Théo entrou na cabana que existe dentro da fazenda perto da cachoeira e sente a presença do seu avô. Era seu lugar preferido e por alguma razão, que ele nunca explicou, a decoração ainda era da década de 70 e ele nunca permitiu nenhuma renovação. Estar na cabana era voltar no tempo: A vitrola, televisão, fogão, geladeira e os móveis. Seu avô cuidava da conservação pessoalmente e quis morrer na cama do quarto. Numa breve conversa poucos dias antes ele deu uma pequena pista:
- Vô qual a história desta cabana?
- Por que você acha que tem uma história?
- Tem uma história sim e muito bonita. Por que não me conta? Estou precisando de idéias para o meu próximo livro. - disse rindo -
- Você está certo, tem uma história. Uma história muito bonita. Você vai descobrir um dia e se descobrir terá um belo livro.
Sr. Nicolas adormeceu e a conversa terminou. Théo decidiu conservar a cabana e não mudar nada. Iria usar o lugar para escrever.
- Gosto da energia daqui. - pensou -
Seis meses depois Théo estava sentado na mesa da sala, em frente ao computador e não conseguia escrever nem uma linha. Seu editor estava pressionando-o para publicar outro livro mas sua mente estava bloqueada. Ligou a vitrola no rádio e uma música romântica da década de 70 tomou conta do ambiente. No final da música tudo apagou e apenas a luz do luar iluminava a casa. Théo acendeu a lanterna do celular e foi procurar a caixa de luz. Achou atrás da geladeira antiga uma pequena porta de madeira lacrada com um cadeado. O lugar na verdade era um compartimento onde tinha um caderno, uma envelope com uma carta e fotos do seu avô, ainda jovem, e outro homem que ele nunca tinha visto.
- A história - lembrou Théo -
Olhou atentamente as fotos e todas foram tiradas na cabana e ao redor dela. Tirou a carta do envelope e leu.
Querido Eliseu,
São 9 horas da manhã e acabo de ver o carro que, lhe levou para a clandestinidade, sumir na estrada. Clandestinidade! Nunca tinha ouvido nem falar nessa palavra. É difícil aceitar nossa separação. É difícil acreditar em Deus nessas horas. Dizem que Ele sabe o que faz mas não consigo me resignar à vontade Dele. Como vou viver sem você? Uma dor está me rasgando por dentro.
Você foi embora e ainda tínhamos tanto amor para viver. Não sei a quem recorrer neste momento de dor e nem rezar para acalmar meu coração eu consigo. Vou sentir saudades dos seus abraços, dos seus beijos, do seu sorriso e do seu jeito de fazer amor. Espero que você consiga fazer desse mundo um lugar mais justo. Faça por nós, pelo sacrifício do nosso amor. Você disse que voltaria mas tenho a sensação de que nunca mais nos veremos.
A nossa última noite vai ficar para sempre na minha memória. O banho de cachoeira, o vinho à luz do luar, as três vezes que fizemos amor tendo as estrelas como testemunhas, a última xícara de café de manhã e o último beijo.
Vai com Deus meu amor. Que ele te acompanhe e te proteja na sua luta para transformar o mundo. Eu vou ficar aqui te esperando nem que seja para sempre.
Eu te amo e amarei infinitamente.
Nicolas
Théo estava chorando e ao mesmo tempo perplexo. Não sabia o que pensar. O que teria acontecido com Eliseu? Abriu o caderno e viu que era uma espécie de diário escrito pelo avô e começava no dia 18 de dezembro de 1969. Resolveu ir para a última página que datava do dia 20 de agosto de 1970, um mês depois da partida de Eliseu. Ficou chocado com o que leu.
20 de agosto de 1970
Eliseu morreu. Foi metralhado ontem a noite quando voltava ao aparelho que morava clandestino. Soube que enfrentou a polícia mesmo sozinho. Ele preferiu morrer a se entregar.
Hoje está uma noite estrelada e olhando para elas sinto o calor do seu sorriso. Esteja onde você estiver meu amor, cuide de mim.
Até um dia.
A luz volta de repente. Théo deita numa rede na varanda e começa a ler o caderno do seu avô. Essa é a história da qual ele falou. A história de um amor rebelde.
- Vô qual a história desta cabana?
- Por que você acha que tem uma história?
- Tem uma história sim e muito bonita. Por que não me conta? Estou precisando de idéias para o meu próximo livro. - disse rindo -
- Você está certo, tem uma história. Uma história muito bonita. Você vai descobrir um dia e se descobrir terá um belo livro.
Sr. Nicolas adormeceu e a conversa terminou. Théo decidiu conservar a cabana e não mudar nada. Iria usar o lugar para escrever.
- Gosto da energia daqui. - pensou -
Seis meses depois Théo estava sentado na mesa da sala, em frente ao computador e não conseguia escrever nem uma linha. Seu editor estava pressionando-o para publicar outro livro mas sua mente estava bloqueada. Ligou a vitrola no rádio e uma música romântica da década de 70 tomou conta do ambiente. No final da música tudo apagou e apenas a luz do luar iluminava a casa. Théo acendeu a lanterna do celular e foi procurar a caixa de luz. Achou atrás da geladeira antiga uma pequena porta de madeira lacrada com um cadeado. O lugar na verdade era um compartimento onde tinha um caderno, uma envelope com uma carta e fotos do seu avô, ainda jovem, e outro homem que ele nunca tinha visto.
- A história - lembrou Théo -
Olhou atentamente as fotos e todas foram tiradas na cabana e ao redor dela. Tirou a carta do envelope e leu.
Querido Eliseu,
São 9 horas da manhã e acabo de ver o carro que, lhe levou para a clandestinidade, sumir na estrada. Clandestinidade! Nunca tinha ouvido nem falar nessa palavra. É difícil aceitar nossa separação. É difícil acreditar em Deus nessas horas. Dizem que Ele sabe o que faz mas não consigo me resignar à vontade Dele. Como vou viver sem você? Uma dor está me rasgando por dentro.
Você foi embora e ainda tínhamos tanto amor para viver. Não sei a quem recorrer neste momento de dor e nem rezar para acalmar meu coração eu consigo. Vou sentir saudades dos seus abraços, dos seus beijos, do seu sorriso e do seu jeito de fazer amor. Espero que você consiga fazer desse mundo um lugar mais justo. Faça por nós, pelo sacrifício do nosso amor. Você disse que voltaria mas tenho a sensação de que nunca mais nos veremos.
A nossa última noite vai ficar para sempre na minha memória. O banho de cachoeira, o vinho à luz do luar, as três vezes que fizemos amor tendo as estrelas como testemunhas, a última xícara de café de manhã e o último beijo.
Vai com Deus meu amor. Que ele te acompanhe e te proteja na sua luta para transformar o mundo. Eu vou ficar aqui te esperando nem que seja para sempre.
Eu te amo e amarei infinitamente.
Nicolas
Théo estava chorando e ao mesmo tempo perplexo. Não sabia o que pensar. O que teria acontecido com Eliseu? Abriu o caderno e viu que era uma espécie de diário escrito pelo avô e começava no dia 18 de dezembro de 1969. Resolveu ir para a última página que datava do dia 20 de agosto de 1970, um mês depois da partida de Eliseu. Ficou chocado com o que leu.
20 de agosto de 1970
Eliseu morreu. Foi metralhado ontem a noite quando voltava ao aparelho que morava clandestino. Soube que enfrentou a polícia mesmo sozinho. Ele preferiu morrer a se entregar.
Hoje está uma noite estrelada e olhando para elas sinto o calor do seu sorriso. Esteja onde você estiver meu amor, cuide de mim.
Até um dia.
A luz volta de repente. Théo deita numa rede na varanda e começa a ler o caderno do seu avô. Essa é a história da qual ele falou. A história de um amor rebelde.