A CORRESPONDENTE

Cecília era correspondente de um telejornal brasileiro na cidade de Londres, sendo responsável pela chefia da sucursal britânica.

Estudou Jornalismo e Cinema no Rio de Janeiro, numa universidade federal, nos anos 90 do século XX, estagiando em vários veículos de comunicação. Aplicou-se no estudo de novos idiomas, fazendo traduções de livros e dublando filmes americanos.

Por fim, consegue entrar num grande canal de televisão, recebendo proposta excelente: apartamento e carro a sua disposição fora do Brasil, nos primeiros sete anos do século XXI. Seus pais, médicos cariocas, têm Cecília como filha única. Foi criada sozinha num apartamento em São Conrado, enfrentando uma adolescência de muita leitura e isolamento do restante dos amigos.

Cecília não gostava do Brasil. Seu sonho era morar na Europa, pois havia realizado intercâmbio. Era muito bonita, mas fazia de tudo para esconder a beleza, mantendo ar de mulher intelectualizada.

Em Londres, solteira, só vivia da casa para a empresa e da empresa para, às vezes, dar uma passada num "pubbie", no qual alguns brasileiros frequentavam.

Cecília um dia é acordada de madrugada, por uma de suas jornalistas, avisando que um brasileiro estava preso por suspeita de terrorismo:

- Alô? Cecília; corre para Scotland Yard, tem um furo lá....

Cecília escova os dentes, toma banho e coloca seu casaco, pois Londres estava nevando.

Chegando a estação de polícia às 9 da manhã fria londrina, Cecília procura os detetives e pede uma entrevista com o acusado, que lhe é concedida, pois a embaixada brasileira intercede em favor do canal de TV, para que sejam passadas informações aos brasileiros.

Cecília começa a entrevista:

- Como é seu nome?

- Meu nome é Paulo, estava passando perto do bar que explodiu e eles me prenderam depois. Parece cena do filme O Nome do Pai, o que eu estou vivendo.

Cecília faz mais perguntas e junto com a intervenção do embaixador brasileiro, retiram a acusação do rapaz, que, além de tudo, estava sem visto. O embaixador pede para conduzir o rapaz, e Cecília oferece a ele uns dias no seu apartamento, pois morava só.

Paulo, de 21 anos, um carioca morador da Cidade de Deus, era um rapaz muito bonito também. Moreno, de olhos amendoados e cabelo raspado, tinha 1,88 e um corpo esbelto.

Cecília pede para que ele não saia do apartamento até que seja dado o processo de deportação.

Porém, num dia de folga de Cecília, ela almoça com Paulo, no seu apartamento, onde o rapaz cozinha uma feijoada. Começam a se conhecer mais. Percebe em Paulo um talento para o violão, que ela tinha no apartamento.

Cecília: - O que te trouxe a Londres, Paulo?

Paulo: - Eu quero ser músico. Amo Bruno Mars e percebi que aqui na Europa há uma admiração pela música brasileira. Tenho composições - eu adoro bossa nova e blues.

Paulo começa a tocar para Cecília, que começa a perceber que está na hora de abrir um canal para que seus sentimentos venham à tona - sentimentos irracionais de amor de uma mulher por um homem.

Cecília, após Paulo tocar Chega de Saudade, de Tom Jobim, coloca-se a dar um beijo no rapaz, que termina na cama de Cecília, num momento único de amor - com neve de Londres a cobrir a janela que está toda embasada de calor dos corpos dos amantes.

Cecília coloca sua carreira em risco, pois usa sua influência para conseguir visto para Paulo, alegando que tem união estável com o rapaz - desagradando a sede da TV. Paulo, porém, não contou para Cecília que tinha namorada e filha de 2 anos no Brasil, que ela fica sabendo ao fuçar e-mails do rapaz passados do seu computador.

Mesmo assim, Cecília, magoada, não consegue tirar Paulo do coração. Paulo sai da casa de Cecília, para tentar a vida em Madri, pois Cecília tem uma briga séria com ele.

Cecília viverá entre a vida intensa da redação e a insônia de pensar em Paulo...

Cecília, sabendo que Paulo volta para o Rio, pede transferência para a Cidade Maravilhosa, pondo-se a caçar o rapaz na Cidade de Deus, o que a leva a uma nova visão sobre o Brasil. Apaixonada está Cecília, por um mulato bossa nova, que toca, agora, em bares da Zona Sul do Rio, para tentar sustentar sua filha de 2 anos.

LUCIANO DI MEDHEYROS
Enviado por LUCIANO DI MEDHEYROS em 10/01/2018
Reeditado em 11/04/2020
Código do texto: T6221740
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