UMA DECLARAÇÃO INESPERADA
A noite de 1953 estava estrelada. O jovem casal modesto saia do restaurante de mãos dadas. Ele acompanhou a moça até em casa. Na varanda do portão de entrada, ele disse a ela que precisava lhe dizer uma coisa importante. Após seis semanas de namoro, ela aguardava a bela declaração de amor: algo verdadeiro, romântico, singelo...
Ele respirou fundo, olhava para os lados, para o chão e então para os olhos verdes da formosa donzela, dizendo: “Bom... eu... eu...”. Enquanto isso, ela olhava para ele sorridente sabendo o quanto ele era tímido, mas, mesmo assim, esperando que, por fim, ele conseguisse lhe dizer aquelas palavras.
Naquele momento o leve sopro dos ventos fez os longos cabelos dela balançarem, ela levantou uma das mãos para tirá-los de sua face. Ele pausou toda aquela tentativa de dizer alguma coisa e contemplou aquela cena, admirado. Distraindo-se, no seu êxtase apaixonado, ele se aproximou do rosto dela e acabou deixando escapar uma declaração inesperada:
“Não consigo ver você, por um segundo, sem imaginar te dar um beijo... O meu desejo é te abraçar... Na verdade, o que eu quero mesmo é te apertar debaixo de um lençol sobre a minha cama! Não paro de pensar em tocar cada centímetro do teu corpo e fazer amor contigo durante toda uma noite de primavera! Nada vem em minha mente agora a não ser fazer de você minha... minha mulher! ...”.
Ela arregala os olhos e franze o semblante surpresa. Ele fica nervoso e abaixa o rosto arrependido esperando um insulto. Um breve silêncio acontece. Ele esfrega as mãos tentando pensar em algo que revertesse a situação, então diz: “Por favor! Me perdoe eu...” Mas, nesse instante, ela o interrompe e ele se surpreende ao ouvir ela dizer: “Eu aceito!”. A troca profunda de olhar acontece. Ele sorri aliviado. Ambos sorriem e se despedem.
Eles resolveram se casar na primavera daquele mesmo ano.