Um minuto
Era um bom dia, o sol estava lindo, acordei de bom humor, tomei meu café, peguei minha mochila e resolvi ir andando para a escola. Maldita escolha.
Ele estava lá, tão lindo e tranquilo... E tão focado em não me olhar, não perceber minha presença, me ignorar por completo que meu dia foi se autodestruindo durante o exato um minuto que ele esperava para o sinal fechar e então seguir seu caminho. Esse tempo foi mais que necessário para me lembrar de tudo... Desde o primeiro momento, a primeira vez que os olhares se cruzaram e se demoraram uma fração de segundos já condenando os dois corações, as primeiras palavras que fizeram meu coração acelerar, ou o abraço inesperado e desajeitado que me deixaram vermelha, as conversas de madrugada que só me faziam apaixonar mais, os textos que roubavam meus melhores e maiores sorrisos bobos, o primeiro beijo...
Primeiro beijo, que fui eu quem deu. Eu não aguentava imaginar por mais um segundo, como seria beijar a pessoa dona do meu coração, eu tinha que fazer e fiz... O seu sorriso bobo quando eu me afastei aqueceu meu coração, e eu queria nunca mais afastar minha boca da dele, seu toque me acalmava mais que camomila, as brincadeiras tiravam uma felicidade que há muito se escondia dentro de mim, suas palavras eram doces e eu acreditava em cada silaba, acreditava que ele era meu tanto quanto eu era dele!
Eu me lembro muito bem do quanto amargas eram as lagrimas quando ele foi, do buraco que ficou no meu peito, a falta de esperança de sorrir novamente, de amar de novo... Mas não é esse o motivo das lagrimas rolando pelo meu rosto enquanto o observo, o que dói é saber que vivemos tudo isso juntos e que não é uma lembrança só minha, mas que pra ele não significou o suficiente para olhar para o lado e acenar, ou forçar um sorriso, ou até mesmo só um aceno de cabeça. Quando o sinal fechou e ele começou a sua caminhada, sequei minhas lagrimas, ergui minha cabeça e escolhi o caminho mais longo para a escola, garantindo que não tivesse chance do nosso caminho se cruzar novamente, a cada passo eu me convencia de que eu não precisava desse olhar dele, as lembranças boas estavam na minha mente, de como me senti amada um dia, e isso que importa... O resto... Bem, é resto