O beijo e o rouxinol

Ao meu despertar ouvi um rouxinol...

Ele cantarolava e brincava à se banhar.

Eufóricas piadas cantantes e a vida...

Reluzentes, quais mostravam a alegria do brincar.

Isto instigou-me...

Eu corri, saí no quintal, peguei a mangueira com água à jorrar.

Ai-ai...

Estava vivendo a vida.

Voltei à infância...

Sendo uma mulher.

Um banho...

Molhado e deslizando, na pele.

Na pele...

Deslizando molhado, um banho.

A água...

Fresca, irresistível e molhada.

Molhada...

Irresistível e fresca a água.

Ducha...

Gostosa caindo feito gotas de chuva.

De chuva...

Caindo gostosa feito gotas de ducha.

Mangueira...

Brincadeira feita sempre com água e emoção.

Emoção...

Feita na brincadeira com água e mangueira.

Eu...

Feito o rouxinol, estava à brincar.

O rouxinol...

Feito eu, estava à brincar.

Então, a vida...

Invadiu-me.

Um cheiro de telha molhada...

Voltei no tempo e senti o seu chegar.

Lembrei-me do teu beijo...

Eu não beijo há tempo.

Beijar sem paixão...

Eu não beijo, não.

És igual à comer algo vazio...

Não alimenta em nada, nem na imaginação.

No meu quintal...

Passam muitas estações.

No outono, às folhas caem...

Mas, não os teus beijos das árvores.

Beijo, água, chuva e amor...

Eu desejo no meu meu quintal.

No inverno, és muito frio...

Perfeito para ganhar abraços seguidos de beijos.

Beijo, água, chuva e amor...

Eu desejo no meu meu quintal.

Na primavera...

As cores, flores, rosas, aromas me envolvem, mas não ganhei um só beijo.

Beijo, água, chuva e amor...

Eu desejo no meu meu quintal.

Então...

Olho para um lado...

Eu vejo o rouxinol, à me observar.

Olho para cima...

Eu vejo o céu com um azul infinito, à brilhar.

Olho para frente...

Eu vejo a mangueira com muita água, à jorrar.

Olho para trás...

Eu vejo enraizada ao chão a árvore e seus galhos, à balançar.

Olho para baixo...

Eu vejo o meu reflexo sozinho na água do chão, à chorar.

Tenho à frente, só mais uma estação.

O verão, és tão quente, ensolarado e perfeito...

Para na chuva, no mar, no chuveiro, na água com mangueira, a gente beijar.

Beijo, água, chuva e amor...

Eu desejo no meu meu quintal.

Molhado na chuva...

Beijo, beijo, beijo é o meu desejo.

O rouxinol e o beijo...

Assistem a minha renúncia em viver.

O beijo e o rouxinol...

São reflexos, da minha vontade em viver.

São reflexos da minha vontade, em viver...

O rouxinol e o beijo.

Eu não tenho...

O beijo e nem o rouxinol.

Pois, ao me ver triste e à chorar...

O rouxinol, se pôs à voar.

Erika Schmidt Gasbarro
Enviado por Erika Schmidt Gasbarro em 13/10/2017
Reeditado em 13/10/2017
Código do texto: T6141428
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