UM AMOR QUE NÃO TEVE CHANCE

Olívia era uma garota linda aos auges dos seus 17 anos, sonhadora e decidida. Sonhava fazer enfermagem e para que houvesse essa possibilidade ela resolve ir para um convento, seus pais não aceitavam muito, mas já que era sua decisão sua mãe a apoiou cumprindo todas as exigências das freiras, comprou com grande esforço o enxoval de Olívia.

Início do ano, ela muda-se para aquele convento cheio de regras e exigências, que para a decepção dela, a diretora a matrícula no magistério, o que fez Olívia ficar com muita raiva, ela queria era enfermagem e não magistério.

As freiras descobrem outras habilidades dela e também a matricula em um curso de corte costura, elas fizeram tudo o que ela não queria. Personalidade forte dona da sua própria opinião, não cede aos caprichos daquelas freiras e vai tocando aquele ano sem muito entusiasmo.

Primeiro fala para elas: _Não gosto de costurar, não vou para este curso. Mas insistem e compram todo o material e entrega-lhe, Olívia simplesmente o guarda em uma prateleira que fica no corredor do seu quarto e nunca demonstrou qualquer interesse e nem se quer visita o curso.

Apesar de uma das freiras lhe ter perguntado se estava frequentando o curso e ela ter dito que não, elas não acreditaram que Olívia tinha opinião tão firme. E resolvem perguntar a professora.

_ Olívia tem frequentado as aulas?

_ Não, nunca apareceu. Diz a professora.

Mais uma vez uma das freiras quer a confirmação de Olívia e ela responde: _Não mesmo, não gosto de costurar e não vou para este curso.

Ela percebe que ela não seria tão fácil de manipular e fica quieta, parece que não tem muito que fazer. Ela tinha personalidade forte, sabia o que queria.

Olívia tinha outras ocupações no convento, assim como toda interna. Pela manhã atendia a portaria, atendia telefonemas e cuidava da limpeza da sala de espera, a tarde trabalhava na biblioteca, era o dia todo de ocupação. A noite estudava aquele curso indesejável, magistério. Cansada, muitas vezes dormia na sala de aula, principalmente nas aulas de matemática. O que fez surpreender a freira que ministrava as aulas, que apesar dela dormir nas aulas, suas notas eram boas, enquanto eram péssimas em língua portuguesa e em história.

Aproximam-se as férias do julho e Olívia é chamada por uma das freiras para falar das suas notas. _Olívia, você sabia que vai ser reprovada?

Com toda calma Olívia responde: Sim, sabia.

_Como você responde com esta calma? Indaga-lhe a freira.

_ Não quero fazer magistério, não quero ser professora, quero faze é enfermagem, jamais serei professora.

A freira sem ter o que argumentar fica quieta, levando a resposta para a madre superiora.

Aos domingos gostava de ir à missa à noite para ajudar na parte litúrgica em uma igreja que estava em construção, a Igreja de São Sebastião. Inicialmente ela ia acompanhada de uma freira e mais outra interna, depois as freiras liberam que fossem sozinhas.

Foi em uma dessas missas que ela despertou o coração de Roberto, um rapaz que tocava violão nas missas. Ele logo quis saber quem era Olívia, sabia que as irmãs do seu amigo Antônio, eram amigas dela e queria saber se ela iria ser freira, o que estudava e de onde era...

Assim contou a irmã de Antônio para Olívia, mas ela não o tinha percebido em nenhum momento, não era ligada a este tipo de coisa, apesar de paquerar o Antônio, era dele que ela gostava.

Mas como nem sempre o amor tem a mesma direção, ela não deu importância para os sentimentos de Roberto.

Ele trabalhava em uma farmácia que atendendo aos pedidos das freiras Olívia sempre ia comprar algum medicamento lá. E ele tremia quando a via. Sabendo disso ela não gosta tanto de ir.

Certo dia em seu horário de almoço, Roberto sabendo que era o horário em que Olívia estava na portaria, não se contém e vai pedir ela em namoro, em pleno movimento de entrada dos professores para aquele período de aula.

Roberto segurando-lhe as mãos e tremendo de emoção e com medo de um não, diz-lhe: _ Estou apaixonado por você. Aceita namorar comigo?

Olívia sem saber o que responder, diz-lhe: _ Vou pensar! Depois lhe dou a resposta.

Olívia estava com medo das freiras e da sua família, também não era dele que ela gostava, era do Antonio.

Ele esperava ansioso para uma resposta que não chegava, no domingo, ela diz que não.

Mesmo assim Roberto não desiste, imagina que seria por causa das freiras que teria dado aquela resposta.

Quase todos os dias ele liga para o colégio só para escutar sua voz ao telefone.

Quando a diretora do colégio descobre, a tira da portaria e proíbe que suas amigas da portaria, falasse que Roberto ligou.

Assim foi descoberto em uma reunião entre as internas e aquela maldita freira.

Chega o mês de dezembro e Roberto escolhe o mais intenso cartão de amor e leva para Olívia e outro mais simples para sua amiga.

Chega às férias e Olívia vai para casa, chateada por não ter alcançado os seus objetivos.

Roberto não esquece aquele rostinho meigo com aqueles cabelos dourado de Olívia e quer logo saber onde ela mora. Pede informação a sua prima que mora na mesma cidade que ela. Quer saber se o pai de Olívia é bravo.

Certo que ela o namoraria, eram apenas aquelas freiras que estavam impedindo. No dia de Natal, chega Roberto de surpresa na casa de Olívia. Sem graça ela o recebe e apresenta aos seus pais como seu amigo.

O receberam bem, servira-lhe um lanche, conversaram um pouco e depois foi embora.

Por várias vezes sempre que sabia que ela estava em casa, Roberto ia revê-la, mas não passava de poucas conversas, ela não dava atenção para ele, seu coração não batia por ele e acho que nem por ninguém.

Gostava de estudar, voltou para casa e fez o curso de contabilidade, já que o sonho de enfermagem estava sendo difícil para realizar, mas como era muito boa em número gostava do que fazia.

O tempo passou e nunca mais Roberto a procurou.

Para Olívia, amar teria o tempo e naquele momento o seu tempo eram dos estudos.

Hoje Olívia lembra com saudade daquele amor que ela mesma não deu a chance de nascer.

Marlene Rayo de Sol
Enviado por Marlene Rayo de Sol em 16/06/2018
Reeditado em 16/06/2018
Código do texto: T6366002
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