ROMANCE; A VITRINE (Um amor para recordar)
Capítulo IX
Um amor para recordar.
O dia 12 raiava com toda a intensidade, pela primeira vez vi o nascer do sol com a minha "Dama de Vermelho". Eu já estava trabalhando a mais de 23 h, mesmo assim não sai do meu ponto de trabalho. O cheiro de café do outro lado da rodovia JK, era sedutor, naquela manhã, dona Lindalva, havia caprichado no café. Sai do carro, observei o movimento no parque, antes de atravessar a rodovia. Que me perdoem os outros gênios da panificação brasileira, mas nossa! Ninguém fazia um pão de queijo como a Dona Lindalva. Todas as manhãs bem cedo, era sagrado parar ali e abastecer o tanque do estômago antes de partir para mais um dia de batalha. Havia sempre três ou mais táxis estacionados em frente a panificadora. Peguei uma mesa que ficava bem de frente para o parque, lugar estratégico, eu tinha total visão de tudo o que acontecia em volta da minha preciosa "Dama de Vermelho". Eu não estava com muita fome naquela manhã de domingo, por isso só comi 45 pães de queijo 😁😁.
Por volta de 7h55min, o Sr. Carlos Eduardo, ligou, pediu que eu fosse até sua casa. Tomei o café ☕ as pressas e parti para lá.
O Sr. Carlos, havia sido convocado para integrar um grupo de perícia criminal que partiria para Açailandia-MA, manhã de domingo, a família dele era bastante fiel a religião que seguiam, e como a igreja ficava longe, meus serviços foram solicitados. Ver minhas três Princesinhas sempre deixava meu dia maravilhoso. Aliás, só a família Galvão para salvar meus dias de solidão e é claro, a apaixonante Karoline.
Mel estava radiante naquela manhã, mais do que em todos os outros dias que eu a vi. Vestido rosa, com detalhes em uma tonalidade mais branda. Realmente parecia uma pequena princesa, sempre tão sorridente, com sua voz rouca. Enquanto a Sra. Leia, se preocupava de que a Melzinha não amarrotasse o vestido, ela correu esbanjando um sorriso de imensa felicidade, se jogou em meu colo e me abraçou muito forte. Erika estava vislumbrante em seu vestido azul, parecia uma barbie, também me abraçou como se não me visse há anos. Emily por sua vez, estonteante em seu vestido vermelho, passou fazendo charme, como se o pátio fosse sua passarela, claro esperando elogios e mimos. Elas eram crianças iluminadas. Se me fora conferido a chance de escolher algo especial, eu pediria ao tempo que elas jamais crescessem e que o destino nunca nos separasse. A família Galvão era extraordinariamente solidária e amável, a Sra. Leia, embora tivesse alguns anos a mais do que eu, se tornara a imagem de mãe mais forte em meus pensamentos. O Sr. Carlos Eduardo, era um típico pai, as meninas eram loucas por ele, embora estivesse sempre tão ocupado, era visível a amizade entre pai e filhas. Quanto ao relacionamento com a esposa, eles eram um espelho para os que sonham um dia casar. Embora o Sr. Carlos fosse na maioria das vezes sério e reservado, sempre encontrara tempo para surpreender a Sra. Galvão, com café da manhã, jantares românticos, era uma família modelo, e eu fazia parte dela. Um filho já criado, mas muito dedicado aos Galvão.
Após deixar as meninas e a Sra. Leia na igreja, embora tivesse tido pedidos e mais pedidos da Melzinha e da Erika, para eu ficar na escola bíblica dominical, fui para casa tomar um banho e mandar o meu carro para o salão de beleza (Lavagem). Mesmo que eu tivesse limpado superficialmente, ele ainda estava cheio de vestígios do autógrafo da Fernanda.
Eu não sei como surgiu esse sistema de lembranças criado por meu inconsciente, todavia sempre que eu ligava o chuveiro 🚿 do banheiro, automaticamente uma gama de recordações me invadiam o pensamento. Talvez o barulho da água batendo no chão do banheiro, lembrasse aquela tarde chuvosa de sábado, quando vi pela primeira vez a Karoline. Nesses momentos meus caros, o tempo voa, o mundo para. O coração explode suas mil formas de sentir. Enquanto eu era arrebatado em pensamentos, não ouvi o telefone tocar. Quando sai do banho, observei que havia 11 ligações perdidas. E para minha surpresa e frenesi, todas as ligações eram da Karoline. Retornei imediatamente, ela parecia ter acabado de acordar, a voz um pouco rouca, fraca.
- Bom dia Karoline!
- (Karoline) Bom dia Sr. Carf! Eu existo sabia?
- Perdoe-me! Cheguei a pouco tempo do Parque, nem dormi ainda.
- (Karoline) Ei! Você precisa descansar, como vai me salvar dos Boy a noite, se estiver sem os super poderes destes olhos?
- Não se preocupe, eu não te perderei de vista, levou muito tempo para te encontrar, não facilitarei perdê-la. Ei, eu sou quase aquela sua bolsa , aquela que você ama e leva para cima e para baixo. (Risos)
- (Karoline) Haha! Bobo! Você é mais importante do que uma bolsa, mas se quiser mesmo ser minha bolsa, terá que carregar muita maquiagem e outros apetrechos femininos. Topa?
- Ora! Mas é claro! Quando eu nasci mamãe olhou pra mim e disse: “Oxi, fofura, tem cara de bolsa, vai ser uma linda bolsa Michael Kors em couro” e aqui estou eu agora, prontíssimo para ser tua bolsa Karoline.
- (Karoline) Só você para me arrancar gargalhadas a essa hora da manhã. Haha! Ei, quer almoçar comigo?
- Eu adoraria Karoline! Mas… Já prometi à três princesas lindas que eu almoçaria com elas.
- (Karoline) Hum! Eu é mais 3 na tua vida é? Tá podendo Sr. Carf!
- Senti um ciúme no ar, ou foi só impressão minha?
- (Karoline) Ciúmes eu? Haha! Vai lá com suas princesas. 😒
- Bom, se for ciúmes, saiba que eu sou o Anjo da guarda delas, o irmão mais velho super protetor. Uma tem 12, a outra 9 e a mais nova 6 anos.
- (Karoline) Ah bom, sendo assim sim né! Mas a noite você é meu e eu não aceito não como resposta de novo Sr. Carf!
- Serei todo seu Karoline! Cada segundo, minuto e hora.
- (Karoline) Ótimo! Me apanha as 20h em casa. Um beijo e bom dia. Dá um abraço nas princesas, e diga que fiquei curiosa para conhecê-las. Beijos!
Era impossível acreditar, um cara simples e desprovido de beleza física, agora estava saindo com a mulher mais linda de Paragominas. Eu não estou dizendo isso por amor ou paixão, mas ela realmente era linda. Só 4 pessoas tinham o poder de mudar meu mundo, meu humor, e me transbordar de alegria. Melissa, Erika, Emily e Karoline.
Após realizar umas 7 corridas, retornei à igreja para apanhar a Sra. Leia e as crianças, e claro eu já estava pronto para o almoço. Mel e Erika pareciam amar meu abraço, não importa quantas vezes nós nos víssemos em um dia, sempre elas me abraçavam. Antes de chegar na igreja para buscá-las, eu ainda fui ASSALTADO. Pois é, comprei 3 litros de açaí a 20 reais o Litro! “Tá louco Cachoeira” assalto descarado sem uso de arma de fogo rsrs. Eu quase pedi para parcelar em 48 X, mas o rapaz não tinha máquina para cartão. Olha! Nesse momento eu senti saudade do meu querido BAILIQUE. Almoçamos, jogamos conversas fora, ainda brinquei com as meninas uns 40 minutos. Era uma ligação invejável que eu tinha com aquelas meninas, até os meus gostos musicais elas adotaram. Elas eram o meu mundo perfeito!
Após um pedido cheio de manhas e doçura, eu desliguei o meu celular e com autorização da “Nossa mãe”, Sra. Galvão, levei as meninas à um passeio no parque botânico da cidade. Foi uma tarde singular, eu estava caindo de sono, mas me diverti muito com as meninas. Voltamos para casa por voltas das 18h14min, nossas barrigas estavam quase explodindo de tanto sorvete e pipoca. A Melzinha, estava quase dormindo em meu colo, Erika estava eufórica, embora também cansada. Emily, nos esqueceu por alguns minutos, encontrou suas amigas da escola, e quase esqueceu que estávamos ali. Deixei as meninas na casa delas, e as pressas corri para casa, me arrumar para chegar a tempo na casa da Karoline, pontualidade sempre foi minha maior qualidade.
Eu estava sentindo um frio na barriga, ou como diriam os antigos: “Um calafrio nos espinhaços”
Eu já aguardava a Karoline do lado de fora da casa. Exatamente às 20h13min, ela apareceu. Nossa! Não sei se “O céu desceu, ou a terra subiu”. Mas aquela mulher era a única fronteira entre céu e terra. Ela estava radiante, abandonou as roupas tradicionais de festas de rodeio, e vestiu-se como Afrodite, linda daquela forma era óbvio que ela vestira-se de Deusa grega. Um vestido tomara que caia vermelho, aberto até o joelho, ela era deslumbrante. Seus lábios cobertos por um batom vermelho. Meu olhar percorria cada curva da Karoline, para eu não perder nenhum detalhe. A cortejei ao carro, abri a porta. Segurei em sua mão e a conduzi ao interior do veículo. Ela sorria formosamente, fitava-me de uma forma intensa e avassaladora.
- Qual o destino Karoline?
- (Karoline) por favor não ria se parecer cliché, mas… Me leve ao céu está noite Sr. Carf!
- Já estamos no céu Karoline, desde que você entrou neste carro.
Karoline não conteve-se com minhas palavras, e tomando a frente da situação puxou-me pela camisa, e sem fazer caso do seu batom, beijou-me intensamente. O meu coração acelerou, meu corpo entrou em estado de erupção. As mãos de Karoline percorriam meu pescoço, acariciou os meus cabelos, nem chegamos a sair da fazenda. Entramos em uma pequena estrada que dava acesso aos pastos mais ao norte da fazenda, o som do carro tocava “Amores são coisa da vida”. Ali na fazenda, longe das luzes da cidade, as estrelas foram a platéia assistindo um romance, nessa tela da vida real. Karoline estava em um estado de frenesi, lançou-se em meus braços, e beijou-me demasiadamente! E sob aquele céu estrelado, tudo era válido. Me perdi e me encontrei em cada pedaço da Karoline, minhas mãos percorreram cada curva sua, sua pele macia, seu cheiro singular. O carro se tornou o palco, onde nossos desejos mais profundos decidiram se apresentar. Eu mergulhei em todos os sentidos dela, nossos corpos conversavam entre o calor dos abraços. Minha boca tornou-se como um veículo, e eu viajei em cada pedacinho da Karoline, ela suspirava, sussurrava em meu ouvido que me pertencia. Éramos um do outro mesmo antes de nos conhecermos. Ela se entregou a mim ali, na fronteira entre o céu e a terra. Se houvesse pecado, sem dúvidas eu estaria condenado ao inferno, pois naquela noite, eu fiz amor com um dos anjos mais perfeitos de Deus: Karoline…
#Continua
(Carf)