O Santo casamenteiro de Zé Brejeiro
Bons ventos um dia chegam
Trazem mudanças e realizações,
sonhos e desejos
Chamo-me Zé Brejeiro
Atualmente, moro no Rio de Janeiro
Eis que um dia, numa das costumeiras noites nos bares,
Lembrei-me bem jovem,fazendo amor num celeiro
Quando ainda morava com meus pais na fazenda e fazia umas de jardineiro
Ah! como haviam bons ventos...
Traziam-me garotas e passeios
Sempre muito faceiro
Fui um bom companheiro
Até que veio emprego e até Santo casamenteiro
Imagine eu? um belo boêmio
Morava então no Rio de Janeiro
E, logo após o trabalho
Já incorporava o "Zé brejeiro"
Rodeado de garotas até do estrangeiro
Encantavam-se muito com meus galanteios
Mas o tempo passou
E aquela dama especial se aproximou
Muito delicada e tímida, pediu uma bebida
Sonhadora mas objetiva,
Logo explicou que era Argentina
E estava a passeio no
Rio e na Bahia
Veio com a família, apenas passar uns dias
Mas logo voltaria, pois pensava em cursar Medicina
E disse que voltaria para participar de projetos de voluntariado, muitos planos ,
idéias de alunos jovens ainda
Eis que como nunca planejado ainda, o tal Santo casamenteiro
seu predestinado trabalho então se cumpria
Convidei a bela jovem
para um passeio pela Baía
Disse-me então, que se eu tivesse um bom terno, estava eu convidado para um jantar de despedida
Mas logo alertou-me do jeito do pai, Doutor em cirurgia
Chamava-se Sofia, minha bela amiga
Sofia então sugeriu-me dizer aos pais que uma Faculdade eu também faria
Oh Deus! Como iria atuar nessa mentira?
Mas, a essa altura, Sofia era tudo que eu mais queria
Achei que logo aquilo acabaria
E nunca mais veria tão doce guria
Chegando no jantar, logo pus-me a prosear com o chefe do lar
Timidez eu não sofria, bastava fazer o que Sofia me pedira
O Doutor e sua esposa logo já me indagaram, qual curso eu pretendia
Eles falavam bem o Português
Não tinha como falar mentira
Então disse-lhes: - Olhem, vou falar o que não deveria
É linda e doce sua filha
Mas minha vida é na Bohemia-
Sofia então, pediu a voz - eram muito comedidos e cheios de manias- e bem
convicta disparou:
- Papai amo-lhes muito, mas este jovem autêntico me cativou,
pois pedi para mentir-lhes sobre o futuro, e ele não vos enganou
Vê-se que nos estudos realmente nunca se interessou
Os pais um tanto intrigados
Com tamanha sinceridade de Zé
Que até sem palavras o Doutor ficou
Passaram-se uns anos e Sofia e Zé encontravam-se sempre na Cidade Maravilhosa
E Zé até ajudava no voluntariado que Sofia se matriculara
Eis que Zé, sem nunca pedir nada à Sofia sobre futuro,
Uma vontade natural o tocara
E logo numa Faculdade de Medicina se matriculara
Ninguém dos bares acreditara
Aquilo já havia virado conto de fadas
Então o casamento enfim naturalmente se realizara
Numa Igreja brasileira, perto de onde Sofia estudara
O casal teve filhos
E construíram um Lar para desamparados
Os pais sempre os visitavam
Já num estilo abrasileirado
Muito felizes estavam.
Adriana Fernandez / Conto fictício
2017