Adeus
Foi numa sexta feira às 15h e alguns minutos que ela deixou de existir. Estava morta, para ele. Não foi uma decisão fácil de ser tomada, mas fora necessária. Depois de ouvir as palavras que saíram da boca dele, penetrarem em sua pele como agulhas, ela parou por um minuto sem saber como reagir, ela não respondeu, apenas abaixou a cabeça e saiu. No caminho para casa tudo que consiga pensar era naquelas duras palavras que acabara de ouvir, mas ela não se sentia triste, pelo contrario, ela sabia que merecera ouvir cada uma daquelas palavras. Elas além de agulhas foram como um tapa na cara, um tapa na cara que ela estava precisando há muito tempo.
Tudo começou há seis anos numa festa, a qual hoje em dia ela sabia que nunca deveria ter ido, ele a viu, e até onde ela sabia, ele se encantou; ele a viu, mas ela não o viu. E foi aí que veio a sequencia de erros que os levou até o acontecimento de sexta feira às 15h e alguns minutos. Ele a viu naquela festa e isso bastou para que ele se encantasse e decidisse que ela seria dele em algum momento. Ela não o viu, porque tinha outro em mente, o coração dela há muito pertencia a outro, que, diga-se de passagem, não dera a ela seu coração, mas isso não a impediu de tê-lo sempre em mente.
Ele estava decidido, ela seria dele em algum momento, por isso tratou logo de se aproximar dela, como amigo no início, os dois trocaram telefone e ele começou a mandar mensagens, os dois foram se aproximando e ele começou a demonstrar seu verdadeiro interesse, por mais que ele gostasse da amizade dos dois, isso já não era suficiente. Ele começou então a deixar claro que queria sair com ela, que queria ficar com ela. Ela, por outro lado, havia nutrido um sentimento muito puro de amizade por ele, pois o coração dela já tinha dono, e apesar de todas as investidas dele, ela não podia se deixar envolver, não seria justo com ele, ela gostava de outro.
O tempo passou, e ele continuou a nutrir por ela, os sentimentos que ela nutria pelo outro, eles continuaram como amigos conversavam sempre, e até saíram e ficaram algumas vezes, ela por alguns momentos decidia dar a ele uma chance, mas quando voltava para casa e colocava a cabeça no travesseiro, ela não conseguia parar de pensar no outro, mesmo sabendo que ele, aquele com quem ela havia saído era a pessoa certa pra ela. Mesmo com o passar do tempo ela não conseguia esquecer o outro, ela tentou por muitas vezes, chegou a sair com outras pessoas, mas era sempre a mesma história, assim que ela ficava sozinha em seu quarto aquele de quem ela gostava voltava a sua mente.
O tempo continuou passando e foi aí que ela cometeu um grande erro, o segundo na sequencia da história deles, ela finalmente decidiu aceitar que o outro nunca daria a ela o coração dele, e foi assim que ela decidiu dar uma chance de verdade, para aquele que ela conhecera na festa um tempo atrás. Pena que ela tomara essa decisão no momento errado, ela esperou demais, esperou tanto que o coração dele já pertencia a alguém. O coração que um dia pertencera a ela, pelo menos era o que ela acreditava, agora pertencia a outro alguém.
Ela esperou demais, tanto que perdeu a chance de pela primeira vez dar seu coração a alguém que cuidaria bem dele. Alguém que o quisesse. Esperar demais foi um erro, um grande erro, mas ela não podia se fechar para vida novamente como no passado, ela decidiu seguir em frente. E foi por conta dessa decisão que ela conhecera alguém. Ele a viu e dessa vez ela o viu também. Finalmente ela encontrara alguém, depois de tantas desilusões e de perder uma grande chance com aquele da festa.
Dois anos se passaram, ela estava feliz, estava apaixonada e pela primeira vez seu amor era correspondido. Ela, porém sentia falta das conversas e mensagens com aquele alguém da festa, eles não se falavam tanto quanto antigamente, muita coisa estava diferente, ela estava e com certeza ele também. Eles nunca deixaram de se falaram completamente, mas as conversas foram ficando cada vez mais raras e esporádicas. Os dois estavam felizes com seus respectivos “alguéns”.
Um tempo depois o relacionamento dele terminou, o dela continuou, as conversas voltaram a ser um pouco mais frequentes nada comparado ao inicio, mas já era alguma coisa. Ela gostava de saber que podia contar com ele, alguns assuntos ela dividia apenas com ele. O porquê ela não fazia ideia e nem importava muito, o importante mesmo é que eles estavam conversando de novo. Ele sempre foi importante pra ela, de um jeito que ele talvez nunca entendera e um jeito que ela nunca soube explicar.
Aqui estamos seis anos depois os dois se reencontraram, ele não tinha alguém, enquanto ela continuava com o alguém que correspondeu o seu amor, já fazia quatro anos. Ela ainda o amava muito, mas o relacionamento já não era o mesmo de antes, os planos de futuro dos dois não eram mais tão parecidos e isso enfraqueceu um pouco o relacionamento, trouxe muitas dúvidas e confusão para a cabeça dela. Ele estava presente, e mais uma vez ela se abriu com ele e dividiu com ele suas dúvidas e inseguranças. Ele estava lá para ela, como sempre esteve mesmo durante o tempo que eles não se falaram muito. Ele a ouviu, disse a ela o que ela precisava ouvir, mas ela sempre foi teimosa.
Ela morria de medo de mudanças, ela demorou tanto para gostar de alguém e ser correspondida, não fazia sentido terminar e não ficar para sempre com o único alguém que recebeu o coração dela e não o despedaçou, mesmo sabendo que eles estavam caminhando para direções diferentes, ela não podia aceitar aquilo, ela o amava, ele a amava, isso deveria bastar.
Ele mesmo sem intenção trouxe mais dúvidas para a cabeça dela, ele mexeu com os sentimentos dela. Ele mostrou para ela um caminho que ela não conhecia, ela gostou, mas isso não a impediu de ter medo, de sentir culpa, afinal ela sentia que estava fazendo algo errado, era bom, mas era errado. Ela não sabia mais o que querer, nem o que fazer, ela não estava sabendo lidar com a situação e buscou nele um abrigo, respostas, algo que pudesse ajudá-la a tomar uma decisão, mas ele não tinha tempo para todo aquele drama, ele estava cansado de todo aquele drama, toda aquela indecisão dela, ele deixou isso claro, mas ela fingiu não ouvir. Por isso, ela precisou daquele tapa na cara, naquela tarde de sexta feira, ela passara dos limites. Ele nunca havia falado daquele jeito com ela, mas foi necessário.
Depois daquela sexta feira, ela tomou uma decisão, fez uma promessa a si mesma, quebrou-a durante a noite, pegou com ele aquele caminho de novo, pela última vez. Do dia seguinte em diante, porém ela estava decida a não mais quebrar a promessa, ela o deixaria em paz, ela precisava deixa-lo partir, seguir em frente, seguir seus planos, que também eram diferentes dos dela. Ela ainda está muito confusa em relação a seus sentimentos, ela ainda não tem certeza do que fazer, do que querer e de qual caminho seguir. Ela não sabe se ela e seu alguém têm um futuro, se eles darão certo, se eles conseguirão chegar a um plano de futuro parecido. Ela não tinha certeza de nada.
Algumas perguntas, porém não saíam da cabeça dela, perguntas que ela não conseguia responder, será que ele, aquele da festa, aquele de seis anos atrás era a pessoa certa para ela? Se sim, por que ele sempre apareceu em sua vida no momento errado? Será que um dia eles vão se reencontrar no momento certo e ficar juntos? Será que existe mesmo essa coisa de momento certo, pessoa certa? Será que tudo bobeira? Ou será que não era para ser? Eles nunca vão saber como seria se eles ficassem juntos? Ou será que nunca foi para eles ficarem juntos? Será que tudo tem seu tempo? Bom, ela não tinha respostas para nenhuma dessas perguntas e talvez nunca tenha, mas isso só o tempo vai dizer.