Laura e Eduardo

Laura e Eduardo se conheceram em uma metrópole, enquanto ela estava em uma repartição pública, que ficava ao lado de um quartel do corpo de bombeiros. Laura estava sentada, à espera de uma amiga, quando Eduardo a viu e foi sentar no banco ao lado da moça. Ele chegou, de mansinho, e disse:
- Bom dia, posso sentar ao seu lado? Ela estava distraída e levou um susto, mas logo se tranquilizou porque o homem que estava à sua frente, usava um uniforme cor de carne, com divisas vermelhas, com uma identificação de sargento da corporação dos bombeiros. Ele, então, retrucou:
- Peço desculpas, assustei você... Posso sentar nesse banco? Laura, respondeu:
- Bom dia, pode sentar sim. Não vou demorar... Estou aguardando uma amiga que foi ao quinto andar e deve estar voltando. O homem olhava atentamente para Laura, que desviava o rosto para não encará-lo. Imediatamente, Eduardo continua a puxar assunto:
- Meu nome é Eduardo. E o seu? Sou sargento do corpo de bombeiros. Trabalho aqui do lado, estou saindo do plantão. Eu também estou à espera de um amigo que foi ao terceiro andar falar com a esposa que trabalha aqui.
Laura, mais à vontade, olhou para Eduardo e seus olhos se encontraram. Percebeu que os olhos daquele homem estavam um pouco avermelhado, de sono talvez. Sentiu um misto de compaixão ao pensar que estivera sem dormir e, certamente, devia estar exausto. Ele encarou Laura e comentou:
- O que foi? Olhou-me de um jeito diferente... Pareço com seu namorado? Brincou o homem que aparentava ter uns 35 anos de idade. Ela sorriu e retrucou:
- Não tenho namorado. Nesse momento, Eduardo sentiu um alívio pelo fato de saber do status de relacionamento dela e continuou:
- Você deve ser muito exigente e por isso não tem namorado. Eu sou divorciado...
Nesse momento, a amiga de Laura retornou e o amigo dele também. A amiga da moça avistou um homem conversando com a amiga, veio rindo ao encontro da amiga, deu boa tarde e ambas se preparavam para saírem, quando Eduardo se antecipou:
- Vamos continuar nossa conversa outro dia? E antes que ela respondesse algo, ele tirou um cartão de visitas e colocou na mão direita daquela mulher que o deixara encantado, em tão pouco tempo.
Laura sentiu a mão quente de Eduardo prender as suas mãos e ficou corada.Laura gostou daquela sensação, guardou o papel na bolsa e sorriu. A amiga percebeu o interesse da amiga por aquele homem e falou:
- Amiga, porque vocês não trocam telefones? Passe o seu número de celular para ele? Laura, gostando da ideia, embora relutante pelo fato de tê-lo conhecido há pouco menos de quarenta minutos, anotou o número do seu celular com seus dedos trêmulos e entregou nas mãos dele. Mais uma vez, sentiram o toque dos seus dedos e ambos ficaram avermelhados. A amiga sorriu e puxou Laura pelo braço para tomarem o metrô.
Ao chegarem em casa, o celular já anunciava uma chamada. Imediatamente, Laura pegou o telefone, torcendo para ser uma chamada do Eduardo. Era o seu pretendente, agradecendo pela conversa que tiveram e falando do desejo se encontrarem novamente. Ofegante, Laura disse que precisariam conversar um pouco mais pelo celular, mas afirmou que depois se encontrariam. Ela estava sorridente... Contou à amiga que conversaram sobre profissão e que havia afinidades entre eles, inclusive, ambos eram professores.
No dia seguinte, Eduardo ligou e no outro também. Laura, contente com o cuidado daquela pessoa que a atraía. Mas, quatro dias após terem se conhecido, o telefone toca e ao olhar o visor identificou a chamada como sendo o número do do Eduardo. Mas, do outro lado, uma vez feminina falou?
- Laura? Aqui quem fala é a mulher do Eduardo. Ele falou pra você que é casado? Um silencio imenso se formou e a mulher continuou:
- Ele tem um filhinho e está aqui comigo. Laura ouviu um choro de bebê, do outro lado da linha telefônica e desligou o telefone, sentindo um engasgo, num misto de raiva e tristeza. Sentindo-se decepcionada, garantiu que eles nunca mais se encontrariam.
Nos três dias seguintes, Eduardo ligou para Laura, mas ela não atendeu. Ele mandava mensagens e Laura não dava importância, Eduardo mandava mensagem de voz e nada da moça responder. Dois dias depois, ela resolveu ouvir a última mensagem de voz que havia recebido, que dizia o seguinte:
- Laura, tenho tentado falar com você... Não atende, não diz uma palavra. Fui visitar o meu filho, a minha ex-esposa pegou o meu telefone e ligou para você. Ela confessou que fez de propósito porque havia muitas ligações para o seu número. Mas, tudo bem, não vou mais insistir... Essa é a última vez que entrei em contato com você.
Ao ouvir a mensagem, o coração de Laura acelerou e ela sentiu medo de nunca mais ver o Eduardo. Então, decidiu dar uma chance para que explicasse o episódio. Mandou uma mensagem de texto, dizendo que se ele quisesse ligar, ela atenderia. Cinco minutos depois, os dois estavam conversando. Explicou a situação, garantiu não ser casado e que o acontecido era por motivo de vingança da ex. Disse que estava em uma cidade do interior, justamente a cidade que Laura passaria um mês de férias, e que poderiam se encontrar lá. Os dois se entenderam e marcaram o tão esperado reencontro.
Após uma semana, chegou o dia do encontro. Às 20h00min, lá estava Eduardo para apanhar Laura e saírem para comer uma pizza e se entenderem de vez. Coração aos pulos, Laura entra no carro e ao tentar dar um beijinho no rosto de Eduardo, em poucos segundos estavam experimentando o primeiro beijo. Laura afastou-se, sorriu e falou:
- Você me deve uma explicação! Fingindo-se zangada. Eduardo pegou na mão direita de Laura, fez um carinho e sorriu. Naquela noite, andaram pelas ruas de mãos dadas, comeram pizza, subiram a escadaria de uma famosa igrejinha. Trocaram beijos e abraços, conversaram sobre banalidades e sobre temas diversos. Estavam leves e felizes. Marcaram encontro para o dia seguinte e para muitos outros dias.
No namoro dos dois não havia cobrança e nem desconfiança. Laura costumava viajar e passar um bom tempo fora da cidade. Mas, sempre estavam juntos. Eduardo e Laura tinham gostos parecidos: gostavam de viajar juntos, gostavam de estudar, gostavam do mar, do pôr do sol, de frutos do mar, de água de coco, etc. Antes de dormir, depois do amor sempre tinha uma sessão de piadas.
Assim, se passaram nove anos. Eduardo, sempre deixou claro que não queria casar. Talvez fosse trauma do casamento desfeito. Nesse período, foram muitas idas e muitas voltas, mas sem nenhum ferimento grave. Agora, passados quase nove anos, Eduardo já falava da possibilidade dos dois viverem juntos em qualquer lugar, mas, de maneira bem estruturada. A princípio, Laura concordou e continuaram a se corresponderem, telefonemas, e-mails, uma vez que Laura estava trabalhando em outra cidade. Mas, muitas coisas aconteceram em todos esses anos. Foi uma convivência pacífica, algumas decepções, mas nada de muita gravidade. Agora, Laura já não tinha certeza de querer se unir a Eduardo. O tempo passou e, aos poucos, eles foram se afastando...
Hoje, Laura não sabe o paradeiro de Eduardo e vice-versa. Ela envia mensagens, mas não obtém resposta. Laura sente saudades dele, saudades da companhia, saudades da amizade, saudades do ex-namorado.


 
Joyce Lima
Enviado por Joyce Lima em 02/03/2018
Reeditado em 02/03/2018
Código do texto: T6269120
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