ROMANCE; A VITRINE (O grande Momento)

Capítulo VIII

O grande Momento.

A AGROPEC em Paragominas, não era apenas um evento para passeio, com um volume de negócios em torno de R$ 25 milhões, a feira atrai muitos investidores de todo o Brasil, grandes negócios são fechados todos os anos, aquecendo sobremaneira o mercado local. Em média, 250 a 310 mil pessoas eram aguardadas no parque de exposição. E diante de tantos rostos diferentes na multidão, era claramente impossível encontrar a Karoline, se não fosse é lógico, meus olhos treinados e o coração como um radar. Além disso, eu ainda contava sempre com uma forcinha do destino. Eu não saberia descrever quão linda ela estava naquela noite, eu apenas me perdi nela, e nos perdemos e fomos afastados naquela noite. Algumas pessoas são agraciadas por Deus, que capricha de tal forma, que é como se ELE realmente quisesse mostrar, Sua imagem e semelhança em alguém. Para um ser mortal, Karoline era o Cálice dos deuses, o olhar dela era desestruturador, seu perfume era como um bom vinho, você se ilude com a doçura e logo se vê embriagado.

Eu fiz o possível para não perdê-la de vista, mas em uma AGROPEC meus caros! Até nós nos perdemos. O fluxo de pessoas indo e vindo era fora do comum, naquela noite de Abertura das atividades na feira agropecuária, ninguém menos do que a dupla Jorge e Mateus, abriria os shows, e se a feira em si já arrasta uma multidão, Jorge e Mateus com certeza trariam toda a cidade para dentro do parque.

Eu fechei a porta do táxi, e me afastei um pouco da área reservada aos taxistas, a intenção é óbvio, ir atrás da Karoline. Antes mesmo que eu arriscasse os primeiros passos, uma família chegou próximo ao meu carro e perguntaram;

- Esse é o Táxi “Dama de Vermelho”? Onde está o motorista?

- Estou aqui Sr!

- Por favor! Nos leve ao bairro Cidade Novo!

Embarcamos e eu os levei ao destino indicado. Era a primeira de muitas corridas daquele dia. Retornei ao parque, já eram mais de 34 táxis a minha frente, mas é claro que sempre há alguém disperso lá do ponto de partida, e as vezes quem é o último taxista da fila, acaba saindo antes dos demais. Enquanto aguardava aquela fila enorme de carros, andar peguei o celular, e com o número da Karoline marcado no indicador de ligações, fiquei durante muitos minutos ensaiando o que eu falaria caso o meu dedo parasse de ser tão covarde, e apertasse o botão de ligar. Eu me detive tanto naquela discussão entre minha razão e emoção, que ao retomar minha concentração, em menos de 12 minutos, eu já era o quinto táxi na fila. Ao me aproximar do portão de embarque, logo meu sorriso enlargueceu-se! Lá estava ela, encostada em uma das colunas do muro da frente do parque. Estava sozinha, embora muitos galãs de beira de estrada, tentassem cortejá-la. Era visível nos olhos dela que aquelas pessoas já estavam lhe constrangendo. Abandonei o carro, e sem tirar a roupa, vesti minha capa de “super-herói” e fui ao encontro da minha paixão platônica. Ela estava tão estressada com os galãs de circo, que nem observou eu me aproximar. Segurei em sua mão, e ela assustada virou-se rapidamente para olhar quem lhe tocara.

- Olá Karoline! Podemos conversar?

- (Karoline) Claro, e obrigada!

Eu a conduzi para perto do carro, segurei mais forte as suas mãos, nossos olhos se encontraram e estacionaram suas atenções um ao outro.

- (Karoline) Virou meu herói particular Sr. Carf? Parece estar sempre atento a tudo o que acontece comigo!

- Eu apenas estava no lugar certo, e na hora certa Karoline! Embora o meu relógio esteja atrasado uma hora. (Risos)

- (Karoline) Porque está atrasado?

- É uma longa história, e você certamente sairia correndo se eu te contasse.

- (Karoline) Então eu vou começar a correr, e você me conta está bem?

Eu estava tão sem graça, trêmulo, mas o bom humor da Karoline, acabou me deixando muito a vontade. Ela me abraçou com tanta força, e agradeceu por eu a ter salvado de Cantadas baratas. Em seguida me falou que havia se perdido da Fernanda, e que viera para fora, na esperança de que Fernanda a encontrasse. Coincidência ou não, Fernanda se perdeu da Karoline, e eu estava completamente perdido NA Karoline.

Ela era apaixonante, e eu já falei que ela tinha lábios altamente “BEIJÁVEIS”? E eu estava louco de vontade de beijá-la. Eu ainda tinha bastante combustível de coragem, para engatar a marcha de outra conversa, e conduzir a Karoline nas ruas do meu querer. Eu puxei o ar, enchi o pulmão e quando iria falar, ela me fez puxar o freio de mão do diálogo.

- (Karoline) Ela pediu para eu não te falar, mas eu não sei guardar segredo… A Fernanda te achou um charme, e passou os últimos minutos em que estivemos juntos, falando de você.

- Nossa! Sério?

- (Karoline) Muito sério! Se eu fosse você não perderia essa chance, ela é uma ótima pessoa.

Eu não sei se aquilo era uma vantagem, bom! Pelo menos para mim não era.

- Na verdade Karoline, eu já gosto de uma pessoa, e não poderia olhar para mais ninguém até saber se eu posso ficar com essa pessoa.

- (Karoline) Hum! Um homem apaixonado! Que fofo! E que mulher de sorte. Aceita um conselho?

- Sim, claro!

- (Karoline) Não seja amigo dela, se tornar amigo da pessoa que você quer, acaba diminuindo as chances.

- É alguém já havia me falado isso, mas… Karoline, eu sou um amigo para você?

Eu fiz a pergunta e já estava pronto para me esconder debaixo do carro, o coração embrulhou por dentro, os pulmões estagnaram, baixei a cabeça, olhei para o lado disfarçadamente, e então ouvi as primeiras palavras dela…

- (Karoline) Olha! Amigo é uma palavra muito forte, não posso dizer que somos amigos, mas me sinto muito bem quando você está por perto, e duvido muito que você me queira como amiga, eu sou doida Carf! (Risos alto)

- Que bom que não somos amigos Karoline.

- (Karoline) Oxi! Também não precisa ficar tão feliz assim.

Eu não sei o que passou pela minha cabeça, mas foi a idéia mais idiota que eu consegui ter naquele momento, fingi pegar alguma coisa dentro do táxi e voltei para perto dela, ela estava encostada no muro, com uma das pernas erguida um pouco abaixo do joelho, como se estivesse posando para fotos. Me aproximei ainda mais, eu podia sentir o hálito dela ao falar. Era uma linha olfativa lá entre frutas vermelhas, romã. Eu estava sem chão, mas não tive medo de cair, afinal eu estava segurando nas mãos de um Anjo.

- Karoline! Eu tenho algo para te dar, mas preciso que você confie em mim e feche os olhos!

- (Karoline) Você está falando sério Carf? Eu adoro surpresas. Aí meu Deus!

- Feche os olhos e abra as mãos.

Karoline fez exatamente o que eu pedi, e então eu cheguei mais perto, segurei em seu rosto, afastei as mãos dela para o lado e a beijei. Eu sofri algo muito intenso nos segundos que transcorreram, era uma mistura de êxtase, adrenalina, frio, calor. Mesmo estando tudo maravilhoso, eu temia que após nossos lábios se desconectarem, um efeito colateral, fizesse a mão da Karoline, bater em meu rosto. Mas seria um preço mais do que justo para provar aquele beijo. Ao contrário de todas as minhas teses, Karoline passou suas mãos por trás do meu pescoço, me trouxe para mais mais perto do corpo, e correspondeu de forma avassaladora ao meu beijo. Esqueci tudo a minha volta, carro, feira agropecuária, pessoas, mundo! Eu nunca fui um aluno exemplar em química e física, sempre tirei notas baixíssimas, mas ali naquele momento, eu não tinha dúvidas; Estava rolando ligação de átomos de um querer mútuo.

Nos beijamos durante uns 3 minutos, e eu não queria parar…

Karoline, prevendo algum perigo se afastou de um salto só, olhou timidamente para mim é soltou minhas mãos. Eu não sabia o que dizer, mas eu queria muito beijá-la de novo. Quando tentei retomar suas mãos, Fernanda apareceu.

- (Fernanda) Amiga, até que enfim te achei, por favor vamos embora, eu tô passando mal.

- (Karoline) Vamos, claro! Quer ir ao hospital primeiro?

- (Fernanda) Não! Só vamos embora, preciso descansar.

- (Karoline) Está bem, você vai dormir lá em casa, amanhã te levo na tua casa. Carf, nos deixe em casa!

- Claro, entrem por favor.

Saímos do parque por volta das 2h21min da madrugada. Enquanto íamos, eu não parava de olhar a Karoline através do retrovisor interno do carro, ela parecia perdida em seus pensamentos, e ao mesmo tempo, buscava-se de igual modo no reflexo do retrovisor. Conversamos por olhares durante todo o percurso até a casa dela, eu não sei dizer o que os nossos conversaram, mas foi mágico!

Antes de chegarmos, Fernanda resolveu me presentear, vomitou o carro todo! Foi constrangedor para a Karoline e para mim, porém sem dúvidas mais ainda para a Fernanda. Ao chegar na Fazenda, Fernanda estava muito tonta, e foi preciso carregá-la até o quarto. Ela agradeceu, pediu desculpas e eu me despedi. Karoline me acompanhou até a porta, todos estavam dormindo. Ela me pediu mil desculpas pela amiga, me abraçou forte, tocou delicadamente em meu rosto e falou:

- (Karoline) Obrigada pela noite! Foi maravilhoso. Eu não estava enganada sobre Carf, você é um homem encantador.

- Imagina Karoline, você é que é uma mulher incrível, uma piscina cheinha de açaí do Grosso com farinha tapioca. (Risos)

- (Karoline) Bobo! Gosto do teu bom humor. Nos vemos de novo, certo?

- Não tenha dúvidas. Boa noite e obrigado!

Nós nos abraçamos mais uma vez, e nossos lábios àquelas alturas já eram imãs que se atraíam freneticamente. Era difícil ir embora, estar ao lado daquela mulher, era tudo. Mas ela precisava descansar, cuidar da amiga e eu voltar ao trabalho. Nos despedimos e eu retornei para o parque. Eu era naquela noite, o taxista mais simpático, gentil, cheio de bom humor durante toda a madrugada.

Já eram 6h e o parque ainda estava bastante movimentado, eu não dispersei, fiquei esperando o fluxo do movimento baixar…

Conversei com alguns colegas de trabalho, e descobri que pelo menos uns 4 deles não dormiam durante a AGROPEC. Me indicaram energéticos, e outras drogas com adrenalina. Naquele dia, eu descobri o que o desejo por mais dinheiro faz com o ser-humano. Mesmo estando feliz por tudo o que ocorrera, e ainda com o gosto do beijo da Karoline na minha boca, eu não fui para casa.

Se outros colegas conseguiam se manter acordados, eu também conseguiria. E como se estivera me inscrito em uma competição de quem faz mais corridas na AGROPEC, eu ficara ali, inabalável…

#Continua

((Carf)

Hámilson Karf
Enviado por Hámilson Karf em 23/02/2018
Código do texto: T6262041
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