Outra Vez - O início (Parte 2)
Essa história começou como muitas que começam num bar, com um poeta e seu violão.
Ana Maria saiu com as colegas do trabalho, para um chopp. Era aniversário de Angélica e elas aproveitaram para beber e cantar "até o dia raiar!!!", falavam num coro em meio a risadas de muita cumplicidade.
O moço do violão era um gato e Ana Maria não desgrudou os olhos dele. Sabia cantar todas as canções e ele percebeu. Numa pausa que fez, passou pela mesa e deu uma piscadela para ela. A moça se derreteu. Foi um alarido na mesa, as amigas esbanjavam simpatia por Ana Maria e torciam para a moça, já balsaqueana, se desencalhar.
- Gente, eu tô tonta, esse moço olhou para outra mesa! Piscou para Letícia. Não foi para mim!!!
As meninas foram se despedindo e Ana Maria ficou sozinha na mesa. Pediria um motorista pelo aplicativo, mas quando tentava solicitar o serviço, ouviu a voz dele atrás dela.
- Ei! Quer ajuda? Pra onde você vai?
Ela se voltou e viu o músico, violão nas costas, pronto pra sair.
Decidiu ajudá-la. Ela não parecia muito bem.
Perguntou se ele poderia acompanhá-la até em casa. Se sentia um tanto "alta" e para sua surpresa ele aceitou.
No dia seguinte ela se deu pela coisa. O que foi que ela fez?
E o que aquele homem fazia, dormindo no sofá da sala?
- Bom dia! Está se sentindo bem?
- Nossa, me desculpe... Não me recordo nada do que se passou ontem. Você...
E antes que ela terminasse ele disse que ela adormeceu no seu ombro dentro do carro. Ele achou que era melhor deixá-la na cama. Contou que achou uma manta no armário e que fez um café forte pra ela antes de deixá-la em seu quarto.
A moça, ficou tão envergonhada, agradeceu e perguntou o nome dele, pela primeira vez.
Juliano era do interior de Minas, morava com um conterrâneo e tocava na noite para tirar seu sustento. O rapaz estava acostumado com a vida nos bares, o assédio das moças (e até de rapazes, contou rindo meio envaidecido), mas tinha notado que Ana Maria gostava mesmo do seu estilo musical e perguntou se ela não queria ouvir algumas músicas de sua autoria.
- Claro! Você canta muito bem, mas depois que tocar, eu te peço, não me leve a mal, vá embora. Isso nunca aconteceu.
O rapaz cantou e tocou até a hora do almoço e ela, sem jeito, o convidou para ficar.
- Convite feito, convite aceito!
Cozinharam uma massa juntos, se divertiram com histórias que ele lhe contava.
Ana Maria sentou-se num banquinho enquanto ele lavava as louças. Uma forma de retribuir "o rango". Ela reparou nos cabelos crescidos, na barba por fazer... Ele era atraente.
Ele deu-lhe um beijo na testa e disse que gostou de conhecê-la. Perguntou se ela voltaria no bar e ela riu dizendo "never more". O show que dera não se repetiria. Pileque não era com ela. Foi um momento de fraqueza... Afinal, Marcelo tinha rompido com ela fazia um ano mas ela ainda não se recuperara. E aquelas músicas... Trouxeram à tona, tantas lembranças...
Ana Maria contou-lhe toda a história, ele também lhe contou as aventuras amorosas que viveu, e ela achou interessante, pois, para cada enredo romântico, ele tinha uma música para ilustrar.
Já estava anoitecendo e ele perguntou se ela se importava dele ficar.
Ana Maria achou estranho, pensou que não era uma boa ideia. Ele fez uma carinha que tocou o coração dela, deu-lhe outro beijo na bochecha e foi embora.
Ana Maria fechou a porta e sentiu uma saudade imensa do rapaz. Será que deveria tê-lo dispensado? Pensou. Era melhor esquecer o episódio e seguir em frente.
Ponderou se contava o ocorrido para as amigas... Elas não iriam acreditar.
No dia seguinte, Ana Maria aproveitou o sábado para faxinar a casa e fazer compras no supermercado. Quando ia saindo de casa, notou no canto da sala uma palheta que Juliano perdera.
Seria a única lembrança dessa loucura... Guardou no sutiã e seguiu o seu dia.
Cláudia Machado
16/6/18
Nota: Esse é o segundo episódio dessa história, porém conta como tudo começou. Ouça a canção Outra Vez, que fiz em parceria com Germano Ribeiro, nessa página (áudios).
Essa história começou como muitas que começam num bar, com um poeta e seu violão.
Ana Maria saiu com as colegas do trabalho, para um chopp. Era aniversário de Angélica e elas aproveitaram para beber e cantar "até o dia raiar!!!", falavam num coro em meio a risadas de muita cumplicidade.
O moço do violão era um gato e Ana Maria não desgrudou os olhos dele. Sabia cantar todas as canções e ele percebeu. Numa pausa que fez, passou pela mesa e deu uma piscadela para ela. A moça se derreteu. Foi um alarido na mesa, as amigas esbanjavam simpatia por Ana Maria e torciam para a moça, já balsaqueana, se desencalhar.
- Gente, eu tô tonta, esse moço olhou para outra mesa! Piscou para Letícia. Não foi para mim!!!
As meninas foram se despedindo e Ana Maria ficou sozinha na mesa. Pediria um motorista pelo aplicativo, mas quando tentava solicitar o serviço, ouviu a voz dele atrás dela.
- Ei! Quer ajuda? Pra onde você vai?
Ela se voltou e viu o músico, violão nas costas, pronto pra sair.
Decidiu ajudá-la. Ela não parecia muito bem.
Perguntou se ele poderia acompanhá-la até em casa. Se sentia um tanto "alta" e para sua surpresa ele aceitou.
No dia seguinte ela se deu pela coisa. O que foi que ela fez?
E o que aquele homem fazia, dormindo no sofá da sala?
- Bom dia! Está se sentindo bem?
- Nossa, me desculpe... Não me recordo nada do que se passou ontem. Você...
E antes que ela terminasse ele disse que ela adormeceu no seu ombro dentro do carro. Ele achou que era melhor deixá-la na cama. Contou que achou uma manta no armário e que fez um café forte pra ela antes de deixá-la em seu quarto.
A moça, ficou tão envergonhada, agradeceu e perguntou o nome dele, pela primeira vez.
Juliano era do interior de Minas, morava com um conterrâneo e tocava na noite para tirar seu sustento. O rapaz estava acostumado com a vida nos bares, o assédio das moças (e até de rapazes, contou rindo meio envaidecido), mas tinha notado que Ana Maria gostava mesmo do seu estilo musical e perguntou se ela não queria ouvir algumas músicas de sua autoria.
- Claro! Você canta muito bem, mas depois que tocar, eu te peço, não me leve a mal, vá embora. Isso nunca aconteceu.
O rapaz cantou e tocou até a hora do almoço e ela, sem jeito, o convidou para ficar.
- Convite feito, convite aceito!
Cozinharam uma massa juntos, se divertiram com histórias que ele lhe contava.
Ana Maria sentou-se num banquinho enquanto ele lavava as louças. Uma forma de retribuir "o rango". Ela reparou nos cabelos crescidos, na barba por fazer... Ele era atraente.
Ele deu-lhe um beijo na testa e disse que gostou de conhecê-la. Perguntou se ela voltaria no bar e ela riu dizendo "never more". O show que dera não se repetiria. Pileque não era com ela. Foi um momento de fraqueza... Afinal, Marcelo tinha rompido com ela fazia um ano mas ela ainda não se recuperara. E aquelas músicas... Trouxeram à tona, tantas lembranças...
Ana Maria contou-lhe toda a história, ele também lhe contou as aventuras amorosas que viveu, e ela achou interessante, pois, para cada enredo romântico, ele tinha uma música para ilustrar.
Já estava anoitecendo e ele perguntou se ela se importava dele ficar.
Ana Maria achou estranho, pensou que não era uma boa ideia. Ele fez uma carinha que tocou o coração dela, deu-lhe outro beijo na bochecha e foi embora.
Ana Maria fechou a porta e sentiu uma saudade imensa do rapaz. Será que deveria tê-lo dispensado? Pensou. Era melhor esquecer o episódio e seguir em frente.
Ponderou se contava o ocorrido para as amigas... Elas não iriam acreditar.
No dia seguinte, Ana Maria aproveitou o sábado para faxinar a casa e fazer compras no supermercado. Quando ia saindo de casa, notou no canto da sala uma palheta que Juliano perdera.
Seria a única lembrança dessa loucura... Guardou no sutiã e seguiu o seu dia.
Cláudia Machado
16/6/18
Nota: Esse é o segundo episódio dessa história, porém conta como tudo começou. Ouça a canção Outra Vez, que fiz em parceria com Germano Ribeiro, nessa página (áudios).