O ANEL

O ANEL
28 03 2018
Aclibes Burgarelli

A vida é um enorme castelo, com muitas dependências. O nascimento é a entrada no castelo. As regras naturais permitem que, durante certo período de vida, todas as portas de todas as dependências fiquem abertas e ventiladas, para uso indiscriminado. Infância, adolescência, fase adulta e envelhecimento são as fases que marcam lembranças das dependências do castelo. Algo impactante acontece ao se alcançar a fase do envelhecimento. Sem que se espere acontecer, de repente, todas as portas se fecham ao idoso; uma força estranha o empurra para fora do castelo e o aloja em um casebre humilde e distante; quase que inacessível para pretensos visitantes. Nesse momento, aquele que foi isolado, perplexo, pergunta a si próprio: Porque todas as portas se fecharam? Para tentar responder à indagação do ancião, personagem deste conto, busco na memória as lições de vida que sempre recebi (de graça e com muito amor) da minha querida e pranteada mãe. Certa feita, estávamos sentados em um banco de jardim, da casa onde morei, conversando; em dado momento, perguntei a ela porque havia um tratamento diferenciado entre mim e meus irmãos? Com a sabedoria inerente à natureza daquela maravilhosa mulher, escutei a seguinte resposta: Meu filho, em cada mão temos cinco dedos; todos estão ligados à mão, mas não são iguais e, por essa razão natural, se eu pretendesse embelezá-los com anéis, seria obrigada, mesmo contra minha vontade, a comprar anéis diferentes quanto ao tamanho, sob pena de um ficar apertado em um dedo diferente e, outro, ficar largo, em outro dedo. Assim são os filhos, as amizades, os irmãos, os parentes e até mesmo os amigos. Cada um deve receber conforme Deus o criou e segundo seu estágio evolutivo. Presentes e bens materiais podem ser diferentes, mas haverá muito amor em colocar o anel, seja lá qual for seu tamanho, no dedo escolhido. Um beijo querida mãe.

Aclibes Burgarelli