Eleanor e os 3 desejos
"Eu só quis realizar três desejos e em instantes foram os mais insanos aos olhos de todos que viam, pois a certeza das minhas escolhas estavam o céu, o inferno e um labirinto típico de Vênus e Marte..."
16:00 horas Comarca de Piracicaba, no Estado de São Paulo...
Ela estava em uma audiência frente à um Juiz, qual comandava em uma intolerante perplexidade ao seu processo, junto com uma Promotora daquelas semelhantes à carolas que saíram de alguma Sacra Igreja preconceituosa e pior... Do interior.
Sua calma era evidente e ela tinha uma postura tão elegante, qual estava sempre em instigantes e sedutores ares de uma mulher totalmente desenhada para ser única.
- Eleonor, me digas qual o motivo lhe fizeram a ideia ou desejo de cometer estes delitos, quais ferem a sociedade?!
- Meritíssimo Doutor Juiz José Carlos Figueiredo Coimbra de Souza Leitão e Barros do Rêgo Filho, a minha cliente não pode responder à esta pergunta tão tendenciosa em aspectos que lhe dizem ter cometido delitos, sem estes serem de sua total atribuição ou premeditação.
- Então... Estes três senhores são, o quê?!
- Na visão que me cabe da defesa e da qual tenho ciência do aspecto moral e social, eu digo em pensamentos algo, mas em alto e bom tom saindo de minha arrojada fala... Eu digo que são hipócritas!!!
Em total espanto o Juiz pede um recesso de 30 minutos...
- Você é louca?!
- Não! Só digo que esta mulher fez o que eu posso fazer e por sua covardia não fiz.
Saí de uma sala o Juiz e a advogada, com os olhos fuzilando pessoas em 360°.
No Ministério Público estava a representante... Dra. Sarah Listina Amargon Maldaves da Silva e diante do brusco recesso de 30 minutos, aproveitou para preparar um belo veneno contra a acusada, Eleonor Maria Alice Junqueira Mazzarino.
A Promotora via aquela situação com tamanho desprezo e diante a oportunidade, estava lascando um vil texto conservador e qual faria uma fácil e rápida interpretação condenatória... Eleonor estava fritando ao óleo fervente do Ministério Público.
Voltando à audiência...
Os três homens foram interrogados pela Promotora e todos diziam que a acusada lhes prometeu fidelidade, amor, respeito e manter a união até sua tão inevitável morte. Sendo um tanto espantoso como ela havia feito a proeza de três vezes jurar, diante do santo altar.
João Ignácio Ferreira Sá da Costa, era um empresário que comandava uma das Empresas do automobilismo e era um homem com aspectos urbanos, qual sempre estavas com os melhores ternos, gravatas, sapatos e viajando daqui e dali.
Ricardo Coelho de Souza era um empresário, surfista e mergulhador, qual vivia em sua casa de praia, fabricava pranchas, vendia equipamentos de mergulho e tinha aquele ar todo menino do Rio... Um autêntico homem de boa vida.
Frederick Stefan Vön Schmidt... Ele era Empresário, agrônomo e fazendeiro.
Tudo caminhava de acordo com às técnicas de acusação da Promotora e diante de tudo a Advogada fitava o Meritíssimo Juiz, qual nem prestava mais atenção à Promotora.
Diante de tantas acusações e um silêncio súbito da defesa, o Juiz resolveu dar como insatisfatória a audiência e pediu aos três homens que trouxessem provas que condenaria Eleonor por bigamia em quadrantes de tudo ser analisado por uma comissão técnica de 3 psicólogos e uma avaliação precisa com um médico da área de Psiquiatria. A Promotora ficou pasma e quis argumentar que isto era tão desnecessário e deveria dar a sentença como feita em condenar Eleonor, qual era nitidamente uma mulher que não respeitou a sociedade em suas leis da família e costumes da honra. Porém, a audiência terminou assim, como o Juiz determinou.
Passaram uns 15 dias...
- Eu sei... É evidente que a nossa situação é bem diferente da dela. Eu vejo que você está levando tudo à extremos e eu não suporto mais não tê-la aos meus braços... Eu quero sentir os seus beijos insanos e penetrar meu todo em você!!!
- Acredito que a doença da sua esposa e a falta de interesse do meu marido, nos dá a chance de fazer muito mais que algumas horas naquela sua chácara no meio do nada. Eu quero casar e para ter você o hoje, o amanhã e todas às horas que sentir desejos, TeSÃO e esta euforia que me sobe por segundos quando estou perto de ti.
- Amor...
- Não sou mais o seu amor... Eu prefiro seguir a vida triste de uma mulher casada com um demente que passa horas na Internet se masturbando com mulheres que nunca viu, ao invés de ser somente a amante de um homem que me quer e não quer em sua vida. Eleonor casou 3 vezes e se diverte mesmo que algum de seus maridos não seja o homem perfeito. Ela tem um marido na cidade, no campo e na praia... Acho que ao invés de ter bens materiais esta mulher foi inteligente, porque é feliz tendo os bens sexuais que alimentam e iluminam su'alma.
- Oras! Não se compare com esta mulher insana e sem moral. Você é o meu amor e somente me têm.
- Não sou o seu amor. Eu vou procurar ser igual Eleonor e vou realizar os meus três desejos.
- Você deseja um homem voraz na nossa Comarca, outro que te leve com prazeres e orgasmos d'entre montanhas e mergulhe profundo nos sentimentos intrínsecos do seu oceano?!
- Sim!!!
Diante da conversa tão inevitável, ambos estavam com uma decisão à ser tomada.
14:00 horas do dia 21 de Setembro...
- Muitas vezes, jurar diante de provas contrárias é o mesmo que aumentar o crime, não acredito que ainda insisti em se dizer inocentemente uma mulher que apenas quis amar e nada mais.
- Sim, amei e amo os três!!!
Com avaliações dos técnicos psicólogos e o laudo de um psiquiatra, a Promotora resolveu pedir condenação por crime de bigamia sem nenhum outro argumento que viesse à ser exposto.
O Juiz estava meio que impaciente e quis ouvir a defesa, qual simplesmente respondeu estar em total desacordo ao Ministério Público.
A Promotora com olhar frio e maldoso, deu um sorriso sarcástico para a Advogada. Nesta atitude em disputar a vitória sem se preocupar com sentimentos ou vidas em questão, o Ministério Público sem pretensão despertou aos exaustos pensamentos do Juiz, algo à falar:
- João Ignácio, Ricardo e Frederik Stefan... Eu tenho como condenar Eleonor em crime de bigamia e ela será encaminhada ao CDP, mas assim que tenha vaga no presídio desta Comarca, ela cumprirá a sua pena sem direito à visitas e nem aproximações dos três senhores, quais se dizem lesados e a justiça buscaram.
No mesmo instante um pânico se adentrou d'entre os três que se olhavam sem saber ao certo o que dizerem à tempo. Eles ficaram mudos e em um completo desespero João Ignácio agarrou a Promotora pelo pescoço, Ricardo saltou em cima do Escrevente e Frederick Stefan puxou Eleonor para perto dele. Era uma cena tão confusa, mas digna das películas de cinema. Eles gritavam que sem Eleonor não iriam ficar e se ela fosse presa, iriam derrubar aquele fórum.
Eleonor se pronunciou no meio de toda a confusão:
"Eu só quis realizar três desejos e em instantes foram os mais insanos aos olhos de todos que viam, pois a certeza das minhas escolhas estavam o céu, o inferno e um labirinto típico de Vênus e Marte... Eu aceito ser condenada, mas não faça nada com eles... Eu amo eles três!!!"
O Juiz nem se intimidou ao ver tantas cenas e muito menos quis impedir, mas disse:
- Era tudo que eu precisava com os meus olhos ver para saber, pois não há crime algum quando se existe amor. Vocês amam Eleonor e ela ama vocês. Dou este processo como instinto e encaminhem ao arquivo.
A Promotora em fúria gritou:
- Eu protesto!!! Está existir uma loucura dentro desta sala e evidentemente estamos todos envolvidos em uma manipulação maquiavélica desta defesa tão suja!
- Maquiavélica deve ser a falta que o seu marido lhe faz, toda vez que passeia com o seu Cadillac azul céu na Rua do Porto, onde talvez encontre uma ninfa sedenta por ele e não uma esposa amarga, qual mal lhe dá atenção. Francamente Promotora! Reveja seu casamento e pare de azedar a vida alheia!!!
A Promotora ficou muda, saindo de lá com a cabeça baixa e nem assinando a sentença.
O Juiz bateu o martelo e olhou bem fixamente para a Advogada, qual deu um sorriso, assinou a sentença, passou para Eleonor assinar e ela com um olhar malicioso e a maldade angelical de um querubim, deixou a caneta cair no chão... No mesmo instante que a sua Advogada curvou-se à pegar a bendita caneta, Eleonor nas mãos do Juiz, pôde suavemente tocar.
Dias depois...
- Eu já disse que te amo?!
- Sim! Sempre me diz, quando fazemos amor... Ao intercalar de nossos encontros... No Fórum... Me possuindo em nossa Casa das Brisas Verdes e Ardentes, com o delicado som dos pássaros... Em uma insana e voraz audácia que vais penetrando-me feito uma âncora, neste barco ao som das ondas do mar... Ai-aiiiiiiiiiii...
- Então?! ... Tem os seus três desejos?!
- Tenho o meu amor!!!
- Oh! Minha Eleonor!
José Carlos e Eleonor, descobriram que o amor é mais forte que um súbito clarão e às vezes nasce ao som de um martelo, em uma escorregada esferográfica e no audacioso tocar das mãos.