CASAMENTO SEM AMOR III
Nair Lúcia de Britto
Assim que Glória e Hugo chegaram de viagem, em casa, os problemas começaram. Uma surpresa bastante desagradável os esperava: Hugo estava desempregado. A empresa para a qual trabalhava o demitira, sem que Hugo pudesse explicar o motivo.
Justamente no momento em que ele assumira a responsabilidade de formar um lar. Por que, então, não o tinham avisado disso, antes?
O imprevisto deixou Hugo desnorteado; ele estava certo de que teria um futuro promissor e, de repente, sentia-se derrotado. Glória procurou encorajá-lo e a ter esperanças, quando ele não escondeu as lágrimas.
Enquanto Hugo preocupava-se em conseguir outro emprego, Glória procurava adaptar-se com a nova vida de casada. Uma das dificuldades que teve foi com alguns familiares de Hugo. Decepcionara-se com a irmã dele quando, durante uma visita à casa dela, ouviu sem querer comentários, sobre sua pessoa, com uma amiga sua.
A irmã de Hugo era uma mulher bonita, elegante, requintada e muito feliz com sua família. Por isso surpreendeu-se com seus risos e ironias referindo-se ao vestido de Glória, que a irmã dele achava ridículo. Um vestido novo, de seda, que a mãe de Glória tecera com muito carinho. Simples, mas um vestido bonito!
Glória preferiu fazer de conta de que nada ouvira. Mas não lhe era possível evitar a antipatia que por ela, passou a sentir.
Por outro lado, Hugo lhe ocultara o fato de que o casal iria morar com a mãe dele, que era muito apegada ao filho. Foi outro problema, porque nada que Glória fizesse era suficiente bom para o filho dela. Tinha uma certa razão em reclamar. Por quê?
Ora, por quê?...
Porque Glória não sabia cozinhar, não sabia passar roupa, nem esfregar o chão... Não tinha nenhuma habilidade com as tarefas domésticas. Na casa dos pais, apenas estudava, passeava e ajudava sua mãe no que ela pedisse.
-- Minha filha gosta de acordar tarde, vou logo avisando! É uma briga para acordar cedo e ir pra Escola! – o pai de Glória disse a Hugo, quando ele falou em noivado.
Foi a sogra de Glória que a ensinou a cozinhar. Mas nunca deixava que ela fizesse a comida, porque só ela sabia o jeito que o filho gostava. Aprendeu com dobrar e guardar as meias. Isso Glória se acostumara...
Às vezes, a sogra dava-lhe um presente, mas guando se zangava ( o que era comum) tomava-lhe o presente de volta! Glória não se magoava. Pelo contrário, achava graça!
Ensinou Glória a passar as camisas de colarinho e mangas compridas de Hugo. Não era nada fácil... Com o ferro de passar roupa na mão, Glória começou a se sentir como uma empregada doméstica que nunca fazia nada direito, e sempre era repreendida...
Para isso que tinha estudado? Como não tinha pensado em tudo isso antes?
Lembrou com saudades dos jogos de vôlei com as amigas, dos banhos de mar, das brincadeiras com seu cachorro de estimação.
Saudades da casa dos pais, onde realmente se sentia em casa... enquanto, ali, parecia uma estranha!
Saudades do Colégio, das colegas das quais se afastara. E de tantas coisas, bobas talvez, mas que faziam parte da sua rotina...
E agora?
Pintura: Johames Vermeer (1632-1675)
Nair Lúcia de Britto
Assim que Glória e Hugo chegaram de viagem, em casa, os problemas começaram. Uma surpresa bastante desagradável os esperava: Hugo estava desempregado. A empresa para a qual trabalhava o demitira, sem que Hugo pudesse explicar o motivo.
Justamente no momento em que ele assumira a responsabilidade de formar um lar. Por que, então, não o tinham avisado disso, antes?
O imprevisto deixou Hugo desnorteado; ele estava certo de que teria um futuro promissor e, de repente, sentia-se derrotado. Glória procurou encorajá-lo e a ter esperanças, quando ele não escondeu as lágrimas.
Enquanto Hugo preocupava-se em conseguir outro emprego, Glória procurava adaptar-se com a nova vida de casada. Uma das dificuldades que teve foi com alguns familiares de Hugo. Decepcionara-se com a irmã dele quando, durante uma visita à casa dela, ouviu sem querer comentários, sobre sua pessoa, com uma amiga sua.
A irmã de Hugo era uma mulher bonita, elegante, requintada e muito feliz com sua família. Por isso surpreendeu-se com seus risos e ironias referindo-se ao vestido de Glória, que a irmã dele achava ridículo. Um vestido novo, de seda, que a mãe de Glória tecera com muito carinho. Simples, mas um vestido bonito!
Glória preferiu fazer de conta de que nada ouvira. Mas não lhe era possível evitar a antipatia que por ela, passou a sentir.
Por outro lado, Hugo lhe ocultara o fato de que o casal iria morar com a mãe dele, que era muito apegada ao filho. Foi outro problema, porque nada que Glória fizesse era suficiente bom para o filho dela. Tinha uma certa razão em reclamar. Por quê?
Ora, por quê?...
Porque Glória não sabia cozinhar, não sabia passar roupa, nem esfregar o chão... Não tinha nenhuma habilidade com as tarefas domésticas. Na casa dos pais, apenas estudava, passeava e ajudava sua mãe no que ela pedisse.
-- Minha filha gosta de acordar tarde, vou logo avisando! É uma briga para acordar cedo e ir pra Escola! – o pai de Glória disse a Hugo, quando ele falou em noivado.
Foi a sogra de Glória que a ensinou a cozinhar. Mas nunca deixava que ela fizesse a comida, porque só ela sabia o jeito que o filho gostava. Aprendeu com dobrar e guardar as meias. Isso Glória se acostumara...
Às vezes, a sogra dava-lhe um presente, mas guando se zangava ( o que era comum) tomava-lhe o presente de volta! Glória não se magoava. Pelo contrário, achava graça!
Ensinou Glória a passar as camisas de colarinho e mangas compridas de Hugo. Não era nada fácil... Com o ferro de passar roupa na mão, Glória começou a se sentir como uma empregada doméstica que nunca fazia nada direito, e sempre era repreendida...
Para isso que tinha estudado? Como não tinha pensado em tudo isso antes?
Lembrou com saudades dos jogos de vôlei com as amigas, dos banhos de mar, das brincadeiras com seu cachorro de estimação.
Saudades da casa dos pais, onde realmente se sentia em casa... enquanto, ali, parecia uma estranha!
Saudades do Colégio, das colegas das quais se afastara. E de tantas coisas, bobas talvez, mas que faziam parte da sua rotina...
E agora?
Pintura: Johames Vermeer (1632-1675)