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MEU SONHO É VOCÊ
 
            Corria pelos campos qual gazela, entre arvoredos escondendo-se de alguém. Deitava-se na relva, cansada, nessa brincadeira que criara em suas fantasias de menina. Já não era tão menina, mas  uma bela jovem de cabelos da cor do sol quando se recolhe no horizonte. Ainda gostava de correr pelos campos imaginando-se criança. Para que crescer, ser adulta? Para que a responsabilidade de ser... ser o que? Para quem e para o que? Pensava assim enquanto voltava pelo mesmo caminho. Havia marcas de seus passos por ali.
            Cada pedra poderia falar dela e de seus sonhos. Viam-na passar todos os dias, àquela hora de seu folguedo, tão habituados em vê-la que poderiam contar sua história. Ainda andava descalça, como se a terra a alimentasse de energia. Bebia água do regato, tão pura que mais parecia cristal líquido deslizando sobre as pedras coloridas. A natureza brindava-a com tanta beleza que ela se embevecia a desfrutá-la!
            Foi assim que ele, um estranho jovem, a viu e se sentiu enfeitiçado pela sua doçura e beleza. Aquele estranho, que ninguém sabia de onde vinha, aproximou-se dela, sentando-se ao seu lado. Percebeu-a tão doce, ingênua e fez, daquele, um encontro diário, ganhando-lhe a confiança a simpatia. Amou-a! Ela o amou também!
            Pouco tempo depois, o jovem se foi, dizendo-lhe que o esperasse, pois voltaria. Meses se passaram e nasceu-lhe a filhinha, tão bela quanto ela, de cabelos da cor do sol quando se recolhe no horizonte! Gostava de andar descalça como a mãe e correr por entre o arvoredo, dando risadas como se brincasse com alguém. Deitava-se à relva fresca...bebia água do regato...
            Sua filha, agora donzela, observava-a todos os dias ao sair descalça, beber a água do regato e se deitar na relva fresca, olhando ansiosa para além do arvoredo e das colinas, como se estivesse à espera de alguém! Pensava enternecida em como sua mãe era bonita! Fazia as mesmas coisas que ela, embora seu olhar fosse, às vezes, distante. Perguntou-lhe o porquê! A mãe respondeu:
            _"Não é nada! Apenas penso em um sonho."
Retrucou,  então:
            ­_"Para onde se foi este sonho?"
A mãe olhou-a intensamente e respondeu com carinho:

            _"Ele não se foi! Ele vive em você!"

Najet Cury, Abril de 2016. Editado em Janeiro de 2018.


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Najet Cury
Enviado por Najet Cury em 15/01/2018
Reeditado em 15/01/2018
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