Aprendi a te amar no deserto
Certo dia, me contaram a história de um amor de verão, daqueles rápidos, porém intensos. Foram cerca de quinze dias em um lugar paradisíaco, o sol nascia por trás do mar e se punha ao lado das colinas. A brisa era suave, as flores perfumavam o ambiente e a lua, ao anoitecer, instigava o amor, até ele acontecer. É fácil se apaixonar em lugares assim quando se tem a companhia de alguém especial. Mas, amores de verão são passageiros – em sua maioria, tipo aquelas paixões que acontecem dentro de um ônibus ou metrô qualquer.
Após contar sua história de amor, me perguntou como era a minha. Poxa! Nunca havia pensado nisso. Respirei fundo e sorri. Eu me apaixonei em lugares paradisíacos, mas aprendi a amar foi no deserto – pensei. O calor era escaldante e tentávamos fugir inclusive da areia que estava em nossos pés. Não havia água e fazia muito frio à noite. Não havia mais ninguém, só nós dois e toda aquela bagunça que carregávamos. A noite era sombria, mas ela nos trazia as estrelas. As estrelas, a escuridão, nós e toda a nossa bagunça. Não havia nascer do sol no mar, nem cheiro de flores. Não havia nada que me fizesse querer ficar ali, mas eu fiquei. Fiquei porque embora fosse deserto, tínhamos um ao outro e toda a nossa bagunça. Um oásis chegaria, mas mesmo que não chegasse, ainda assim eu amaria. – suspirei. Aprendi a amar no deserto, e foi um amor bem mais longo que contos de verão, concluí.