Nosso Amor

Dizem que o amor é capaz de superar e suportar tudo. Sempre repeti essa frase clichê com certo receio.

Antes de nos conhecermos, tive alguns curtos relacionamentos porque nunca tinha sido capaz de suportar por muito tempo coisas que me faziam perder a paciência. Até que te conheci.

No início, tudo era agradável: o namoro apaixonado, o noivado comemorado e a ardente fase inicial do casamento (perco o fôlego só de imaginar àquelas semanas seguintes ao altar).

Todavia, o tempo foi passando e a rotina começou a nos sufocar. Bastaram-se apenas dois anos e meio de convivência para transformarmos a nossa vida em pé de guerra. Já nem conseguíamos mais assistir juntos sem brigar... Sentar-se à mesa na hora do jantar, tornou-se uma tortura. Nunca ficávamos no mesmo ambiente: se um estivesse no sofá, o outro estaria na cama com o celular em mãos.

Depois de tantas discussões frívolas, fomos vencidos pelo sentimento de fracasso e chegamos àquela temida decisão chamada separação.

Entretanto, quando vi seus olhos lacrimejarem ao cruzar a porta do quarto com uma mala na mão, compreendi que ainda nos amávamos e que não poderíamos permitir que tudo acabasse daquela triste forma.

O desespero tomou conta de mim, as lágrimas começaram a brotar e antes que chegasse à porta da sala, corri ao seu encontro, a mala caiu, você me abraçou forte, apertando-me contra o seu peito, beijou-me com tanta paixão e desejo, enquanto os meus cabelos se espalhavam. Emudecidos, fitamo-nos por alguns segundos, toquei o seu lado esquerdo do peito e segurando firme a sua mão, conduzi-o de volta ao quarto. Tivemos um fim de tarde maravilhoso. Não foram apenas corpos se tocando,

foram almas se reencontrando.

Após a nossa entrega, pedimos perdão um ao outro e ainda ali, deitados com nossos peitos sobrepostos, refizemos nossos votos matrimoniais. Precisávamos tentar novamente. O nosso amor merecia uma segunda chance. Devíamos isso a ele.

Alguns minutos depois, acabamos adormecendo abraçados com nossas pernas entrelaçadas.

E hoje, quarenta e oito anos depois, aqui, nessa maternidade, ao ver pela primeira vez o rosto de nosso primeiro bisneto, não tenho nenhuma dúvida: quem arquitetou o nosso amor, sabia o quê estava fazendo... O nosso amor prevaleceu ao tempo.

Gabi Alves
Enviado por Gabi Alves em 28/06/2018
Reeditado em 28/06/2018
Código do texto: T6376467
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