UM AMOR QUE TRANSCENDE A VIDA

CAPITULO I – Ela

Naquela manhã fria de começo de agosto, sentada diante de seu dejejum, ela apreciava o aroma da xícara de café, e olhando distante pela janela, sem pensar exatamente se o dia seria normal, uma mulher

repleta de responsabilidade, sendo a mesma gerente de uma grande empresa, meta alcançada com muito custo e dedicação, estudando muito, pois vinda de origem simples e sob a desconfiança de todos, ela

venceu, chegou ao destino sonhado desde criança e agora, tendo centenas de vidas sob a sua égide, ela lembrava com saudade de seu companheiro, um homem simples, mas que estava sempre com ela, em

muitas situações falava mais do que o necessário, mas com uma dedicação “canina”, nestes momentos sempre tinha algo para reclamar, apontando o quanto ela se doava para a empresa e deixava pouco tempo para a família. Isto sempre a perturbou, brigando diversas vezes, afirmando a necessidade, visto o padrão de vida que levavam, e todas as despesas extras com tudo que achava de vital importância para a

sobrevivência. Nunca deixou faltar nada aos filhos, sempre na vanguarda de tudo que poderia acrescentar, não queria que os filhos passassem pelas provações que passou. Curioso, mas neste momento sente saudades das lamurias de seu companheiro, o silêncio somado a

solidão das tomadas de decisões, lhe imputam uma certa tristeza.

CAPÍTULO II – O CACHORRO

Voltando do trabalho, depois de um dia exaustivo, que muitos lamentariam, mas ela por ter feito a escolha certa de sua profissão, estava com aquela sensação de vitória diante de vários problemas

enfrentados no decorrer daquele dia. Chegando em casa, na portaria de seu condomínio de luxo, cumprimentou o porteiro pelo nome, fazia questão de ser muito educada com todos, adentrou e foi pelas ruas até a casa 77. Estacionou, respirou fundo, lembrou mais uma vez do marido, que neste instante já estaria em casa, e bastaria ela sugerir a vontade de comer algo, que ele se prontificaria para realizar seu desejo, fechou os olhos, ameaçou entristecer-se, mas juntou a bolsa, celular, óculos e saiu do carro luxuoso e foi em direção a porta. Ao chegar, notou ao chão um cachorrinho branco com manchas pretas, porte pequeno para médio, um “vira-lata”, temeu no primeiro instante pela sua segurança, mas ao olhar do cachorro, ela sem compreender, sentiu uma sensação de conforto e intimidade. Aquilo a perturbou, porque nunca tinha visto aquele animal, mas algo dizia a ela para ficar tranquila, e assim o fez. Passou pelo cachorro sem tocá-lo, foi direto ao interfone e discou o ramal da portaria, perguntando ao porteiro, caso alguém estivesse procurando pelo animal, ele respondeu prontamente, que até aquele instante, não havia queixa do sumiço de nenhum animal. Ela informou que o recolheria, e estaria a disposição para devolvê-lo.

CAPÍTULO III – LEMBRANÇAS

Os dias se passaram, ninguém procurava pelo animal, ela já começava a se afeiçoar ao bichinho, e torcia para que ninguém o procurasse. Desde a morte de sua cadelinha como mais de 15 anos, ela havia ensaiado muitas vezes comprar um outro animal, mas sempre desistia, por uma ou outra inconveniência. Neste dia, ela tomou coragem e passou pela loja de animais, comprou utensílios e comida própria para o novo hóspede. Ela não sabia explicar o porque, mas todas as vezes que se sentia só, olhava nos olhos do bichinho e via o mesmo olhar que seu companheiro lhe dava, quando estavam juntos. Seus dias começaram a melhorar, já não se sentia tão só, diversas vezes conversava com ele, e ele rosnava as vezes parecendo cada vez mais com seu companheiro. As lembranças, de como conversavam, debatiam assuntos, ela sempre com pressa, ele sempre fazendo algo. Se completavam, gostavam de coisas

parecidas, ela tomando a frente de tudo e ele dando retaguarda para que as coisas funcionassem, ela idealizava e ele tornava real. Bons companheiros, a maioria das discussões se dava pela teimosia dela e da

dificuldade dele em entender as pessoas. Se amavam de uma maneira que muitos gostariam, era um amor infantil, puro na sua essência. Ele adorava sentar-se numa cadeira colocada sob a videira para apreciar o

jardim e o silêncio, as vezes ficava lá por horas sem falar uma palavra, apenas olhando e pensando como ele gostava de dizer.

CAPÍTULO IV – O BANCO

Depois de um mês juntos, eles já se sentiam um do outro, começavam a criar rotinas, de passeio, comida, banho, e o que ela costumava chamar de “relax”. Deitava no chão da sala, num tapete felpudo, macio que parecia um pote gigante de sorvete de flocos. Ele vinha, como sempre fitava os olhos, e colocava a pata sobre seu braço e recostava a cabeça em seu peito, mas sem desviar olhar. Ela adorava este momento, sentia que ele a compreendia, era uma sensação de que ele estava dentro de sua cabeça, que sabia exatamente o que estava pensando. Muitas vezes ela o abraçava, algumas, as lágrimas rolavam, num saudade contida, como deve ser todas as saudades, prazerosas, de uma vida que valeu a pena. Ela não entendia, porque havia se tornado tão só, ela sabe que a vida tem caminhos que todos seguimos, mas dias, sem se quer uma ligação. Era muito difícil entender como tudo passou na escala de prioridade e um simples “olá”, tornou-se irrelevante. Extremamente protetora, cuidava dos filhos com muito afinco, mas em contrapartida, trabalhava demais, e entende que isso deva ter determinado este afastamento. Ela pensava que no próximo final de semana, eles poderiam vir, e finalmente conhecer seu novo companheiro, mas as negativas diante dos compromissos familiares fizeram com que este sonho fosse adiado. Após viajar em seus devaneios, notou que ele havia se retirado, então, neste momento ela se sentou e ao olhar pelas portas de vidro, ficou assustada, ao ver ele sentado na cadeira, apenas observando. Ela franziu a testa e pensou estar louca, mas que a semelhança com seu parceiro já estava além de simples coincidências.

CAPÍTULO V - A FOTO

Passou os dias pensando naquela cena, sentada olhando ao longe, e por mais que tentasse racionalizar como um simples ato, aquela sensação de intimidade desde o primeiro dia, lhe deixava inquieta. O dia foi

maçante, diversas situações burocráticas, e sua cabeça estava todo o tempo em casa. Pensou, diversas possibilidades de “testar” as coincidências, e assim ficar tranquila novamente. Sua secretária, queria

discutir quais as cores que deveria ser pintado o refeitório, e de uma maneira desdenhosa, disse-lhe que decidisse, pois estava com alguns problemas que exigiam sua concentração. Ela saiu um tanto triste, mas

no auge de seu egoismo, não valorizou. Ao chegar o horário de sua saída, ela como sempre se despediu de todos, e foi em direção ao estacionamento para pegar seu veículo. Chegando em casa, foi direto a gaveta do criado mudo, ao lado da sua cama, onde guarda vários álbuns

de família, procurou um específico, onde tinha uma foto especial. Seu amado companheiro, sentado a cadeira e olhando distante. Neste momento, pensou ter enlouquecido de vez, ao ver na foto a imagem do

dia anterior, mas mudando os personagens. Será possível, pensou ela, que um espírito humano possa fazer morada num animal? Louca, pensou ela, se seus funcionários soubessem o que se passava em sua cabeça,

estaria em péssima situação. Levou o álbum para a cozinha, sentou-se diante de seu prato, e começou a comer, quando de repente, algo lhe veio a mente. Mostrar as fotos a ele, que coisa idiota de fazer, mas ninguém saberia mesmo. Foi para o “relax”, ele ao se aproximar, ela abriu o álbum, ficou observando suas reações. No primeiro instante, pareceu normal, mas ao folhear as fotos, ele ficou interessado nas imagens, e quando chegou a uma foto do casal, ele latiu e colocou a pata sobre a foto. Era uma foto que o companheiro adorava, de uma viagem que fizeram a Campos do Jordão.

CAPÍTULO VI – Revelação

Naquela manhã, não restava duvidas de que algo estranho estava acontecendo. Ela não foi trabalhar, atordoada com os acontecimentos. Queria muito conversar com alguém, mas os filhos jamais compreenderiam, visto o tipo de comportamento que sempre teve, austera, correta e pouco dada a situações ou histórias “sobrenaturais”. Teve uma ideia louca, correu ao laptop, e começou a pesquisar “profissionais” nesta área, para questionar a possibilidade de algo assim estar realmente acontecendo. Encontrou uma pessoa, dentre muitas, que parecia ser de boa índole. Aproveitando o tempo vago, ligou e

marcou uma entrevista. Já eram mais de 15 horas do dia, quando uma mulher de aparência e vestimentas africanas, apareceu na porta para atendê-la. Ela então se sentou, e como que envergonhada, começou explicar que nunca acreditou e, neste momento foi interrompida pela senhora, que logo perguntou. Ela foi direto ao assunto, o que assombrou nossa protagonista. Ela afirmou, não apenas que era o marido, como ele havia voltado para auxilia-la numa questão que mudaria toda sua vida. Não tinha como não acreditar no que fora revelado, pois ela nunca tinha se quer ouvido falar desta pessoa, quantos mais, não havia comentado a ninguém os acontecimentos e suas suspeitas. Indagou a senhora sobre esta questão, sobre o que era, ou quando seria, mas nada foi dito. Apenas que tudo seria revelado no momento exata. Sem mais delongas, despediu-se da mulher, insistiu em pagá-la, mas houve uma recusa, até certo ponto indignada. Voltou para sua casa, sentou-se no sofá de frente a um quadro muito bonito, uma tela a óleo, onde podia se ver o mar e um veleiro, que lhe trazia muita paz, pois-se a pensar no porque, sendo que sua vida parecia fadada a um final sem grandes turbulências. Acabou adormecendo, no sonho, seu marido apareceu e teve com ela uma conversa, onde ele explicava que tudo ficaria bem, que ela era merecedora de tudo que viria, mas que ela mantivesse a calma durante a transição, acordou assustadíssima, e acreditando realmente estar enlouquecendo.

CAPÍTULO VII – Incredulidade

Após alguns dias, estava ela sentada na ante-sala de um neurologista, para fazer alguns exames, sobre sua situação física, pois acreditava que algo estava acontecendo. Após a consulta, sem proferir uma palavra sobre as reais motivações que a levaram até ali, recebeu a notícia de que tudo estava muito bem, apenas que havia detectado algo anormal em seu cérebro, e que precisaria de um acompanhamento, para eliminar qualquer risco. Acreditou ser este problema, a razão das suas

“conclusões” acerca de seu marido e seu cachorro. Seu filho mais novo, coincidentemente ligou, para saber como ela estava, e como sempre, respondeu sem pensar a frase mais proferida por ela, “estou excelente”, sempre omitindo tudo que poderia preocupar a quem quer que seja, especialmente seus filhos. Ficou contente com a ligação, sentiu-se renovada e viva, pois aquelas histórias estranhas ficavam reverberando em seus pensamentos dia e noite. Voltou a sua normalidade, exceto apenas pelo acompanhamento do problema detectado, mas resolveu

enterrar-se no trabalho de cabeça. Seus dois filhos, eram homens bem sucedidos, mas moravam distantes e tinham muito pouco contato.

O mais velho já era pai de duas meninas, e o mais novo apenas um filho. Ela se entristecia, pois com o passar dos tempos, não fazia parte da vida de seus filhos e muito menos de seus netos, e já havia quebrado

a cabeça para procurar meios para se aproximar, mas como deixar tudo que havia construído para trás, e não podia pedir aos filhos para que fizessem o mesmo, o jeito era conformar-se, aceitando aquela vida

como seu destino. Nunca foi uma pessoa de ter um ciclo de amizades

extenso, tinha sim duas grandes amigas, mas que também não moravam perto. As vezes pegava-se pensando onde havia errado em isolar-se tanto assim, a ponto de nunca ir a casa de alguém ou mesmo de receber alguém, seus passatempos preferidos, eram os filmes, caminhadas agora acompanhada de seu “cachorido”, como ela começava a chama-lo, sem muita convicção.

CAPÍTULO VIII – Solidão amiga

Sua vida era solitária, mas não triste. Era uma pessoa disposta, tinha inúmeros compromissos, não só do trabalho, mas também de algumas afazeres voluntários que se dispunha, como forma de agradecimento por tudo de bom que a vida lhe havia proporcionado. Toda semana, ela encomendava algumas dezenas de refeições e aos finais de semanas visitavas algumas casas e mesmo lugares onde mendigos viviam. Fazia as entregas, mesmo sendo aconselhada sobre o perigo desta exposição, ela nunca se deixou levar pelo receio, e fazia disso seu hobbie. Gostava das vezes, quando os beneficiados se dispunham a compartilhar algo sobre suas vidas, sendo algumas revelações de agradecimento emocionado por sua assistência, frente a uma vida repleta de privações e farta de bocas. Quando voltava para casa, quase anoitecendo, se sentia completa, e feliz por poder atenuar um pouco as dores dos atendidos. Após tomar um banho revigorante, ia ter seu merecido “relax”, e sempre na mesma ordem tudo se desenvolvia, em seguida sentava-se diante da TV, e escolhia um filme, na maioria das vezes dramas, e preferencialmente os épicos, com muito figurino e grandes atores. Adorava cuidar do jardim, suas preferidas eram as hortências, mais a diversidade das flores a fazia feliz, sempre aos domingos pela

manhã, dedicava algumas horas para conservação do mesmo. Geralmente cozinhava aos domingos, adorava pratos com massa, uma bela macarronada, lasanha. Descansava após o almoço, e em seguida saia para passear, tomava um sorvete, sentava-se num banco ou outro e ficava se deliciando com a paisagem. Ao voltar para a casa, se permitia um gosto, sempre tinha a geladeira suas trufas recheadas com morango,

minha perdição, dizia ela. Quando já era noitinha, preparava-se para dormir cedo, pois gostava de chegar toda segunda, revigorada e pronta para enfrentar a nova semana. Se sentia bem com sua companhia, mas

tinha muita saudade do filhos e netos. Contava os dias para as visitas, sempre preparada, um presente bem pensado, de acordo com a característica de cada um.

CAPÍTULO IX – O MEDO

Naquele domingo, foi dormir como de costume, por volta das 22 horas, refazendo o mesmo ritual de todos os dias, com os cremes hidratantes, pentear dos cabelos, os pensamentos, as orações, e sem saber exatamente porque sentiu a necessidade de uma companhia, e chamou seu amiguinho para dormir no chão do quarto. Ele como se soubesse exatamente seu papel, veio de mansinho e repousou-se no tapete, ao pé da cama. Ela olhou-o com carinho e admiração, sentiu-se segura, então recostou-se ao travesseiro. Tudo estava em seu devido lugar, adormeceu. Acordou assustada, uma dor de cabeça intensa, que impedia-lhe de abrir os olhos, começou a ver vultos de pessoas, um burburinho, sendo levada rapidamente a algum lugar, mas não compreendia exatamente o que se passava, após sentir uma picada no braço, voltou adormecer. Abriu os olhos, tudo estava dolorido, cabeça, braços, pernas, uma sensação de estar drogada, incapaz de entender o tudo que se passava a sua volta, apenas vultos, e algumas vozes que lhe pareciam conhecida. Virou levemente a cabeça para os lados e começou a entender que estava num hospital, mas não sabia porque e como havia chegado até ali. Neste momento uma voz conhecida lhe falou ao ouvido carinhosamente. Ela teve certeza de que era seu filho mais velho. Ficou emocionada e então foi abraçada e tranquilizada quanto a sua situação. As pessoas começaram a entrar no quarto, uma a uma ela foi

reconhecendo, seu outro filho, noras e netos. Que alegria sentiu , a ver todos ali, embora estivesse entorpecida, não se valeu disso para perder sequer um minuto daquela alegria. Após recobrar os sentidos, um médico veio ter com ela, uma conversa, para colocá-la a par de sua real

situação. Disse-lhe que ela havia sido acometida por um acidente cardiovascular “AVC”, e que milagrosamente foi atendida a tempo, permitindo uma intervenção cirúrgica capaz de lhe salvar a vida, e

também impedir que lhe deixassem sequelas. Ele informou que entrou em contato com o neurologista, que prontamente lhe passou seu diagnóstico, o que tornou a intervenção mais objetiva e satisfatória. Ela

agradeceu ao médico pelo ótimo atendimento, mas não entendia como aquilo havia sido possível, visto estar sozinha no momento do acontecido. Já se recuperando, indagou ao filho, como eles ficaram sabendo do acontecido, e o mesmo disse, que após sua ligação não dizendo uma só palavra, ficou preocupado e pediu ao seu amigo, que morava próximo, para que fosse até sua casa, para comprovar se estava tudo bem. Ele encontrou as portas abertas, e achou estranho, mas adentrou a casa, ao chegar ao quarto, a viu passando mal, prontamente chamou o socorro, o que lhe salvou a vida. Ela ouviu tudo em silêncio, e começou a lembrar-se de que naquela noite como em todas as outras, havia trancado as portas, e como evitava o uso do celular o deixava em outro comodo para não ser perturbada durante seu sono. Pensou como seria possível ela, vitimada de um “AVC” levantar-se, e ir até a cozinha, pegar o celular, fazer uma ligação, abrir as portas.

CAPÍTULO X – Conclusão

Depois de semanas no hospital, teve alta, e durante todo este período, estava preocupada com seu cãozinho, pensou em quem estaria alimentando-o. Fez este questionamento ao filho, que estranhou a

pergunta visto que na casa não havia nenhum animal. Ao chegar em casa, chamou pelo companheiro, e nada. Nenhum vestígio. Pediu muito preocupada ao filho, após passar as características do cachorro, que

ele fosse procurá-lo, pois era muito importante encontrá-lo. O filho seguiu o pedido da mão e foi de porta em porta perguntar se havia alguma notícia que poderia levá-lo ao paradeiro do animal. Depois de ouvir todas as negativas, voltou e relatou a mãe que não havia nada, ninguém sequer sabia da existência do distinto. A mãe não se conformava com a perda, era consolada pelos netos, que vieram passar uns dias em sua casa, para auxilia-la na recuperação. Depois de uma semana da saída do hospital, os filhos se reuniram e resolveram tomar uma decisão. Sentaram todos a mesa, os netos, noras e seus filhos. O mais velho, se dirigiu a mãe dizendo que depois de resolver com o irmão e esposas, iriam todos se transferir para a cidade da mãe, que não

deixariam mais ela sozinha. A mãe sabia o que significava aquela atitude, visto que ambos resolveram morar na mesma cidade há anos, e tinham se esforçado muito em suas carreiras, haviam conhecido as

esposas e criado os filhos até então nesta cidade. A mãe muito emocionada, mais uma vez pensou, o quanto agradecia por mais esta graça, abraçou os filhos, choraram todos juntos, depois riram e assim ficou certo. Ao se deitar para dormir naquela noite, além da grande demonstração de amor que ela tinha recebido, algo lhe incomodava. Lembrava com frequência, do seu marido, e de seu novo amigo, e se

perguntava, o que tudo aquilo significava. Envolta nesta mística dos acontecidos, ela gostaria de saber que fim tinha se dado com o animal. Em pensamentos acabou adormecendo, e neste sono, um sonho lhe

acometeu, onde seu marido abraçou-a, e com lágrimas no olhos disse-lhe, que sua missão estava completa. Ele tinha sido incumbido de participar da reaproximação de sua família na forma de um cachorro. Todos sabiam, que algo era necessário acontecer, para reaproximar vocês, que estavam presos as suas vidas e aos bens materiais e emocionais. Então, eu fiz a ligação, eu abri as portas, sob a ordem de

uma entidade superior. Embora vocês se amassem, estavam dando segmentos às suas vidas de maneira equivocada, por todo bem que você praticou em toda sua vida, eles acharam por bem, a necessidade de

juntá-los. Disse a ela uma última frase no sonho. Não perca mais um segundo de sua vida. Ela acordou, assustada, agradecida e decidida.

No outro dia, durante o café da manhã, ela fez questão de reunir todos e anunciar, que iria pedir sua aposentadoria, venderia a casa e iria morar próximo aos filhos, pois entendia isto ser o melhor para todos.

FIM

RRSabioni
Enviado por RRSabioni em 22/01/2018
Reeditado em 29/09/2020
Código do texto: T6233298
Classificação de conteúdo: seguro
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