BUSCA DO SONHO PERDIDO
Às vésperas de completar a sétima década, Elga olhava para si e Baal, seu companheiro, de muitos anos e perguntava o que os fazia estar juntos nessa caminhada da vida.
Eram diferentes demais, sempre foram. Mas uma coisa admirava nele, seu bom humor. Sorria com facilidade e trazia sempre uma pilhéria nova que os fazia desabar de rir.
Às vezes passavam o final de semana todo em casa. Ele sentado em frente à televisão, ou a fazer palavras cruzadas e ela a bordar, escrever e acompanhar ele nos filmes que achava a seu gosto.
Elga adoraria ter feito grandes viagens, sonhava em estar na proa de um navio e olhar lá de cima o mar e o por do sol. Tomar drinques e dançar ao som da orquestra na festa do almirante. Descer nos Portos e ir conhecendo as cidades que o navio aportaria. Convidou Baal durante anos, mas ele não aceitava. Ele gostava somente de viajar pelo interior do seu estado e por ali ficava.
Certo dia criou coragem, comprou a passagem de navio, escolheu uma cabine que tinha janela para o mar, arrumou a mala e despediu de Baal.
Retornou aos 32 anos de idade, antes de conhecer Baal.
Cabelos castanhos, um metro e sessenta e três de altura, calça jeans, blusa branca, jaqueta de couro vinho, bolsa e bota preta, chegou ao Porto e alcançou a subida da rampa para o navio.
Seus olhos castanhos esverdeados brilhavam, seus cabelos voavam e o coração pulava de emoção na realização do seu desejo de anos. Ao entrar na sua cabine abriu a varanda e já estava no meio do Oceano. A água batia forte e balançava um pouco. Esperou pelo magnífico por do sol a pratear a água e ficou até ele desaparecer no mar.
Descansou um pouco, tomou seu banho e colocou o vestido vermelho comprado para a ocasião e foi para a festa do Almirante.
Lá conheceu Etai, um italiano charmoso de cabelos pretos e olhos acinzentados. Conversaram, beberam, riram, dançaram, passearam pelo convés, trocaram beijos, apaixonaram, conheceram outros portos e cidades. Amaram muito.
Despediram e cada um voltou de onde partiram....
Acordou com Baal chamando para tomarem café que já passava das nove horas.