PESO DE UMA LÁGRIMA
Peso de uma lágrima
Maria e Cláudia conversavam na fila do posto de saúde:
-Quando ouvimos falar a palavra lágrima, de bate pronto a gente já pensa em algum acontecimento ruim ou triste.Como mãe eu tive inúmeras lágrimas de felicidade.
-Sério Maria? Me diga uma, porque esses cão daqui de casa só me dão problema.
-Quê?
-Se pudesse não tinha tido nenhum.
-Nossa! Fala assim não Cláudia. Eu também me surpreendo, nunca tive intimidade com bebês, ser mãe era um pensamento beeem distante. Tinha outras prioridades e esse órgão "Mãe" não nasceu comigo, entende?
Mas um dia, estava eu em um aniversário infantil e tive um insight. Como seria um filho meu?
Concebi uma vida e dali 9 meses ela nasceu.
As amigas sempre falam do parto, mas eu guardo outra memória.
O momento que nos conhecemos; ali estava ela, toda enroladinha no cobertor, eu olhei aquela fragilidade em matéria.
A minha alma renasceu, os pulsos eletromagnéticos trocaram energia no meu cérebro, transcorreu para a mente e minhas células conversaram entre si, as mãos tremeram, o estômago revirou, o coração bateu forte a garganta fechou a respiração ficou lenta, e aí as lágrimas desceram de tanta emoção. Eu senti o peso de uma lágrima, ela era uma bebê linda, ela abriu os olhos eu olhei pra ela e me vi nela, ela me olhou, bocejou e chorou também...foi nossa primeira comunicação.
Uma amor puro, gratuito e verdadeiro, suas mãozinhas tocaram o meu nariz e ela se calou, a nossa respiração estava sincronizada e o mundo parou.
-Hum, e aí? Eu não tive nada disso, quase deixei foi lá e vim embora.
-Sério? Comigo não. Do hospital fui pra casa e desde então demonstrava pra ela que ela era muito amada, querida e necessária, e assim eu senti esse amor materno que todas as pessoas querem entender, talvez seja sim inarrável para algumas mulheres, porque é uma experiência muito pessoal e intransferível.
-É sim, isso é verdade.