Minhas Recordações- Cap. 4
Capitulo IV- Semana longa
A semana cheia de ansiedade, os pensamentos bagunçados, sempre focados no seu olhar, a boca ainda sentia o gosto doce do seu beijo e o coração agora palpitava com mais agilidade e emoção.
A paixão era nítida, durante as aulas o olhar era perdido num universo distante dos livros de matemática ou Língua Portuguesa não tinham mais significados, o caderno que antes era usado para a cópia das matérias de provas escolares, agora era utilizado para rabiscar corações com nossas iniciais, pequenos versinhos aonde aquele meninão era o protagonista. Tudo tornou- se intenso em minha vida, o beijo dos casais apaixonados eram como um desavir de emoções, não precisava muito para que eu lembrasse o toque firme de suas mãos, do doce dos seus lábios e na intensidade do seu olhar, apenas fechando os olhos eu podia me lembrar em detalhes de cada minuto daquela noite de sábado.
A semana já estava acabando, finalmente sexta- feira anoiteceu, o banho saiu antes do horário habitual, jantar, escovar os dente e dormir logo, quanto antes eu dormir, mais rápido chega o sábado. E assim aconteceu.
O sábado chegou, com tanta alegria, lindo dia ensolarado, janelas abertas, cama feita, não chegava nunca a tardezinha. E quando finalmente ouvi aquele barulho de motor, nada parecia mais entusiasmante, te ver descer daquele carro, era a certeza que eu precisava, para confirmar que não era sonho, tudo realmente havia acontecido.
Lindamente, com sutilidade e ternura, mais uma vez pude corresponder ao seu sorriso que me dizia “também pensei em ti a semana toda”. Mas dessa vez podíamos trocar aceno. A noite de sábado sempre iniciava com a missa, então como boa cristã participei mais um sábado, porém de corpo presente e pensamentos muito longe das palavras do Padre, só conseguia entender que estava na hora de senta-se ou de levantar-se mais nada.
Finalmente acabou, hora de sentar com a turma na praça e jogar conversa fora? Não! Hora de sentar com a turma e torcer para que ele apareça. E assim depois de algum tempo, finalmente pude ouvir o som da sua voz e sentir o doce toque de suas mãos a me cumprimentar. Risos, piadas, debates sobre assuntos escolares, todo tipo de assunto a galera arrumava, parecia que o mundo ia acabar, ninguém fazia silencio, era um complô contra a nossa “deixa” para sair rapidamente daquele lugar e ficarmos finalmente á sós.
Mas quem tem amiga, tem tudo mesmo, rapidamente percebendo nossa inquietação a amiga chamou a galera para fazer uma vaquinha e comprar o refrigerante daquela noite, sugerindo que eu e ele fossemos buscar. A vermelhidão mais uma vez tomou conta das minhas bochechas, mas o coração estava alegre como criança que ganha um brinquedo.
Então lá estávamos nos a caminho do barzinho da esquina, ele com aquele monte de trocado na mão, parou no meio do caminho, meio desajeitado guardando o dinheiro no bolso da frente se sua calça jeans. Ao me olhar e sorrir perguntando como tinha sido minha semana, o que eu tinha feito? Faltou bem pouco para lhe contar que havia feito nada além de pensar no seu beijo, mas a timidez não permitia tamanha ousadia, então um ligeiro “nada” saiu sem aviso. Uma gargalhada, “Uma menina tão linda como você, e nada acontece? Não acredito!” , risos envergonhados, “Ué, nada de bom eu quis dizer”. Chegamos no barzinho(...)