Noite Fria
Planeta. Sinto-me como Atlas, fadado a ter sobre meu jugo este planeta pela eternidade, uma pressão avassaladora me consome, não há como escapar, tudo está contra mim, por todo o lado que olho, lá está a infelicidade que tento despistar, nada mais há em mim do que o anseio pela felicidade.
Mas onde está? como posso alcançá-la? não existem respostas em lugar algum, como então posso aguentar a necessidade que me consome, a pressão que me oprime a dor que me molesta? não há ponto do meu corpo que não sinta essa terrível agonia, afundada estou neste agouro.
Contudo, fecho meus olhos buscando por paz, não espero que a encontre, mas a busca tira minha atenção da realidade, é tudo o que preciso.
Logo estou em um campo, é ensolarado, o trigo ainda crescente desponta no horizonte, mostrando que a vida continua a brotar, virtuosa como o sol que aconchegante toca minha pele, cá estou eu sozinho.
Olho para os lados mas não encontro os limites deste lugar, tudo o que me resta é o infinito de calma e silêncio, tanto busquei que agora encontrei, mas por que?
Logo ao longe esta figura desponta, brilhante como a estrela mais cintilante da constelação, emanando uma aura que me encanta, ao meu encontro ela se dirige, mas a distância não reduz, tão mais perto ela se encontra, mais distante de mim parece estar, qual é o sentido disso? me debato, a paz parece esvair-se.
Um vento forte sopra, o céu se obnubila, uma tempestade se levanta com um estrondo tal qual um batalhão, corro para alcançá-la mas é inútil, minhas forças se acabam e sou condenado a apenas olhar, enquanto o vento cada vez mais veemente à carrega para nunca mais.