ENCONTRO DE LINGUAS
Estava indo a uma Mostra de Cinema da Rússia e, animada via a cidade como por encanto se transformar: era como se a pobreza se travestisse em espaço colorido por lantejoulas e paetês. Estava excitada pela oportunidade de aprofundar seu conhecimento daquele país exótico e misterioso. Será que o inesperado traria alguma surpresa amorosa?
Foi uma tarde multicultural com a vibração de um espaço cosmopolita, com jovens e velhos imigrantes prontos para ouvir a exposição do crítico de arte, que conduziu sua fala em torno do fechamento estético e ideológico da cultura russa. Uma mistura de povos e gerações antenados pela magia do cinema.
Após a apresentação do crítico sucederam-se questões da plateia. Todos levantaram cada um a seu modo indagações a respeito do tema: o cinema da Rússia oscilava entre o conformismo e a resistência ou mantinha a chama revolucionária?
Na saída do evento ela se encontrou por acaso com o crítico de arte. O rapaz confirmou a suspeita da agonia do socialismo no mundo, pois os russos não mais se mobilizavam por seu ressurgimento: “Faziam mais uma pressão de viés humanista contra o autoritarismo de Estado com poucas forças, mas resistindo às trevas, onde mesmo um filme honesto, já poderia ser resistência ao regime.”
Entre eles rolou uma empatia na troca de ideias aumentando o clima de encantamento e admiração. Chegaram à conclusão que estes momentos breves, mas verdadeiros são que fazem a vida valer a pena. Foi um passo decisivo para viverem um romance curto e intenso. Não é que foi mesmo uma “premonição romântica” e com um final feliz? E, o resto é “poeira de estrelas”como os russos gostam de dizer.