NA LIDA DO AMOR
E quando a lida findava no campo, ele se banhava no rio que beirava as cercanias. Ficava horas debaixo da queda d'água curando as feridas do roçado, depois punha uma água de cheiro e subia no cavalo que já sabia o rumo de casa. Ela remexia a lenha para altear o fogo e ia olhando panela por panela. Cada qual com a sua gostosura. O radinho tocando uma moda sertaneja, daquelas antigas, de fazer doer o coração de tanta lembrança boa. Cantando baixinho, arrumava a louça na mesa, forrada com uma toalha antiga, toda feita de bordados de sua falecida mãe. Ajeitava o cabelo em frente ao espelho e corria para o portão. Os dois entravam em casa abraçados e depois de fazer uma oração, comiam, sorriam e conversavam. Era uma vida simples, cheia de comunhão.