O LIVRO DE POESIAS

Depois de um ano e um mês, ela estava certa que não haveria mais intimidades entre os dois.

Foi naquela tarde de segunda-feira que Laura tinha cogitado a levar o livro que prometera ao Jorge.

Pôs gotas do perfume Frances que ele mesmo havia lhe dado, um vestido florido e longo, certa que não seria assediada por ele e marcou o encontro.

Sem que Jorge esperasse, Laura envia-lhe uma mensagem perguntando se quer que leve o livro.

Ele pergunta: _ Hoje? É uma boa ideia.

Ela responde: _ Sim.

_ A que horas pode chegar? Pergunta Jorge, surpreso.

_ Daqui à uma hora estou aí, respondeu Laura.

_ Pode ser?

_ Pode sim, só queria saber se você vem para retalhar alguma coisa ou se quer mesmo vir? Perguntou Jorge um tanto assustado.

_Vou entregar o livro, ora. Não tenho nada para retalhar.

_Você vai buscá-lo na estação?

_ Vou te trazer aqui na minha casa, diz ele.

_Tudo bem, desde que me leve de volta! Concorda Laura.

_ Deixo-te no mesmo lugar de sempre, diz Jorge.

Ela se despede dele friamente por telefone, enquanto ele manda um beijo, ela responde com um tchau e segue até ao banheiro para retocar a maquiagem. Laura queria estar linda, sempre querendo provocar desejos, embora não era o que sentia por ele. Estava muito segura de si e tinha certeza que seria muito fria ao encontra-lo.

Jorge tinha sido uma paixão do passado, a quem ela o amou muito, sofreu, lutou para ficar com ele, mas ele não deu importância aos seus sentimentos. Embora tivesse conservado um contato virtual e às vezes por telefone, o qual ultimamente ela estava fazendo descaso do que ele a falava.

Jorge tinha uma namorada e ela vivia postando na página dele os seus passeios juntos, hábito que ele não tinha com Laura. E quando ela o convidava para algum evento sempre tinha uma desculpa ou dava um “não” seco.

Aos poucos ela foi se afastando dele, muitas vezes desconversando e se sentindo mais segura. Estava certa que ele não merecia seu amor.

Aproveitou todo sentimento que tinha por ele e resolveu escrever um livro, o tal que ela prometera levar. Era um livro de poesias com histórias de amor contidas naqueles versos e ele sabia disso.

Laura havia voltado várias vezes para aqueles braços, porém agora não era mais seu desejo, embora ainda existissem algumas partículas de emoções perdidas em seu coração doce e ingênuo.

Por várias vezes, Jorge lhe propôs encontros e aventuras momentâneas, ela o ignorou. Pensou por diversas vezes enviar-lhe o livro pelas Agências dos correios, pois ainda sentia medo de uma recaída. Mas foi naquele domingo que ela ficou furiosa quando viu aquela foto na página dele. Os dois estavam se divertindo no clube de aeromodismo, local que ela sempre pediu para ir e ele nunca a levou.

Querendo mostrar-lhe que não significava mais nada para ela, encorajou-se e foi entregar o livro pessoalmente.

Durante o percurso ela não entrou mais em contato com ele; ainda no metrô o celular toca, era ele perguntando onde ela estava.

_ Na Estação Saúde, respondeu Laura.

_ Tá bom, já está chegando, diz Jorge.

Ela chegou à estação a qual ele a buscaria.

_ Pensou! Não vou ligar para ele, se quiser que ligue.

De repente o telefone toca novamente, era Jorge perguntando se ela ainda lembrava o local que ele a buscava, próximo ao estacionamento do banco Itaú.

_ sim, ela respondeu.

_ Então você vem que estou lhe esperando aqui, porque não estou encontrando local para estacionar.

Na verdade, ela já não lembrava mais, tratou de informasse com o segurança da estação e seguiu. Passou-se três minutos, Jorge liga outra vez para certificasse que ela estava mesmo indo.

Laura tinha ido pelo caminho diferente que ele havia ensinado e o avistou de longe, ele estava fora do carro esperando ansiosamente por ela. Laura apenas o cumprimentou com um “_oi”, não mais com aquele beijo de antes. Ele elogiou sua beleza, seu vestido e seguiram no carro para a casa dele.

Queria saber como ela estava e quais as novidades.

Laura estava linda com aquele sorriso encantador, esbanjando charme dentro daquele vestido longo e florido, ainda usava uma sandália bege com um salto de quinze centímetros. Jorge não lhe poupou elogios, repetiu por várias vezes: _ Você está muito chic!

Repetiu tantas vezes que ela respondeu: _ Mas eu sou chic e sorriu. Ele dá-lhe um sorriso e repete a sua fala.

Chegando a casa não fez diferente das outras vezes, ele agarrou-a e beijou-lhe quase a força. Laura o empurrou e disse: _Vim apenas trazer o livro.

_Vou tomar água!

_ Deixa que vou buscar para você, respondeu ele. Mas ela o acompanhou até a cozinha.

_ Você quer gelada ou natural? Pergunta Jorge.

_ Mista, responde Laura.

Entrega a água e segura sua mão, chamando-a para tomar a água em seu quarto.

_ Não, vim apenas te trazer o livro, não pense que vai acontecer algo a mais.

Ele sinicamente responde: _ Ah, mas posso te dá uns beijos. Joga-lhe na cama e a segura com força beijando-a muito. Ela dá risadas e o empurra levantando-se em seguida. E mais uma vez Jorge a segura e diz: _ Deite aqui ao meu lado pelo menos.

Laura deita-se com aquele vestido longo e nem se quer tira a sandália, ele se levanta e arranca suas sandálias e diz: _ Descalça você descansa melhor.

Ela ainda resiste, mas depois de tanta insistência, aceita que a tire as sandálias. Novamente volta a beija-la e insiste que deite de bruços para massagear as suas costas. Beija-lhe a boca, a nuca e ela não reage. Fica desesperado, tenta tira-lhe a roupa e ela se defende.

_ Não, diz Laura.

_ Te conheço, sei que não vai deixar mesmo, você é caprichosa e me faz sofrer.

Ela ri dele, ri da namorada dele. Por um momento, Jorge fica chateado e pergunta: _

Do que você riï?

_ Não vou te contar, diz Laura.

No fundo Laura pensa: _ Somos todos idiotas.

Depois de algumas horas de tentativas sem sucesso, eles levantam e Jorge leva Laura até a Estação como havia prometido despedindo-se dela com um beijo.

Marlene Rayo de Sol
Enviado por Marlene Rayo de Sol em 27/03/2018
Reeditado em 07/08/2022
Código do texto: T6292483
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