Cachorro.
Abro meus olhos fitando em minha volta, calmamente estico meu braço para o rosto cobrindo o mesmo dos raios de Sol que entravam pela janela.
Respirando fundo me levanto pegando a garrafa que deixava toda noite ao lado da cama e caminho até a janela.
Fico admirando por minutos as pessoas na rua e volto a andar até a cozinha, não mudando a seriedade do mesmo rosto.
Puxando a cadeira lembro das palavras do médico e assim vou em direção ao remédio, pegando um bilhete carinhoso escrito pela minha mãe, abro um leve sorriso e seguro as lagrimas que lutavam para sair.
Volto a sentir o aperto no peito e rapidamente tomo o remédio, saindo da cozinha direto para meu quarto, me encolhendo no edredom.
Fico tentando não pensar que estou só, infelizmente não consigo e as lágrimas simplesmente saem me fazendo adormecer.
Abro meus olhos fitando em minha volta, agoniada pela escuridão me levanto para ligar a luz e noto que a outra porta do corredor estava aberta, caminho até o quarto e silenciosamente fecho.
Respiro fundo e vou até o banheiro, após vou à cozinha e procuro algo para comer.
Alimentada me levanto e vou saltitando até meu quarto, pego o notebook entrando nas redes sociais, assim, ficando feliz com a realização dos sonhos dos meus amigos.
Começo uma série, passando a noite toda para finalizar e adormecer em seguida.
Abro meus olhos fitando em minha volta, respiro fundo e pego meu celular respondendo todos nas redes sociais, caminho até minha mãe a abraçando antes dela ir trabalhar.
Vou ao banheiro e me troco, lavo o rosto e me vejo no espelho sorrindo.
Ando até a cozinha e pego a faca, passando devagar no meu braço sem ferir, coloco a mesma na pia e continuo andando, paro em frente a porta a abrindo.
Já na rua vou caminhando feliz e virando telespectadora de várias vidas que passam por mim.
De alguma forma me sinto completa e a dor do peito desaparece, porém vejo um cachorro machucado e assim vou até a padaria comprar petisco.
Voltando noto que ele não estava mais lá, retomando o vazio no peito.
Já ficava tarde, retorno para casa, cada vez o coração fica mais pesado e dolorido, entro e observo o gritante silêncio, caminho até a cozinha pegando a mesma faca que havia deixado, passo com força nos pulsos e ando até os remédios, tomando um anticoagulante.
Caminho até minha cama e me enrolo no edredom, assim, adormecendo.