O único amor certo
Talvez fosse por descuido dela, talvez fosse o destino, mas ela, de alguma forma, estava constantemente apaixonada por alguém. Às vezes era por alguns dias, às vezes por meses, mas nunca passava duas semanas sem se apaixonar por alguém.
Mas dessa vez foi diferente – ela sempre acha que vai ser diferente – dessa vez ela não percebeu que estava se apaixonando. Ela foi indo, foi vivendo, se questionando quando seria o próximo a quebrar seu coração, mas nunca achou uma resposta. Até que um dia olhou em volta, respirou e parou de se preocupar um pouco com o rosto do próximo alguém. Fechou os olhos e quando os abriu quase levou um susto – mas não um susto de quando vê algo ruim, mas um susto porque nunca havia percebido que a pessoa estava logo ali, embaixo do nariz.
Ah! E como ela era bonita. As curvas do seu quadril, as covinhas que afundavam suas bochechas, a ponta do nariz dela: simplesmente linda. Ela quase achou que estava sonhando, encontrar alguém tão linda assim e como se sentia estúpida por não ter visto ela antes: a garota dos seus sonhos! Parada bem ali no seu quarto, num sábado à noite depois de uma festa do pijama. Como ela não percebeu que a próxima paixão estava logo ali?
Ela se aproximou da menina mais perfeita do mundo e quando foi tocar nas bochechas dela, sentiu frio. Nunca tinha sentido superfície mais dura e fria do que aquela e nunca esteve mais confusa. Percebeu que a garota era ela mesma, atrás de um vidro frio e presa dentro da razão de sua existência. Não sabia se chorava porque não podia tocar na linda menina, ou se ficava feliz por ter encontrado a próxima paixão.
Chegou, enfim a uma conclusão. Todas as paixões que ela teve, ela podia encostar; e justo essas foram as que quebraram seu coração repetidas vezes. Mas agora, que não podia encostar, sabia que esse amor iria durar, pois aquilo que você não pode tocar não pode ser destruído.