade
Ainda nos seus cadernos, rabiscos e mais rabiscos contavam a estória da menina dos sonhos, hoje com dois filhos adolescentes. Ela conversava com quem ela queria, num tom pessoal, afável, sem reticências...E naquele momento estava ela com o seu grande e eterno amor...
Você é meu pai em certos aspectos e pai de um filho meu. Eu penso que aquele seu jeito carrasco lá no começo foi o que mais me seduziu. Você simplesmente me rejeitava como gente e só queria me usar.... se afirmar como macho, e eu queria lhe seduzir a qualquer custo pra chamar sua atenção.
Ela revelava também um outro lado da sua psique que justificaria a sua entrega sistemática a quem ela julgava ser uma sedução:
como eu sempre fui carente, fui me entregando aos namorados mais velhos porque ao menos sabia que não iam dizer a ninguém que eu era casada. Mas eu tinha muito medo, medo de violência nas palavras ou fisicamente.
E na sua vida, apesar de ela ser uma pessoa inteligente, estudiosa, culta, ela sofreu na alma a dor do desprezo que o pai lhe impôs a vida quase toda. Simplesmente por ela ser uma garota curiosa dos homens... namoradeira.
Nessas coisas ela julgava que o poeta lembrava o que ela sentia pelo pai: amor, medo, vontade de ser notada, querida. Mas o poeta não era ele; era uma mistura de pai-marido, homem, amor...
E fechava a página da saudade com um suspiro:
Ah! Mas me dá uma saudade...