Maria Alice 2 - A descoberta
2 - A Descoberta
Saíram todos juntos, mesmo que meio atrasados pela condição de Maria Alice, mas contentes conversando sobre as coisas e dúvidas que iriam tentar sanar na reunião.
Chegaram ao salão, cumprimentaram a todos como amigos antigos, com beijos e abraços e com o aperto de mão tradicional e afetivo, transmitindo a confiança e o carinho de velhos amigos, independente do tempo que se conheciam ou ainda se, se conhecessem.
Claro que todos sabemos que o acaso, sempre é usado para explicar uma situação desconhecida por todos, mas, invariavelmente colocada para algum acontecimento por vir.
Como não poderia ser diferente, Maria Alice, nessa reunião, conheceu Carlos Alberto.
Um rapaz de dezenove anos, de muito boa aparência, muito cobiçado por todas as adolescentes, por ser de família tradicional, bem educado, que estudava na Capital e retornava pouco para sua cidade, justamente para passar suas férias, daí justamente o fato de quase ninguém conhece-lo pessoalmente.
Participaram, Ele, Maria Alice e todos os outros da reunião, onde o assunto (também por acaso) era “A União Familiar”.
Em dado momento da reunião, perguntou o Palestrante se todos haviam cumprimentado a pessoa ao lado e convidou a todos a renovarem esse cumprimento.
Nessa hora que, Maria Alice já estava exultante de tanta alegria por ter conhecido Carlos Alberto, ficou ruborizada e sem jeito, quando o rapaz além do aperto de mão, deu-lhe um, abraço, bem apertado, transmitindo-lhe um carinho jamais sentido antes.
A reunião prosseguiu como de costume, mas Maria Alice, agora, já não se cabia em si de sentir o que estava sentindo.
Carlos Alberto por sua vez, estava envergonhado por tal atitude tomada, entendendo que, como não era de costume o abraço, tinha ultrapassado o limite, mas que também fôra por impulso e que não estava arrependido, pois sentira que foi correspondido.
Claro que ao mesmo tempo, Dona Neusa, seu Augusto e seu Irmão Odair, se entreolharam sorrindo, entendendo que algo havia acontecido entre os dois, e que não pararia por aí...
A reunião acabou e todos foram em direção da saída, quando Maria Alice, sentiu novamente as cólicas voltarem, o que fez com que colocasse as mãos sobre seu ventre e se curvasse de dor, como se fosse cair...
Carlos Alberto que fazia questão de estar ao seu lado, imediatamente a abraçou, procurando segura-la, amparando-a para não cair.
Foi desespero total dos presentes, e imediatamente Carlos Alberto tomou-a nos braços e levou-a, junto dos demais para o Posto Médico, onde foi consultada e medicada diretamente pelo Dr. Dejanir.
Neste momento, todos estavam muito apreensivos com a situação de Maria Alice, quando, retornando dos procedimentos, Dr. Dejanir disse aos Pais e depois aos amigos...
- Infelizmente Maria Alice, tem um problema nos ovários, e vai ter que ficar internada para melhor avaliação.
Por mais que pareça estranho, quem mais sentiu o choque da notícia, foi Carlos Alberto, que teve que ser amparado para não cair, sem mesmo saber o porque.
Acharam todos, seus Pais, Amigos e a própria família de Maria Alice, que deveria ser por ter chegado de viagem na cidade naquela manhã e deveria estar esgotado, mas Carlos Alberto estava na realidade assustado, porque tinha tido pressentimento de perda da amada, mesmo sem conhecer, na noite anterior, não dando bola para o sonho e agora caia em si.
Após alguns minutos, se recompôs, pediu desculpas pelo acontecido, alegando ser realmente cansaço da viagem, mas que no fundo tentava somente tranqüilizar a todos e extremamente preocupado, sem ainda entender o porque de que quando por uma dádiva da espiritualidade encontrara após tanto procurar sua amada, deveria ser o encontro com tal impacto.
Disfarçando foi para casa e se pôs em lágrimas, lamentações e indagações à pedir ajuda ao Pai para que não pusesse fim a tudo que se passou na sua cabeça, nos segundos enquanto a abraçou.
Naquele momento Maria Alice era tudo para ele.
Chegando em casa, orou como nunca havia orado, para que não lhe fosse tirado o bem mais precioso já encontrado.
Mais calmo, assim que seus pais chegaram, perguntou sobre o estado da amada, tentando disfarçar sua preocupação, e seus pais, meio que sem entender, disseram que ela estava estável, sem dor, mas que teria que ficar de repouso e em observação e desconversaram.
Era chegada à hora do almoço e assim se fez.
Almoçaram conversando sobre o tempo que esteve fora estudando e ele, disfarçando, respondia, mas no seu íntimo, louco para correr e ver a amada, mesmo que sem entender o porque de tanto sentir, uma vez que tinham acabado de se conhecer, e nem ao menos conversado.
O domingo passou e no dia seguinte, Maria Alice foi para casa mas na obrigação de ficar em repouso, onde para ela não foi difícil, pois estava de férias escolares.
Carlos Alberto por sua vez, iria visitá-la todos os dias até o término das suas férias se fosse preciso, que seriam no início do mês seguinte.
Nesse meio tempo, foram feitos diversos exames e até um procedimento cirúrgico.
Maria Alice, embora assustada, estava confiante.
Como fora imaginado, Carlos Alberto todo dia visitava-a, embora também assustado, vendo o comportamento de Maria Alice, acalmava-se.
Com isso as famílias foram estreitando o laço de amizade.
Nesse tempo, Carlos Alberto em hora que as famílias estavam reunidas, pediu a mão de Maria Alice em casamento, o que foi prontamente aceito por todos e por sua amada.
Finalmente, após, aproximados 15 dias da internação, Maria Alice obteve alta e pôde voltar para casa.
Foi feita uma festa em comemoração ao retorno da filha ao Lar e o Futuro enlace do casal, patrocinada pela família de Carlos Alberto.
Agora a única preocupação era que Carlos Alberto e Maria Alice se deram conta que as férias estavam acabando e teriam que se separar.
Aparecia até então que eram amigos de tenra idade na forma como se tratavam e pareciam se conhecer, dos assuntos e desejos, afinidades e objetivos.
Conversavam sobre tudo e todos, faziam planos, carreira profissional, até a decoração da futura casa em todos os pormenores.
Como Carlos cursava o último ano do curso superior de Engenharia e Maria Alice, o curso técnico de enfermagem, resolveram por bem acabar seus respectivos cursos para Então poderem concluir o matrimônio, mesmo que sentindo um vazio pela futura separação, mas os planos seguiam a pleno vapor.
Agora os resultados dos exames de Maria Alice tinham sido concluídos e como sempre, o Dr. Dejanir solicitou a presença de todos interessados para demonstrar o resultado.
Bem... começou Dr. Dejanir...
- OS resultados dos exames não foram tão bons como esperávamos nem tão ruim quanto poderia ser.
Maria Alice tem uns cálculos nos ovários, indicando como Ovário Policistico, onde seu tratamento é bastante simples mas, requer acompanhamento, mas tem ainda uma alteração nas trompas onde sugere uma gravidez quando vier de alto risco, devido à má formação.
Todos ficaram aliviados e entenderam que a vida prosseguiria normalmente.
Chegara a hora de Carlos Alberto partir para seu último ano do curso e pôs-se preparar para a partida.
Mala pronta, passagem comprada e a apreensão da separação, começavam a tomar conta do casal.
Nesse dia, Maria Alice, triste pela partida de seu amor, quando conversavam no tempo que restava, perguntou:
Até agora, conversamos, nos conhecemos, mas até agora não entendi o que o fez me pedir em casamento sem nem me conhecer direito, e já de antemão digo que não entendi porque aceitei, apesar que hoje sinto que te amo imensamente como se sempre o tivesse amado.
O que o fez pedir a minha mão a meus pais?
Nessa hora, Carlos Alberto, ruborizou, sentiu uma espécie de vertigem e vontade enorme de chorar, numa intensidade como nunca havia sentido e com a voz embargada quase que sussurrou...
A sua perda, naquele momento, parecia a perda de mim mesmo como se já sentira isso uma vez e não poderia sentir novamente.
Como assim? Perguntou ela ao futuro marido.
Bem, sinto que em outros tempos, estive à beira do abismo, perdendo a minha companheira, pelo uso indiscriminado de Drogas e uma vida desregrada, indo do uso de Álcool, Drogas e sexo indiscriminado.
Não sei bem quando foi isso, porque a que eu saiba, não tive nada disso em minha vida presente.
O problema, continuando, é que em determinado momento, minha companheira, não agüentou, vindo a desencarnar em condições perturbadoras, por overdose, após internação de emergência para retirada dos ovários, com inflamação generalizada, o que acabou com único sonho de nossas vidas, que seria o filho que nunca teríamos.
De súbito, Maria Alice e Carlos Alberto puseram-se a chorar, como se estivessem revivendo uma situação anterior já passada.
Claro que não era como se estivessem passado e sim, Já haviam passado só que numa vida anterior e estariam tendo a oportunidade do resgate, para que nessa vida, pudessem seguir os caminhos pré-acordados na espiritualidade.
Dito isso, após alguns minutos de intensa emoção, sentiram um alívio e uma sensação de liberdade que jamais tinham imaginado.
Chegada a hora da viagem, Carlos Alberto e Maria Alice se beijaram e abraçaram-se com mais carinho e amor que jamais poderiam ter.
Nesse breve momento, Carlos Alberto confidenciou a Maria Alice:
- Agora entendi o porque da sensação que tivera ao pressentir a sua perda e também entendi que obtivemos o perdão do Nosso Pai Maior, nos abençoando e nos dando nova oportunidade.
Só que todos sabemos que, para a Espiritualidade, essa nova oportunidade nos trouxe como uma nova de resgate, um teste para realizarmos a nossa reforma, mas mesmo com toda essa evolução e oportunidade de resgate, os erros do passado ainda não foram sanados e que ambos ainda teriam que reparar.
E assim se despediram e tanto Carlos Alberto como Maria Alice, foram cumprir suas metas, prometendo que no reencontro o casamento se consumiria, constituindo finalmente uma família.