CASAMENTO SEM AMOR  V 
Nair Lúcia de Britto


Eu não digo nada
Fico aqui me remoendo
O peito doendo
Mas não digo nada

 
O que você quer que eu diga?
O que você quer que eu faça?
Eu não digo nada
Faz de conta que não está doendo
E o que eu queria não é nada...
 
Eu não digo nada
Mas está doendo...

Fico aqui me remoendo
Só sei que sou humana
Se eu cair, quero me levantar
!
 
Os ressentimentos, as mágoas e a dor da perda pela qual Glória  estava passando começaram a causar danos a alma e ao físico. E ela sabia que a maior responsável por aquela situação indesejável era ela própria.

Num final de tarde, Glória começou a sentir umas dores abdominais; eram umas dores esquisitas, indefiníveis, que começaram de pouquinho, mas foram aumentando. Até não suportá-las mais.

Hugo, preocupado, levou-a ao Pronto Socorro onde Glória foi atendida. Depois de medicada, o médico conversou com seu marido.

-- Sua esposa teve um princípio de aborto provocado por problemas emocionais; que, depois de muita insistência, acabou me contando. Agora ela precisa de repouso e encontrar uma solução para esses problemas.

Hugo deduziu que a incompatibilidade de gênios entre Glória e a mãe dele era o único problema; e procurou dar uma solução que fosse boa para as duas; pois não só amava a esposa como a mãe também.

Dessa forma, deixou sua mãe morando na cidade de São Paulo e mudou-se para o Litoral, onde os pais
de Glória moravam. Os ares da praia e estar perto da família lhe fariam bem.


E quem sabe, até, na Praia fosse mais fácil se reerguer profissionalmente. Era uma esperança; e não diziam que “quem espera sempre alcança”?
 


Pintura: Edvard Munch
Poesia: Nair Lúcia de Britto
Nair Lúcia de Britto
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 28/02/2018
Reeditado em 28/02/2018
Código do texto: T6266827
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