The Love Between Us: 14- Você a ama ou não?
Thomas chega a sua casa já à noite, ele procura por Megan, mas não há sinal dela. Ao decidir ir até o quarto que ela costumava ocupar, ele acaba por encontrar no balcão da cozinha a câmera, que havia dado a ela de presente de natal, junto com um bilhete.
Eu gostaria de lhe agradecer de todo meu coração por ter me acolhido no momento mais difícil da minha vida e por essa razão sinto muito por ter de fazer dessa forma, mas tem de entender que seria muito difícil fazê-lo pessoalmente.
Não sou eu quem lhe deve desculpas, mas ao pensar no que escrever essa palavra sempre acaba surgindo na minha mente. Talvez o jeito inglês esteja me afetando. Então, desculpe por devolver o presente, isso foi feito pelo mesmo motivo de não estar aí nesse momento lhe dizendo essas coisas.
Posso afirmar que vivi dias de sonho nessa casa, porém devo voltar a minha realidade. E você voltar a sua. Os questionamentos do porquê de ter me ludibriado dessa maneira sempre irão rondar, no entanto prefiro que me faça o favor de não aparecer mais na minha frente.
Adeus.
Megan.
Ele ainda entrou no quarto que estava todo arrumado, sem nem sinal das roupas dela ou dos brinquedos do Mouris. Thomas sentou na cama com um aperto no peito no qual nunca tinha sentido igual. Lágrimas rolaram molhando o papel do bilhete que acabara de ler.
A vida dos dois foi continuando separadamente. Megan estava tão focada no trabalho para não pensar em sua dor que acabou conseguindo uma promoção. Nada muito grande. Não conseguiu a sala própria que Viola e ela tanto falava, mas o salário aumentou e o espaço dos seus artigos também. Até seu livro estava quase pela metade agora.
Thomas havia estreado sua peça e, como era de se esperar, foi um sucesso de crítica e público. Ele se via entre reuniões com diretor e roteirista de uma série que irá gravar em Londres mesmo. No entanto sua tristeza ainda era percebida pelos mais próximos, principalmente a família. Por não aguentar mais vê-lo assim, seu pai decidiu ir trocar uma ideia.
Em um domingo, eles sentaram no jardim tomando um chá com biscoitos, ouvindo uma música suave e assim não teve como evitar as perguntas.
-Você sente falta dela, não é?
-O tempo todo.
-Vá atrás dela.
-Eu não sei pra onde ela foi.
-Descubra.
-Não é tão simples, pai. Megan é muito teimosa, ela nunca me escutaria e mesmo se escutar não vai acreditar em mim.
-Você só precisa fazer uma coisa, filho: pergunte a si mesmo se você ama essa mulher. Feche os olhos e imagine o resto da sua vida com e sem ela. Então, dê um jeito de acha-la ou siga em frente. Seja lá qual for a sua escolha é melhor decidir rápido.
Thomas pensou bastante a respeito. Ele passou horas imaginando várias versões do seu futuro e lembrou um pouco do passado como forma de comparação.
Na segunda, ele passou o dia muito ocupado, porém quando já era quase o horário de encerrar o expediente da revista, Thomas se desculpou e, pela primeira vez na vida, abandonou uma reunião importante.
Perguntou por Megan na recepção da revista, porém ela passou mal e teve de sair mais cedo. Ele ficou desapontado até mesmo porque poderia não ter esse rompante de ir atrás dela mais uma vez. Entretanto, a vida ou o destino, vocês escolhem, deu um singelo empurrão. Ao se virar, ele viu Viola conversando com um colega.
-Com licença. Você se chama Viola?
-Sim, quem pergunta? – Ela fica sem palavras ao vê quem estava ali. – Thomas Norman! Se você está procurando pela Megan...
-Ela não está. Eu sei.
-O que quer?
-Onde ela está morando?
-Se ela não colocou algum endereço naquele bilhete, então não quer ser encontrada por você. Por que eu deveria te contar?
-Posso te pagar um café? – Ela parecia indecisa. – Por favor, Megan nunca me deu a oportunidade de me explicar.
-Concordo que deveriam, pelo menos, ter conversado antes dela fugir. Ok. Um café. E não significa que sairá de lá com o endereço. Terá de me convencer primeiro.
Em uma cafeteria próxima, Thomas explicou para Viola sobre ter sim namorado a Heather, mas o namoro sempre foi instável. Ele pensava que talvez estivesse com ela apenas para não ficar completamente sozinho. A profissão dele parece muito glamorosa, no entanto é bastante solitária. Também contou ter terminado com a tal namorada logo após o dia em que beijou Megan.
-Não a convidou mesmo para o réveillon na sua casa?
-Não. Heather só ouve o que quer. Pra ela nossa conversa foi só mais uma de tantas outras sem importância. Depois de ter me beijado, eu olhei ao redor e não vi a Megan. Torci para ela não ter visto e levei a Heather ao escritório. Ela só entendeu tudo depois de eu contar a respeito da Megan.
-Hmm. Olha, não sei um motivo para mentir pra mim, mas ainda não me convenceu.
-Eu estou falando a verdade.
-Você ama a Megan?
-Er... Eu...
-Tom, minha amiga já passou por muita coisa e não quero vê-la sofrendo por alguém de novo. Portanto é melhor ter certeza dos seus sentimentos. Não quero que ela perca tempo com algum carinha bonitinho e famoso que apenas não consegue admitir ser abandonado.
Viola vendo a indecisão no rosto dele decide ir embora.
-Eu não sei o que sinto. – Ela parou o olhando. – Quero dizer, quando se ama alguém você sabe, não é?
-Ás vezes pode ser bem confuso. – Ela voltou a sentar-se.
-Eu só sei que eu acho o mau humor matinal dela muito divertido, adoro aquele gato... E quando ela sorri de verdade tudo se ilumina.
-De verdade?
-Ela sorri por várias razões: por não entender algo, por nervosismo, por achar algo bobo ou fofo. Nesse último caso além de sorrir ela morde o lábio inferior. Adoro quando ela dança do nada em lugares inesperados.
-Oh isso já me fez passar vergonha. – Os dois sorriem. – Sem falar na ambiguidade dela. Em um segundo falando de assassinatos, canibalismos e no outro reclamando de um bandido ter sido violento com a vítima.
-É, ela faz isso. Você já a viu chorando em algum filme? Estávamos assistindo a esse filme e chorei quando o casal se separava. Ela ficou: por que diabos está chorando? E eu: eles estão se separando, isso é triste. Ela fez uma careta: eles estão se separando porque ela é doida e ele orgulhoso. Isso não é triste. Isso é revoltante.
-Ela só chora se for algo de ruim acontecendo com seres inanimados e animais. Com a raça humana ela não se emociona. – Viola pegou um papel e escreveu o endereço. – Você me convenceu. Ela vai ficar com ódio de mim, então não faça eu me arrepender disso.
-Obrigado! Você não irá.
Viola deixou o local um pouco temerosa pela futura reação da amiga, mas não se importava com a briga que viria, pois sabia que estava fazendo um bem maior.