Conto:
A REJEIÇÃO
Quanto mais ele ouvia o som do violino acompanhando a canção, mas a inquietude lhe embaraçava a alma. De onde vem esse sentimento devastador que o importunava! Porque desejava tanto ser amado? Afinal, seu amor por si não bastava? Não queria as teorias psicológicas dos outros para se explicar. Queria sem esforço, reconhecer em si as repostas de seus porquês. Será que apaixonar-se, é mais precioso que amar a si mesmo?
Procurou ir fundo naquela sua dor: Ela dizendo que não o amava, e que estava interessada em outro!
Fizera análise por alguns anos e cogitou-se na terapia que ele procurava sempre alguém que não o quisesse, pelo fato de ter sido rejeitado pela mãe durante a gestação.
Queria inconscientemente repetir a sensação de quando estava feto no útero, sendo amargamente rejeitado? Pessoas nesse estado de conflito só sentem atracão por pessoas que não se deixam atingir pela paixão do outro! Essas pessoas geralmente com seus problemas também, ficam paquerando, se insinuando apenas por vaidade, autoafirmação, e na hora do vem pra cá pulam fora, cheias de figura, conversa bonita ou desculpas farjutas! E a vítima, fica sentindo o que inconscientemente procurou: reprogramar a dor de ser rejeitado, como se aquilo contribuísse pra resolver seu impasse: por antes não ser capaz de resolver, já que era um simples bebê!
Lembrou então que teria algum sentido aquilo, pois realmente não sentia atração por sua amiga de infância que o adorava e que faria qualquer coisa para ter seu amor. Nem ela, nem a prima, nem qualquer outra pessoa que durante sua vida declarava sentimento de enamoramento para com ele. Só sentia atração por pessoas também feridas que queriam também indiretamente ferir. Ou amores impossibilitados por alguma razão pessoal: ou egoísmo, ambição, frivolidade, ou que não queriam ou não sabiam o sentido magestoso de se apaixonar, amar.
Nesse instante de dilema existencial, a campainha toca. Quem mais seria, senão aquela a quem pensara nela a minutos, com um ramalhete de flores na mão:
- Que faz tu aqui mais uma vez, Paulinha ! Perguntou, meio atrapalhado.
- Vim conversar contigo mais uma vez sobre o tema de sempre: respondeu ela com o olhar seguro, determinado.
- Dizer o que mais, se já me disseste tudo, amiga! Por Favor!
Ela então agarrou-o pelo pescoço, depois de olhar-lhe nos olhos e falar: Faltou dizer isso! E ainda com as flores na mão, beijou-o longo e apaixonadamente.
Ele por sua vez, a principio, ia afastar-se, mas o beijo despertou-lhe uma paixão, um desejo tão medonho, que ele resolveu ali, se deixar beijar só por ela, durante todo o resto de sua vida.
Algo no amor dela quebrou o bloqueio que o psicoterapeuta não conseguiu em anos de trabalho!
Tânia De Oliveira
28 02 2018
18:41
A REJEIÇÃO
Quanto mais ele ouvia o som do violino acompanhando a canção, mas a inquietude lhe embaraçava a alma. De onde vem esse sentimento devastador que o importunava! Porque desejava tanto ser amado? Afinal, seu amor por si não bastava? Não queria as teorias psicológicas dos outros para se explicar. Queria sem esforço, reconhecer em si as repostas de seus porquês. Será que apaixonar-se, é mais precioso que amar a si mesmo?
Procurou ir fundo naquela sua dor: Ela dizendo que não o amava, e que estava interessada em outro!
Fizera análise por alguns anos e cogitou-se na terapia que ele procurava sempre alguém que não o quisesse, pelo fato de ter sido rejeitado pela mãe durante a gestação.
Queria inconscientemente repetir a sensação de quando estava feto no útero, sendo amargamente rejeitado? Pessoas nesse estado de conflito só sentem atracão por pessoas que não se deixam atingir pela paixão do outro! Essas pessoas geralmente com seus problemas também, ficam paquerando, se insinuando apenas por vaidade, autoafirmação, e na hora do vem pra cá pulam fora, cheias de figura, conversa bonita ou desculpas farjutas! E a vítima, fica sentindo o que inconscientemente procurou: reprogramar a dor de ser rejeitado, como se aquilo contribuísse pra resolver seu impasse: por antes não ser capaz de resolver, já que era um simples bebê!
Lembrou então que teria algum sentido aquilo, pois realmente não sentia atração por sua amiga de infância que o adorava e que faria qualquer coisa para ter seu amor. Nem ela, nem a prima, nem qualquer outra pessoa que durante sua vida declarava sentimento de enamoramento para com ele. Só sentia atração por pessoas também feridas que queriam também indiretamente ferir. Ou amores impossibilitados por alguma razão pessoal: ou egoísmo, ambição, frivolidade, ou que não queriam ou não sabiam o sentido magestoso de se apaixonar, amar.
Nesse instante de dilema existencial, a campainha toca. Quem mais seria, senão aquela a quem pensara nela a minutos, com um ramalhete de flores na mão:
- Que faz tu aqui mais uma vez, Paulinha ! Perguntou, meio atrapalhado.
- Vim conversar contigo mais uma vez sobre o tema de sempre: respondeu ela com o olhar seguro, determinado.
- Dizer o que mais, se já me disseste tudo, amiga! Por Favor!
Ela então agarrou-o pelo pescoço, depois de olhar-lhe nos olhos e falar: Faltou dizer isso! E ainda com as flores na mão, beijou-o longo e apaixonadamente.
Ele por sua vez, a principio, ia afastar-se, mas o beijo despertou-lhe uma paixão, um desejo tão medonho, que ele resolveu ali, se deixar beijar só por ela, durante todo o resto de sua vida.
Algo no amor dela quebrou o bloqueio que o psicoterapeuta não conseguiu em anos de trabalho!
Tânia De Oliveira
28 02 2018
18:41